May viaja pela Europa em busca de adiamento do Brexit
9 de abril de 2019Em busca de aliados para o adiamento da data de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), a primeira-ministra britânica, Theresa May, foi recebida nesta terça-feira (09/04) em Berlim pela chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e, posteriormente, em Paris, pelo presidente da França, Emmanuel Macron. As reuniões ocorreram na véspera da cúpula europeia extraordinária sobre o Brexit.
Em Berlim, o encontro começou com um pequeno contratempo. Quando May chegou à Chancelaria, Merkel ainda não tinha chegado para recebê-la e a primeira-ministra teve que percorrer sozinha o tapete vermelho e entrar no prédio. Poucos minutos depois, a líder alemã apareceu para cumprimentar a premiê e se desculpar pelo atraso.
Depois, as duas chefes de governo voltaram ao pátio da Chancelaria para posar para os fotógrafos e posteriormente se reuniram durante 90 minutos, sem realizar uma entrevista posterior à imprensa.
Segundo o governo britânico, May e Merkel concordaram sobre a importância de garantir um divórcio ordenado entre o Reino Unido e a UE.
A parlamentares da sua legenda, a líder alemã disse que é do interesse da Alemanha que o Brexit seja baseado no acordo alçado entre o bloco e o Reino Unido, porém, afirmou que esse processo pode atrasar meses. Durante todo o debate sobre o Brexit, Merkel se mostrou aberta a possíveis compromissos para evitar, na medida do possível, uma saída do Reino Unido sem acordo.
Após sua visita a Berlim, May viajou para Paris, onde se reuniu com o presidente francês. A França concordou em adiar o Brexit, mas considera uma prorrogação de um ano, como proposta por Bruxelas, longa demais.
Paris defende ainda a imposição de limites à influência do Reino Unido no bloco, caso o adiamento seja permitido pela União Europeia. Uma cúpula europeia extraordinária foi marcada para esta quarta-feira para decidir sobre o novo pedido de prorrogação.
Na sexta-feira, May formalizou um segundo pedido de adiamento da data do Brexit, novamente até 30 de junho. A premiê já havia solicitado a mesma data no mês passado, mas o pedido fora então rejeitado pelos líderes dos demais países-membros. Em vez disso, eles ofereceram o dia 22 de maio caso o acordo para um Brexit ordenado, acertado entre Bruxelas e Londres, fosse aprovado pelo Parlamento britânico, ou 12 de abril se não houver acordo. Até o momento, o Parlamento já rejeitou o acordo três vezes.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse nesta terça-feira que proporá que os líderes da União Europeia aceitem uma prorrogação longa do Brexit, de no máximo um ano, durante a qual o Reino Unido deverá manter uma "cooperação sincera" como "Estado-membro em processo de saída".
"O Reino Unido teria que manter sua cooperação sincera também durante esse período crucial, de maneira que reflita sua situação como um Estado-membro em processo de saída", propôs Tusk em sua carta aos líderes do bloco.
Tusk citou também a preocupação de vários países sobre os "riscos" que representa para o funcionamento da UE a "presença contínua" do Reino Unido como país que vai deixar o bloco, em um momento de "decisões-chave" sobre o futuro da União.
Para fazer frente a esses desafios, ele disse que serão necessárias "várias condições", como não reabrir o acordo de saída e não começar a negociar a futura relação com o país, além da cooperação de boa vontade do Reino Unido, levando em conta sua posição. Tusk lembrou que o país pode também desistir do divórcio.
Tusk reconheceu que todas as opções têm "vantagens e desvantagens", por isso pediu que elas sejam "discutidas de maneira aberta, criativa e construtiva" na cúpula.
CN/efe/lusa/rtr/afp/ap
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