Em descoberta classificada de "a mais importante dos últimos anos", cientistas detectam primeiras evidências de corpo estável de água líquida no planeta vermelho. Apesar de gelado e salgado, lago poderia abrigar vida.
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Cientistas encontraram evidências de um grande lago sob uma camada de gelo no polo sul de Marte, reforçando a hipótese de que existe vida no planeta, aponta um estudo publicado na revista Science nesta quarta-feira (25/07).
Os resultados da pesquisa, liderada por cientistas italianos, foram apresentados na sede da Agência Espacial Italiana e classificados por seu presidente, Roberto Battiston, como "a mais importante dos últimos anos".
Uma análise de dados coletados entre 2012 e 2015 por um instrumento a bordo da nave Mars Express, lançada em 2003 pela Agência Espacial Europeia, revelou a existência do suposto lago. O aparelho é capaz de transmitir pulsos de radar que penetram a superfície e as calotas polares de Marte.
Com cerca de 20 quilômetros de largura e coberto por uma camada de gelo de quase 1,5 quilômetro de espessura, o suposto lago representaria o primeiro corpo estável de água líquida já descoberto no planeta vermelho. O perfil visto por radar lembra o de lagos sob camadas de gelo na Antártica e na Groenlândia.
"Este é o lugar em Marte onde há algo que mais lembra um habitat, um lugar onde a vida poderia se manter", disse o cientista planetário Roberto Orosei, do Instituto Nacional de Astrofísica na Itália, líder do estudo publicado na Science.
Apesar de a água do lago estar a estimados -10 °C, abaixo da temperatura de congelamento da água pura (0 °C), ela permanece líquida por conter grande quantidade de sais, afirmaram cientistas.
Alguns especialistas são céticos quanto à possibilidade de vida pelo fato de o lago ser tão gelado e conter grande quantidade de sais e minerais. Para Orosei, no entanto, embora o ambiente seja inóspito, micro-organismos poderiam ter se adaptado a tais condições.
Os cientistas pretendem buscar mais sinais de corpos de água no planeta. "Não há razão para concluir que a presença de água abaixo da superfície em Marte seja limitada a um único local", afirmam os autores do estudo.
Adotando um tom cauteloso, David Stillman, pesquisador sênior do Departamento de Estudos Espaciais do Instituto de Pesquisa do Sudoeste do Texas e que não participou da pesquisa, advertiu que a descoberta precisa ser confirmada por outra nave ou outros instrumentos.
Hoje frio e seco, o planeta vermelho abrigava água líquida há cerca de 3,6 bilhões de anos. Encontrar água ajudaria a descobrir se já houve vida em Marte no passado e se ela pode ter resistido até hoje.
A descoberta de água também poderia ajudar humanos a sobreviver em uma missão tripulada ao planeta vizinho à Terra no futuro, embora o lago não tenha água potável.
Apesar do ânimo com as evidências de existência do lago, verificar se há vida no local poderia levar anos: uma possibilidade seria perfurar o gelo para retirar uma amostra da água.
Em 20 de agosto de 1977, a sonda espacial Voyager 2 partiu para explorar outros planetas, seguida 16 dias mais tarde pela Voyager 1. Ambas já romperam os limites do sistema solar e vagam pela Via Láctea.
Foto: picture-alliance/dpa
Duas sondas irmãs em longa viagem
Em 20 de agosto de 1977, a sonda da Nasa Voyager 2 partiu para um voo recorde, ainda não concluído. Pouco mais tarde, em 5 de setembro, seguia-se a Voyager 1, de construção idêntica. Sua finalidade inicial era coletar dados sobre os planetas Júpiter e Saturno, então basicamente inexplorados. Mas graças à longa durabilidade das baterias de plutônio, a missão foi sendo estendida.
Foto: REUTERS/NASA/JPL-Caltech
Maiores sucessos da Nasa
Pesando 825 quilos cada uma, as duas sondas Voyager contam entre os maiores sucessos da agência espacial americana. Até hoje, ambas enviam regularmente dados do espaço sideral. Embora se afastem cada vez mais do centro do sistema solar, o contato por rádio ainda funcionará por um bom tempo. A Nasa calcula que a missão vá até o ano 2030.
Foto: public domain
Rompendo fronteiras do sistema solar
Em 25 de agosto de 2012, a Voyager 1 atravessou uma das fronteiras do sistema solar: a heliopausa, onde o vento solar esbarra em outros ventos estelares. A sonda foi o primeiro objeto de fabricação humana a penetrar o espaço interestelar da nossa galáxia, a Via Láctea. Além disso é o artefato mais afastado da Terra, encontrando-se atualmente a uma distância 139 vezes maior do que a do Sol.
Foto: picture-alliance/dpa
Como uma cebola
O sistema solar tem diferentes fronteiras. A primeira é o "termination shock", onde os ventos solares ficam subitamente muito mais lentos. Depois, a heliopausa marca o fim da heliosfera, a "bolha" espacial em que os ventos solares protegem nosso sistema solar da radiação interestelar. Depois que a Voyager 1 ultrapassou a heliopausa, a Nasa registrou uma densidade plásmica 40 vezes maior.
Fotografando a vizinhança
Mesmo antes disso, as sondas irmãs tiveram muito a descobrir entre os fascinantes planetas do sistema solar. A Voyager 1 enviou à Terra em 1º de janeiro de 1979 esta imagem de Júpiter, uma das 17.477 que tirou do planeta gigante e suas luas. Esta foto comprovou pela primeira vez a existência de um delgado sistema de anéis circundando Júpiter.
Foto: picture-alliance/dpa/NASA
Imagens detalhadas
A Voyager 1 documentou também as correntes atmosféricas em Júpiter, visualizadas nesta foto. Depois de a sonda passar pelo planeta, a gravidade deste lhe conferiu uma velocidade de 16 quilômetros por segundo.
Foto: picture-alliance/dpa/NASA
Saturno a cores
A Voyager 2 alcançou Saturno em 1981, transmitindo esta imagem em cores reais do sexto planeta do sistema solar. A foto foi tirada a 21 milhões de quilômetros de distância – um verdadeiro close-up em termos cósmicos.
Foto: HO/AFP/Getty Images
Tudo sob controle
Numa foto de 1980, a central de controle da missão Voyager, no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. A partir daqui, as distantes sondas são observadas e, dentro do possível, teleguiadas. Hoje em dia a técnica é obviamente muito mais avançada, mas Nasa continua tendo que recorrer aos conhecimentos dos engenheiros que desenvolveram as sondas – embora há muito eles estejam aposentados.
Foto: NASA/Hulton Archive/Getty Images
Long-play para alienígenas
As Voyager levam a bordo estes discos dourados, para o caso de encontrarem extraterrestres em sua viagem infinita. No suporte digital encontram-se imagens e sons de humanos, animais e da natureza na Terra. Para o caso de os alienígenas não possuírem toca-discos, foram também fornecidos agulhas de reprodução e um guia de instruções.
Foto: NASA/Hulton Archive/Getty Images
Arte sideral
As missões Voyager não apenas fascinam há décadas os aficionados da tecnologia, mas têm também inspirado artistas. Assim um pintor americano anônimo imaginou em 1977, pouco antes do lançamento, a passagem da Voyager 1 por Saturno.