Atlético Nacional convoca torcida a se vestir de branco e, com velas nas mãos, lotar estádio na hora em que seria disputada a final da Sul-Americana. Arena Condá tem vigília de torcedores e gritos de "é campeão".
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A primeira partida da decisão da Copa Sul-Americana de 2016 estava marcado para as 21h45 (horário de Brasília) desta quarta-feira (30/11). O jogo em Medellín, porém, foi cancelado devido à tragédia que abalou o esporte mundial.
Entre as tantas mensagens de solidariedade emitidas à Associação Chapecoense de Futebol, a mais forte certamente será realizada no local onde seria disputada essa partida histórica para o jovem clube catarinense.
O Atlético Nacional convidou seus torcedores a comparecem exatamente no horário em que a bola rolaria no estádio Atanasio Girardot. "Vestidos de branco e com uma vela branca em mãos, a instituição 'nacionalista' quer elevar suas orações num silêncio eterno junto à comunidade, que sente a dor deste momento difícil para os irmãos brasileiros e seus familiares", diz a nota do clube colombiano.
O Atlético Nacional, por sinal, vem se portando com uma grandeza e um espírito esportivo louváveis. Menos de 24 horas depois da trágica queda do voo LaMia CP2933, que resultou na morte de 71 dos 77 ocupantes da aeronave, o clube colombiano pediu à Conmebol que a Chapecoense fosse declarada campeã da Copa Sul-Americana de 2016.
Atitude compartilhada por torcedores, que marcharam pelas ruas de Medellín cantando, em homenagem ao clube catarinense: "Que escutem. Em todo o continente. Sempre recordaremos. A campeã Chapecoense".
Além disso, a diretoria do Atlético Nacional abriu uma linha telefônica de apoio aos familiares das vítimas e iniciou uma campanha convocando a população local a doar sangue na Clínica Somer, de Rionegro.
O clima de consternação na Colômbia se repete em Chapecó, no oeste de Santa Catarina. Moradores e comerciantes colocaram faixas pretas nas sacadas de residências e nas vitrines de lojas.
Ainda nesta terça-feira, milhares de torcedores se reuniram dentro da Arena Condá, onde a Chapecoense manda seus jogos. Eles fizeram uma grande oração e gritaram o nome de todos os atletas e membros da comissão técnica – todos seguidos de um "é campeão".
Depois da homenagem, que contou com a presença de familiares das vítimas, de dirigentes e de atletas que não viajaram à Colômbia, parte dos torcedores permaneceu em vigília durante a madrugada do lado de fora do estádio. A prefeitura de Chapecó decretou luto oficial de 30 dias, e todos os eventos de Natal e Ano Novo foram cancelados.
A tragédia com o avião da Chapecoense
O voo que levava a equipe para final da Copa Sul-Americana caiu a poucos quilômetros de Medellín, na Colômbia. A bordo estavam nove tripulantes e 68 passageiros, entre jogadores, dirigentes do clube e jornalistas.
Foto: Reuters/M. Varley
Acidente próximo a Medellín
O acidente ocorreu na madrugada desta terça-feira (29/11) na região montanhosa conhecida como El Gordo, a cerca de 50 quilômetros de Medellín, no noroeste da Colômbia.
Aeronave de fabricação britânica
A aeronave modelo British Aerospace (BAE) 146, de fabricação britânica, operada pela boliviana LaMia (foto de arquivo), teria se partido em três partes durante um pouso forçado.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Mais de 70 mortos
Inicialmente, a lista fornecida pelas autoridades indicava que até 81 pessoas poderiam estar a bordo, incluindo 72 passageiros e nove tripulantes. Mais tarde, autoridades confirmaram um total de 71 mortos e seis feridos. Quatro pessoas não embarcaram de última hora.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Fim de um sonho
A equipe do Chapecoense viajava para Medellín, onde disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia. O time embarcou num voo comercial a partir de São Paulo e com conexão em Santa Cruz de la Sierra. De lá, o avião partiu rumo a Medellín.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Cunha
Uniformes entre os destroços
Entre os destroços da aeronave, as equipes de resgate encontraram partes dos uniformes da Chapecoense. Estavam a bordo 22 jogadores de futebol, 25 dirigentes, membros da comissão técnica e convidados da equipe, além de 21 jornalistas brasileiros.
Foto: Imago/Xinhua
Sobreviventes
Segundo as autoridades locais, seis pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu a caminho do hospital. Entre os sobreviventes estão os jogadores brasileiros Alan Ruschel (foto), Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto.
Foto: Imago/Agencia EFE
Jornalista resgatado
Entre os sobreviventes está o jornalista brasileiro Rafael Henze. De acordo com as equipes de resgaste, Henze foi encontrado com vários ferimentos, mas sua condição é estável. O jornalista foi levado para o hospital de La Ceja.
Foto: Imago/Agencia EFE
Herói não resiste
Herói da classificação para a final da Sul-Americana, com uma defesa-chave na semi contra o San Lorenzo (foto), o goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida e foi levado para um hospital em Rionegro, próximo a Medellín. Porém, não resistiu aos ferimentos.
Foto: Reuters/E. Marcarian
Comoção da torcida
Após a notícia do acidente, fãs da equipe começaram a se aglomerar em frente à Arena Condá, estádio do time na cidade de Chapecó, Santa Catarina.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Dia seguinte
Um dia depois da tragédia, torcedor mirim chora pela perda dos ídolos nas arquibancadas da Arena Condá, em Chapecó.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Homenagem dos colombianos
No estádio do Atlético Nacional, em Medellín, dezenas de milhares de torcedores vestidos de branco prestaram tributo às vítimas da tragédia aérea, no dia 30 de novembro. Os jogadores do clube homenagearam os colegas da Chapecoense, com quem jogariam partida na final da Copa Sul-Americana.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Discurso emocionado
No estádio em Medellín, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, fez discurso emocionado. "As expressões de solidariedade que aqui encontramos nos oferecem um consolo imenso, uma luz na escuridão, num momento em que estamos todos tentando compreender o incompreensível", disse.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Velório coletivo
Torcedores da Chapecoense se despediram de seus ídolos numa cerimônia na Arena Condá, em 3 de dezembro. Apesar da chuva, milhares de pessoas foram ao estádio do clube para receber os caixões de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica do time. O presidente Michel Temer acompanhou a cerimônia, mas não discursou.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Moreira
Antes do acidente
A última partida do Chapecoense aconteceu em 27 de novembro, contra o Palmeiras, em São Paulo. A equipe perdeu por 1 a 0 na penúltima rodada da série A do Campeonato Brasileiro. Na foto, Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente aéreo na Colômbia.
Foto: Getty Images/F. Vogel
Pouco combustível, excesso de peso
No dia 26 de dezembro, relatório divulgado por investigadores colombianos revelou série de erros humanos. Pilotos sabiam da falta de combustível. Aeronave trasnportava 400 quilos a mais do que o permitido e não estava certificada para voar acima de 29 mil pés. Mesmo assim, autoridades bolivianas aprovaram o plano de voo.