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Marina declara voto em Haddad

23 de outubro de 2018

Candidata da Rede à Presidência no primeiro turno diz que considera um dever ético e político se manifestar sobre o segundo turno e destaca que consciência cristã pesou na definição de seu voto.

Marina Silva
Marina Silva declara “voto crítico” em HaddadFoto: Reuters/N. Doce

A candidata da Rede à Presidência Marina Silva divulgou nesta segunda-feira (22/10) que vai votar no presidenciável do PT, Fernando Haddad, no segundo turno. A ex-ministra afirmou que dará um "voto crítico” ao petista e que tomou a decisão diante do "risco iminente" de ações defendidas pelo candidato Jair Bolsonaro (PSL).

"Darei um voto crítico e farei oposição democrática a uma pessoa que, ‘pelo menos' e ainda bem, não prega a extinção dos direitos dos índios, a discriminação das minorias, a repressão aos movimentos, o aviltamento ainda maior das mulheres, negros e pobres, o fim da base legal e das estruturas da proteção ambiental, que é o professor Fernando Haddad", afirma Marina.

Na nota divulgada nas redes sociais, a ex-ministra afirmou que considerava um dever ético e político se manifestar sobre sua posição em relação ao segundo turno e destacou que fará oposição independentemente do candidato que ganhar as eleições.

Ao detalhar os motivos que levaram o apoio a Haddad, Marina disse que vê no projeto político de Bolsonaro risco em três princípios que ela considera fundamentais: a proteção ambiental, o direito das diversidades existentes na sociedade e as regras democráticas.

"Chega ao absurdo de anunciar a incorporação do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura. Com isso, atenta contra o interesse da sociedade e o futuro do país. Ademais, desconsidera os direitos das comunidades indígenas e quilombolas, anunciando que não será demarcado mais um centímetro de suas terras, repetindo discursos que já estão desmoralizados e cabalmente rebatidos desde o início da segunda metade do século passado”, ressalta. 

A ex-ministra acrescentou ainda que sua consciência cristã também pesou na definição do seu voto e afirmou que a pregação de ódio contra minorias e a "opção por um sistema econômico que nega direitos e um sistema social que premia a injustiça” fazem da campanha de Bolsonaro um "passo adiante na degradação da natureza, da coesão social e da civilização”. Ela acusou também o ex-militar de usar o nome de Deus em vão.

"Muitos parecem esquecer, mas Jesus foi severo em palavras e duro em atitudes com os que têm dificuldade de entender o mandamento máximo do amor. É um engano pensar que a invocação ao nome de Deus pela campanha de Bolsonaro tem o objetivo de fazer o sistema político retornar aos fundamentos éticos orientados pela fé cristã que são tão presentes em toda a cultura ocidental”, disse.

Apesar do apoio a Haddad, Marina criticou o candidato e disse que a frente democrática e progressista defendida pelo petista não foi capaz de inspirar uma aliança ou mesmo uma composição política. 

"Mantém o jogo do faz de conta do desespero eleitoral, segue firme no universo do marketing, sem que o candidato inspire-se na gravidade do momento para virar a própria mesa, fazer uma autocrítica corajosa e tentar ser o eixo de uma alternativa democrática verdadeira”, argumenta.

A rede já havia recomendado após o primeiro turno que seus filiados não votassem em Bolsonaro, no entanto, Marina não tinha declarado até então apoio a Haddad.

Depois da divulgação da nota, Haddad agradeceu o apoio e afirmou que se sente honrado pelo voto de Marina "por tudo que ela representa e pelas causas que defende”. O candidato disse que esse "reencontro democrático” lhe enche de orgulho.

Além de Marina, o candidato à Presidência pelo Democracia Cristã no primeiro turno, José Maria Eymael também expressou a apoio a Haddad nesta segunda-feira. A declaração foi feita após a divulgação das ameaças do filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) caso a corte apresente algum questionamento à candidatura do pai.

Eymael afirmou que não pode continuar neutro diante das declarações sobre o STF e propôs a Haddad um pacto em defesa da democracia.

CN/abr/ots

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