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Marinha diz que óleo no Nordeste pode ser de navio irregular

22 de outubro de 2019

Almirante afirma que investigações miram também 30 embarcações regulares de dez diferentes países. Segundo ele, não há indícios de envolvimento do governo venezuelano no vazamento que castiga praias brasileiras.

Brasilien Ölverschmutzug Strand in Cabo de Santo
Mancha de óleo em uma praia de PernambucoFoto: Reuters/D. Nigro

O comandante da Marinha do Brasil, almirante Ilques Barbosa Júnior, disse nesta terça-feira (22/10) que as investigações sobre a origem do óleo que atinge a costa do Nordeste miram cerca de 30 navios regulares, de dez países diferentes, que passaram perto da costa brasileira. 

A investigação inicial lidava com cerca de mil embarcações. "Nós saímos de mil navios para 30 navios", afirmou Barbosa, após reunião com o presidente em exercício, Hamilton Mourão, no Palácio do Planalto.

Mas, segundo o comandante, a maior probabilidade é que o vazamento tenha partido de um navio irregular, um "dark ship". "O mais provável é um dark ship ou um navio que teve um incidente e, infelizmente, não progrediu a informação como deveria", disse, explicando que, por convenção internacional, todo incidente de navegação deve ser informado pelo comandante responsável.

Um dark ship é um navio que transporta uma carga que não pode ser comercializada, muitas vezes por causa de sanções contra algum país. Ao navegar, ele busca linhas de comunicação marítimas pouco frequentadas para evitar ser interceptado e não alimenta seu sistema de identificação, muitas vezes desligando o transponder. "Ele procura as sombras. E essa navegação às sombras produz essa dificuldade de detecção", disse o almirante Barbosa.

Ainda segundo o comandante, a quantidade de óleo que já chegou à costa brasileira é muito menor do que a capacidade dos navios investigados, em torno de 300 mil toneladas. Até esta segunda-feira, haviam sido recolhidas 900 toneladas de resíduos de óleo cru nas praias do Nordeste.

Para Barbosa, é muito pouco provável que o vazamento tenha acontecido durante uma transferência de óleo em alto mar.

"A transferência é uma atividade marinheira de extremo risco. Isso, fazer em mar aberto, onde o mar pode estar em situação adversa, ou pode ficar em situação adversa ao longo do trabalho, não é uma atividade que os armadores, proprietários de navios, recomendariam. Não seria uma atitude de comandante responsável, muito menos dos armadores", explicou.

O comandante da Marinha informou que as apurações correm em sigilo e que não há data para a conclusão dos trabalhos. "As investigações prosseguem e só terminarão no dia em que nós localizarmos quem agrediu a nossa pátria. Isso é importante deixar sublinhado. Se demorar 200 anos, vamos fixar 200 anos nisso, até achar [os responsáveis]", afirmou Barbosa.

Por fim, o almirante disse que não há indícios de que as manchas de óleo que atingem o Nordeste tenham sido provocadas pelo governo ou pela indústria venezuelana. "O que se sabe pelos cientistas é que o petróleo é de origem venezuelana. Não quer dizer que houve, em algum momento, envolvimento de qualquer setor responsável, tanto privado quanto público, da Venezuela nesse assunto."

JPS/abr/ots

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