Permanência será garantida a cidadãos de países membros da União Europeia que já vivem no Reino Unido. Merkel afirma que anúncio é bom começo, mas lembra que há muitas questões sobre o divórcio em aberto.
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Durante uma reunião de líderes da União Europeia (UE), em Bruxelas, a primeira-ministra britânica, Theresa May, prometeu nesta quinta-feira (22/06) que cidadãos europeus que moram no Reino Unido poderão continuar no país depois do Brexit.
"A posição britânica representa uma oferta justa e séria e visa dar segurança aos cidadãos que se estabeleceram no Reino Unido, construindo carreiras e vidas e contribuindo tanto com nossa sociedade", ressaltou May.
Estima-se que 3 milhões de europeus vivam no Reino Unido, cujos futuros foram colocados em jogo desde a aprovação no ano passado da saída britânica do bloco. Aos europeus que vivem na região há cinco anos, a partir de uma data que será ainda estipulada, será garantido o visto permanente e os mesmos direitos que os britânicos possuem.
Aos que estiverem a menos tempo será permitido continuarem no Reino Unido até alcançarem os cinco anos para solicitar o visto permanente.
May pediu ainda que um acordo recíproco garanta os mesmos direitos aos cerca de 1,5 milhão de britânicos que moram em países da União Europeia. A situação dos direitos a cidadãos é uma das três prioridades nas negociações para o Brexit que começaram na segunda-feira.
"Bom começo"
Após a declaração de May, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, disse que a oferta é um bom começo, mas lembrou que há muitas outras questões sobre a saída britânica do bloco que precisam ser resolvidas, como as financeiras e a relação com a Irlanda.
"May deixou claro para nós que todos os cidadãos europeus que vivem no Reino Unido há cinco anos terão seus direitos completamente garantidos. Isso é um bom começo", ressaltou Merkel, acrescentando que ainda há muito a fazer até a próxima cúpula da UE em outubro.
O prazo final para as negociações deste divórcio é março de 2019. Para manter o cronograma, os negociadores terão de chegar a um acordo bem antes desta data, uma vez que as nações europeias e o Parlamento Europeu terão de aprová-lo, o que poderá levar meses.
Diante disso, Bruxelas estabeleceu um prazo final mais realista para outubro – ou novembro, no mais tardar – de 2018. Caso isso não ocorra, os dois lados deverão criar um acordo de transição, o que deverá prolongar ainda mais o divórcio.
CN/ap/afp/rtr
Com Brexit, vila alemã vira centro da União Europeia
Quando se concretizar a saída do Reino Unido da União Europeia, Gadheim, de 89 habitantes, será o centro geográfico do bloco. A vila é tão pequena, que nem prefeito tem.
Bem-vindo a Gadheim, o futuro centro da UE
As poucas casas de Gadheim estão localizadas nas colinas de uma região vitivinícola da Baviera, agrupadas ao longo de uma estrada que serpenteia campos dominados por turbinas eólicas.
Típica vila bávara
Os habitantes de Gadheim estão orgulhosos de que suas casas, vinhas, campos infinitos e o sinuoso rio Meno estejam no foco das atenções.
Foto: Getty Images/AFP/D. Roland
Gadheim, centro da Europa?
"A maioria aqui ouviu a notícia no rádio", disse Jürgen Götz, prefeito de Veitshöchheim, que fica nas proximidades. A vila de Gadheim é muito pequena e por isso não tem prefeito. "Inicialmente pensamos tratar-se de uma piada", disse Götz. Na foto, Götz com a bandeira da União Europeia e com a agricultora Karin Kessler, que custa a acreditar que sua localidade ficou famosa da noite para o dia.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Karmann
Um campo é o centro geográfico da UE
Inicialmente ela pensou que a localização exata atingiria o terreno do vizinho, mas o filho dela enviou-lhe uma mensagem com o mapa e as coordenadas exatas: o novo centro geográfico da UE será no meio de um campo de colza dela. "O fato de que isso só esteja acontecendo por causa desse Brexit eu considero uma vergonha", disse ela.
Foto: picture alliance/dpa/D. Karmann
Outra localidade lamenta
Já Westerngrund, a cerca de 60 quilômetros a noroeste de Gadheim, perderá o título de centro da UE, adquirido em 2013 quando a Croácia ingressou no bloco. Escolares da vila verificaram que cerca de 6 mil pessoas de 93 países assinaram o livro de visitantes guardado no local exato onde é o centro geográfico até o momento.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Armer
Turistas não tão entusiasmados
Várias bandeiras alemãs e da União Europeia marcam o local que ainda é o centro da UE. "Nós contávamos com ônibus chineses nos visitando todas as semanas. Na realidade, isso não aconteceu", disse Christoph Biebrich, o padeiro de Westerngrund, que criou pães em forma de anel com um buraco, que representa o umbigo da UE, cercado de estrelas.
Foto: picture-alliance/ dpa/R. Hettler
Até a próxima mudança na União Europeia
Fica o conselho do padeiro Biebrich para o povo de Gadheim: "Não se apeguem ao seu lugar ao sol. Isso logo vai mudar". Tanto os moradores de Westerngrund quanto os de Gadheim esperam que a próxima vez que o centro da UE se mover seja por causa de um novo membro, e não por causa de uma saída.