Após gol decisivo no Maracanã na Copa de 2014, carreira de Götze foi truncada por infortúnios. Agora, ele precisa afastar maldição que pairou sobre os outros três artilheiros cujos gols deram título mundial à Alemanha.
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Festejado como herói nacional em 2014, graças ao seu gol na final da Copa do Mundo contra a Argentina, Mario Götze vai sendo deixado de lado por Joachim Löw na seleção alemã e por Lucien Favre no Borussia Dortmund – por esse clube, na atual temporada da Bundesliga, o jogador atuou ao todo por apenas 26 minutos, sendo 12 contra o Augsburg e 14 contra o Frankfurt.
Como explicar a queda do herói do Maracanã ao melancólico papel de reserva de luxo no clube aurinegro em apenas cinco anos?
Eram decorridos 88 minutos da final no templo do futebol mundial quando Mario Götze entrou em campo no lugar de Miroslav Klose. Pouco antes, ainda à beira do campo, Löw lhe havia dito ao pé do ouvido: "Mostre ao mundo que você é melhor do que Messi."
Quase meia hora mais tarde e faltando apenas sete minutos para o fim do confronto, Götze fez o gol da sua vida, o gol que iria determinar o desenrolar de sua carreira daí em diante. Foi uma obra de arte. Na corrida em alta velocidade, amorteceu magistralmente no peito uma bola cruzada por Schürrle, para emendar de voleio com pé esquerdo. Era o gol do maior triunfo que um jogador de futebol pode almejar – o gol do título de campeão mundial.
Consumava-se o momento fugaz de glória de um jovem de apenas 22 anos. Cercado pelos companheiros eufóricos, Götze parecia estar distante, em outra dimensão, transcendendo o espaço físico do Maracanã. Talvez já estivesse imaginando naquele instante o que aquele gol significaria para o seu futuro. Bênção ou maldição?
O destino não foi benevolente para nenhum dos três artilheiros alemães que, antes de Mario Götze, marcaram os gols decisivos numa Copa do Mundo.
Helmut Rahn, autor do gol da vitória frente à Hungria em 1954, encerrou sua carreira em 1965 e fracassou como homem de negócios. Incompreensivelmente não se interessou em colaborar com a produção do filme O milagre de Berna, no qual ele é a figura central. Passou a viver recluso. Vez ou outra era visto no boteco Friesenstube em Essen, sua cidade natal, onde morreu em 2003, dois dias antes do seu aniversário.
Gerd Müller, por sua vez, marcou o gol do título contra a Holanda em 1974 e pendurou as chuteiras em 1982. Longe do futebol, se tornou alcoólatra e, por intervenção direta de Uli Hoeness e Franz Beckenbauer, foi internado numa clínica de recuperação em 1991. Um ano depois, Müller foi contratado pelo Bayern para exercer a função de técnico assistente do time de amadores. Em 2015, o clube comunicou oficialmente que o maior artilheiro da história da Bundesliga foi acometido da doença de Alzheimer e que, a partir de então, estaria sob cuidados médicos.
Andreas Brehme converteu o pênalti contra a Argentina em 1990. Era o terceiro título mundial da Alemanha. Seus dias como jogador acabaram em 1998 no seu clube de origem, o Kaiserslautern. Depois tentou se firmar como treinador e dirigente, mas sem sucesso. Enfrentou sérias dificuldades financeiras. Atualmente exerce uma função representativa no Bayern de Munique.
Mario Götze, depois da Copa do Mundo, voltou para o Bayern e lá tentou cair nas graças de Pep Guardiola. Esperanças vãs. No sistema do técnico catalão não havia lugar para o jovem atacante que, mais uma vez, teve que se conformar com o banco de reservas.
Frustrado com a indiferença de Guardiola, Götze treinava exaustivamente além da conta para poder mostrar à comissão técnica seu excelente condicionamento físico, tentando provar dessa forma que tinha condições para entrar no time a qualquer momento.
Chegou a um ponto em que quanto mais treinava, pior ficava, tanto técnica quanto fisicamente. Já eram os primeiros sinais da misteriosa doença que o acometia, mas que não foi diagnosticada na época pelo departamento médico do Bayern.
Em 2016, Götze voltou ao Borussia Dortmund, quando finalmente se descobriu que o jogador sofria de miopatia muscular resultante de um distúrbio no seu metabolismo. Estavam explicados os altos e baixos do seu inconstante rendimento.
Recuperado, voltou à sua melhor forma e, especialmente na temporada passada, mostrou tanto empenho que não restou alternativa ao técnico a não ser colocá-lo no time para jogar. Foi um dos jogadores mais estáveis do elenco aurinegro durante a campanha 2018/19.
Acontece que, com as recentes contratações de Julian Brandt e Thorgan Hazard, diminuíram consideravelmente as chances de Mario Götze voltar ao time titular. O seu contrato vence em junho do próximo ano, quando estará disponível no mercado sem custar nada.
Terá apenas 28 anos e tempo suficiente para recomeçar sua carreira truncada por infortúnios desde o golaçodo Maracanã. E, quem sabe, poderá afastar para bem longe a sina da maldição que pairou sobre seus três antecessores, cujos gols deram o título de campeã mundial à Alemanha, mas, a partir daí, a melancolia tomou conta do outono de suas vidas.
O Campeonato Alemão de Futebol tem a reputação de formar grandes talentos. Confira jogadores com menos de 21 anos que prometem brilhar nos clubes alemães nesta temporada da Bundesliga.
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Kai Havertz, 20, Bayer Leverkusen
Kai Havertz é a maior promessa do futebol alemão. Em 88 partidas, o meio-campista do Leverkusen marcou 24 gols. Ele é tecnicamente soberbo, forte com os dois pés, consegue cavar espaço, além de marcar e dar assistência a gols. Havertz quer ficar no Leverkusen nesta temporada, mas parece ser apenas uma questão de tempo antes de seguir em frente. O Bayern de Munique já está de olho nele.
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Jadon Sancho, 19, Borussia Dortmund
Inglês que joga na Alemanha, Sancho é uma espécie de pioneiro que está sendo seguido por muitos outros jovens britânicos. O ex-jogador do Manchester City tem velocidade e serenidade, com talento para tomar decisões apesar da tenra idade. Ele foi um dos astros da temporada passada da Bundesliga, marcando 12 gols e fazendo 17 assistências.
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Dayot Upamecano, 20, RB Leipzig
O zagueiro francês (camisa branca) é outro predestinado a brilhar. Figura imponente, Upamecano domina os lances no ar e é veloz. Ele joga duro nas disputas de bola, mas quase sempre é justo. Apesar de lapsos de concentração muitas vezes comuns em jovens jogadores, ele se tornou um dos pilares da defesa mais fechada do Campeonato Alemão.
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Ibrahima Konaté, 20, RB Leipzig
Outro zagueiro do Leipzig que domina tanto no ar quanto no solo. No ano passado, Konaté teve uma temporada soberba, com participação em 43 partidas. O francês é cobiçado por alguns clubes europeus, mas seu contrato vai até 2023. Konaté descreve seu colega Upamecano "como um irmão", e espera-se da dupla uma parceria brilhante também nesta temporada da Bundesliga.
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Alphonso Davies, 18, Bayern de Munique
O canadense nascido em um campo de refugiados na África joga pelo clube bávaro desde janeiro e marcou seu primeiro gol na Bundesliga em março de 2019, contra o Mainz. A saída de Franck Ribéry e Arjen Robben do clube pode dar a Davies mais oportunidades neste ano, especialmente após a lesão de Leroy Sané, do Manchester City, cotado para o Bayern.
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Marcus Thuram, 21, Mönchengladbach
O filho de Lilian Thuram, campeão mundial pela França, está no clube alemão desde julho, depois de impressionar nos franceses Sochaux e Guingamp. Ao contrário de seu pai, um dos melhores defensores de sua geração, Marcus é um jogador ofensivo e prefere jogar pela esquerda ou no ataque. Alto e forte, Thuram é um driblador nato e pode substituir Thorgan Hazard, que foi para o Dortmund.
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Weston McKennie, 20, Schalke
"Com seu caráter e como jogador, Weston personifica muito do que precisamos", diz o técnico do Schalke, David Wagner, sobre o americano McKennie. Devido à sua flexibilidade, o jogador de 20 anos é titular da equipe. Apesar de jovem, ele é um jogador completo, que pode dar a estabilidade necessária ao meio-campo do Schalke.
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Evan N'Dicka, 19, Eintracht Frankfurt
Outro francês, o zagueiro N'Dicka roubou as atenções com o ótimo desempenho do Frankfurt na temporada passada. Excelente na segunda metade da temporada, ele ganhou o prêmio Rookie of the Month da Bundesliga (para menores de 23 anos) em fevereiro. Inteligente e decisivo, o jovem de 19 anos deve ter uma grande temporada pela frente.
Foto: picture-alliance/dpa/Eintracht Frankfurt
Josh Sargent, 19, Werder Bremen
O atacante americano impactou na temporada passada, ao marcar um gol apenas dois minutos após deixar o banco em sua estreia na Bundesliga. Ele terminou a temporada com dois gols marcados em apenas 205 minutos de jogo. Sargent chegou ao Werder em julho de 2018 e tem contrato até 2022. Florian Kohfeldt, técnico do Bremen, é só elogios ao jogador.
Foto: picture-alliance/sampics/C. Pahnke
Jann-Fiete Arp, 19, Bayern de Munique
Espera-se muito da atuação do jovem atacante alemão na equipe bávara, principalmente agora quando os campeões querem aliviar a pressão sobre Robert Lewandowski . Arp causou sensação ao marcar nas suas duas primeiras aparições profissionais, mas não conseguiu brilhar com o Hamburgo na Segunda Divisão. Agora no Bayern, dá um grande passo à frente.
Foto: Imago Images/ZUMA Wire/E. Williams
Tyler Adams, 20, RB Leipzig
O americano Tyler Adams chegou ao Leipzig em janeiro, vindo diretamente de Nova York, e logo pareceu sentir-se bem no novo ambiente. Forte no ataque, perspicaz no passe e com uma cabeça inteligente, Adams é um verdadeiro "allrounder" que pode jogar em diferentes posições.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Kahnert
Ademola Lookman, 21, RB Leipzig
Outro inglês que seguiu os passos de Sancho, Lookman já havia sido emprestado ao Leipzig. Na temporada 2017/18, jogou 11 partidas pela Bundesliga, marcou cinco gols e fez quatro assistências. Agora, o jovem de 21 anos está de volta ao Campeonato Alemão, depois de o Leipzig tê-lo comprado do Everton FC por 18 milhões de euros. A expectativa é grande!
Foto: picture alliance/AP Photo/J. Meyer
Achraf Hakimi, 20, Borussia Dortmund
O lateral emprestado pelo Real Madrid ao Borussia Dortmund é rápido como uma flecha e um forte driblador. Em 21 jogos da Bundesliga, o marroquino nascido na Espanha marcou dois gols e deu quatro assistências, antes de fraturar o metatarso em abril. Agora está em forma novamente e quer aproveitar sua chance.
Foto: Reuters/L. Kuegeler
Rabbi Matondo 18, Schalke
O galês trocou o Manchester City pelo Schalke e espera ter um impacto semelhante ao de Sancho, que também deixou seu país pela Alemanha. Considerado o jogador mais rápido das fileiras do City, Matondo disputou apenas algumas partidas pelo Schalke no ano passado. Sob o comando do treinador David Wagner, ele deve agora decolar.