Maryse Condé vence Nobel alternativo de literatura
12 de outubro de 2018
Autora de romances históricos, escritora de Guadalupe tem colonialismo como tema recorrente em suas obras. Premiação foi criada para preencher vazio deixado pela suspensão do Nobel de Literatura deste ano.
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A romancista Maryse Condé, da ilha caribenha de Guadalupe, foi anunciada nesta sexta-feira (12/10) como vencedora do prêmio de literatura da organização sueca The New Academy, uma espécie de Nobel alternativo.
Com cerca de 20 romances escritos, Condé está entre os autores mais proeminentes de Guadalupe, um departamento ultramarino da França na região do Caribe. Seu trabalho aborda como o colonialismo mudou o mundo e de que maneira aqueles afetados pelo processo podem recuperar sua herança.
Alguns de seus escritos são Eu, Tituba: Bruxa Negra de Salem, um romance histórico sobre uma mulher negra condenada durante os julgamentos das bruxas de Salem, e Segu, que se passa na África Ocidental durante o século 18.
Condé queria ser escritora desde criança, mas publicou seu primeiro romance apenas quando estava perto dos 40 anos. Hoje ela vive em Guadalupe e na França, depois de ter se tornado professora emérita na Universidade de Columbia, em Nova York.
Dizendo-se orgulhosa por receber o prêmio, a escritora o dedicou à sua família, amigos e ao povo de Guadalupe. "Somos um país tão pequeno, apenas mencionados quando há furacões, terremotos e coisas assim. Agora estamos muito felizes pelo reconhecimento por uma outra coisa", disse durante a cerimônia de anúncio da honraria em Estocolmo.
Diferente do processo do prêmio Nobel, em que os autores nomeados são mantidos em segredo, as nomeações da The New Academy foram feitas por bibliotecários suecos e reduzidas aos finalistas por uma votação aberta ao público.
Os dois homens e as duas mulheres com mais votos foram qualificados para a etapa final da disputa, e um júri de especialistas escolheu Condé como ganhadora.
Também de forma oposta ao Nobel oficial, o prêmio alternativo incluiu autores de gêneros populares, como J.K. Rowling, autora da série Harry Potter, nomeada na primeira rodada do processo de seleção.
Na etapa final, Condé concorreu com o britânico Neil Gailman, autor da série de história em quadrinhos Sandman, e a vietnamita Kim Thúy, que cresceu no Canadá e é conhecida por suas histórias sobre a vida de refugiada e imigrante.
O japonês Haruki Murakami foi votado como um dos finalistas, mas decidiu não concorrer por preferir "concentrar-se no seu trabalho como escritor, longe da atenção da mídia". Murakami é o único dos quatro considerado um concorrente para receber o prêmio Nobel oficial.
A The New Academy será dissolvida após a cerimônia de premiação de Condé, em 9 de dezembro.
PJ/ots
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De "Fausto" à "História sem fim", de Thomas Mann a Günter Grass, a literatura alemã inclui obras para todos os gostos. Selecionamos dez.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Endig
"Fausto"
Dividido em duas partes, o poema trágico de Johann Wolfgang von Goethe, de 1808, "Faust – eine Tragödie" é considerado uma das obras-primas da literatura alemã. Insatisfeito com a própria vida e sedento de conhecimento, o cientista Heinrich Fausto acaba fazendo um pacto com o diabo, Mefisto, prometendo-lhe sua alma. Na foto, a tragédia é interpretada pelos atores Bruno Ganz e Robert Hunger-Bühler.
Foto: picture-alliance/dpa/Expo_2000
"A Montanha Mágica"
Uma das obras mais conhecidas de Thomas Mann, "Der Zauberberg", de 1924, é considerado um retrato da sociedade europeia antes da Primeira Guerra Mundial. O romance aborda a estadia do jovem Hans Castorp, oriundo de uma tradicional família de Hamburgo, num sanatório, nos Alpes suíços, de 1907 a 1914. O romance foi transformado em filme pelo diretor Hans W. Geissendörfer, em 1982 (foto).
Foto: imago/United Archives
"O tambor"
"Die Blechtrommel", de 1959, trouxe reconhecimento internacional ao futuro Nobel Günter Grass e projeção à literatura alemã do pós-guerra. O romance pertence à chamada "Trilogia de Danzig", que lida com a culpa da Alemanha pelo nazismo e a memória do Terceiro Reich. A versão para o cinema da obra, dirigida por Volker Schlöndorff, foi a primeira produção alemã do pós-Guerra a conquistar um Oscar.
Foto: ullstein - Tele-Winkler
"O perfume"
O bestseller de Patrick Süskind, "Das Parfum – Die Geschichte eines Mörders" foi publicado em 1985 e, em 2006, ganhou versão cinematográfica (foto). A história se passa na França no século 18 e tem como protagonista Jean-Baptiste Grenouille, cujo próprio corpo não tem cheiro, mas que é dotado de um olfato fora do comum. Obcecado em criar o perfume perfeito, ele se transforma num assassino.
Foto: picture-alliance/dpa
"O lobo da estepe"
O clássico "Der Steppenwolf" foi publicado por Hermann Hesse (foto) em 1927. Em plenos anos 1920, em Zurique, o protagonista Harry Haller vive uma crise existencial em meio à devastação do pós-guerra e descreve a si mesmo como "o lobo da estepe". Ao conhecer Hermínia, ele começa a ver o mundo de outra maneira. O livro foi o primeiro de Hesse a ser traduzido para o português, em 1935.
Foto: picture-alliance/Sven Simon
"Os bandoleiros"
O drama de Friedrich Schiller "Die Räuber", de 1781, tem como tema as tramas criminosas da nobreza, mais especificamente a rivalidade entre os irmãos Karl e Franz von Moor. Os dois brigam pelo reconhecimento do pai, concorrem pela mesma mulher e lutam por poder e influência. O clássico acaba de ser adaptado para o cinema no ano passado (foto), codirigido por Pol Cruchten e Frank Hoffman.
Foto: Coin Film Francois Fabert
"A honra perdida de Katharina Blum"
"Die verlorene Ehre von Katharina Blum" foi publicado pelo Nobel de Literatura Heinrich Böll em 1974. O autor tematiza a imprensa sensacionalista e suas possíveis consequências por meio da história da dona de casa Katharina Blum e do assassinato do jornalista Werner Tötges. O romance foi adaptado para o cinema em 1975 (foto), sob a direção de Volker Schlöndorff e Margarethe von Trotta.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
"O Leitor"
"Der Vorleser", publicado por Bernhard Schlink em 1995, gira em torno do amor de Michael Berg, de 15 anos, por Hanna, 21 anos mais velha. Numa espécie de ritual romântico, ela sempre lhe pede que leia para ela. Até que Hanna desaparece. Anos depois, Michael a reconhece entre os acusados num processo para julgar crimes do nazismo. O romance transformou-se em filme em 2008 (foto).
Foto: Studio Babelsberg AG
"A história sem fim"
"Die unendliche Geschichte", publicado por Michael Ende em 1979, não pode faltar nas estantes das crianças na Alemanha. Todas conhecem as aventuras do jovem Bastian no país Fantasia, que ganharam projeção internacional desde que "A história sem fim" chegou aos cinemas, em 1984 (foto). O romance fascina não somente o público infantil, mas também adulto.
Foto: picture-alliance/dpa
"Contos de Grimm"
A coletânea dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm "Kinder- und Hausmärchen" foi publicada entre 1812 e 1858, e é considerada a obra alemã mais disseminada no mundo, depois da Bíblia de Lutero. Incluindo clássicos como "Rapunzel", "Chapeuzinho Vermelho" (foto) e "Branca de Neve", os contos já foram traduzidos para mais de 160 idiomas e inspiraram filmes, peças de teatro, desenhos animados e quadrinhos.