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PolíticaArgentina

Massa e Milei batem boca sobre Brasil e Lula em debate

13 de novembro de 2023

No último duelo televisivo antes do segundo turno, peronista afirma que eleição de ultradireitista colocaria em risco empregos gerados pela relação econômica com o país vizinho, principal parceiro comercial da Argentina.

Javier Milei e Sergio Massa em debate eleitoral
Javier Milei e Sergio Massa disputam votos na reta final da campanha eleitoral argentinaFoto: (Luis Robayo/Pool/AP/picture alliance

Os candidatos à presidência da Argentina, o governista Sergio Massa e o ultradireitista Javier Milei, trocaram duras acusações neste domingo (12/11/2023), durante o último debate antes do segundo turno de 19 de novembro.

A relação com o Brasil foi um dos temas que gerou bate-boca. Ao longo da campanha, Milei disse que não manterá relações políticas com líderes "comunistas", incluindo entre estes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o qual não pretende se reunir.

Massa argumentou que romper relações com o Brasil, assim como com a China, faria a Argentina perder 2 milhões de empregos. O Brasil é o principal parceiro político e comercial da Argentina.

Milei contra-argumentou que as relações políticas e pessoais dele não interferem nos negócios do setor privado, e, se os exportadores perderem mercados, podem substitui-los por outros.

"Você pertence a um governo no qual [o presidente] Alberto Fernández não falava com [o ex-presidente Jair] Bolsonaro. Qual é o problema se eu não falar com o Lula? As relações comerciais do setor privado são do setor privado e o Estado não deve se meter", disse Milei.

Quem quebrou a Argentina?

08:28

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Analistas: Massa venceu duelo

Analistas avaliaram que Massa conseguiu se impor sobre Milei no debate e que este não soube aproveitar a grave crise econômica do país para criticar o oponente.

Na primeira parte, o assunto era economia, ponto forte de Milei, um economista, e ao mesmo tempo ponto fraco de Massa, que é o ministro da Economia de um país com índices de 140% de inflação e 42% de pobreza.

No entanto, foi Massa que fez uma série de perguntas sobre as contradições do oponente, levando Milei a entrar no jogo e a gastar todo o tempo nas respostas, sem chegar a acusar Massa pela inflação galopante.

Massa confrontou Milei sobre declarações em entrevistas nas quais o candidato disse que eliminaria subsídios às tarifas públicas, acabaria com a gratuidade na educação e na saúde, privatizaria o sistema de aposentadorias, fecharia o Banco Central, adotaria o dólar como moeda e tornaria privados rios e mares.

Milei negou a privatização de rios e sobre o aumento de tarifas, disse que, primeiramente, iria recuperar a economia. Quanto a cobrar pelo ensino universitário, respondeu que, "no curto prazo, não".

A certa altura do debate, Massa perguntou retoricamente ao seu adversário se "ele mentiu durante toda a campanha ou está mentindo esta noite" e insistiu na pergunta: "Você vai dolarizar a economia ou não?"

Ao que Milei respondeu: "Sim, vamos dolarizar a economia, vamos fechar o Banco Central e acabar com o câncer da inflação".

"Na primeira metade do debate, Milei claramente foi dominado. Massa ditava os assuntos e determinava o ritmo do rival. A segunda metade foi mais equilibrada, mas a sensação geral é de que Massa colocou Milei contra a parede, tentou mostrar que Milei não está preparado para ser presidente e evitou ser criticado pela péssima gestão de uma economia. Milei foi inexperiente e até inocente", resumiu o analista político Alejandro Catterberg, diretor da consultora Poliarquia, uma referência no país.

Eleitorado dividido

Milei começou a elevar a voz e a chamar Massa de mentiroso. Provocador, Massa aconselhou o oponente a manter a calma porque o debate estava apenas no começo. "Não te agredi. Somente expresso com paixão a indignação que o teu governo gera", disse Milei.

Esse foi, aliás, outro claro objetivo de Massa: desestabilizar emocionalmente Milei, famoso por reações intempestivas de fúria que chocam boa parte do eleitorado. Massa trouxe à luz a desconhecida informação de que Milei, enquanto jovem estudante, foi reprovado para renovar um estágio no Banco Central, dando a entender que o motivo da reprovação foi o exame psicotécnico.

"Os argentinos têm de eleger quem tem a sobriedade, o equilíbrio mental e o contato com a realidade para poder conduzir a Argentina", advertiu Massa.

Milei tinha ampla munição para gastar contra Massa, mas não a usou. Não apenas poderia criticar a má administração da economia, como ainda mencionar os recentes escândalos de corrupção e de espionagem ilegal envolvendo aliados de Massa.

A única vez em que Milei acusou Massa de fazer negócios com empresários amigos, o ministro desafiou o oponente a fazer uma denúncia na Justiça, e Milei calou-se. Massa convidou Milei a "ir à Justiça juntos nesta segunda-feira" caso tivesse alguma denúncia contra ele.

Pesquisas mostram o eleitorado dividido entre os dois candidatos, com leve vantagem para Milei. Nesta última semana de campanha, a legislação proíbe a divulgação de pesquisas eleitorais.

"Este foi o último evento relevante antes da eleição do próximo domingo. Na média geral, Massa claramente foi dominante, mas não sei se o suficiente para alterar a dinâmica do processo eleitoral. De um lado, vimos um político muito profissional e que conhece as ferramentas do poder. Do outro, um político sem experiência e que desconhece as ferramentas. Mas os dois concorrem de igual para igual numa paridade de intenção de votos", concluiu Catterberg.

as (Lusa, OTS)

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