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ReligiãoAlemanha

Membros da Igreja Católica lançam manifesto LGBTQ

24 de janeiro de 2022

Mais de 120 integrantes da comunidade católica alemã, incluindo padres e professores de religião, se declaram gays e queers e exigem fim da discriminação. Associações e organizações católicas manifestam solidariedade.

Homem hastea a bandeira. Ao fundo é possível ver as torres de duas igrejas.
Uma bandeira do arco-íris é hasteada em frente à Catedral de Colônia e à Igreja de São Martinho (imagem de arquivo)Foto: Oliver Berg/dpa/picture alliance

Em uma ação inédita, 125 pessoas que trabalham na Igreja Católica na Alemanha se declararam não heterossexuais em um manifesto divulgado neste domingo (23/01) e pediram o fim da discriminação. Entre elas, estão padres e ex-padres, professores de religião, funcionários do setor administrativo e voluntários. 

Eles se opõem à doutrina da Igreja Católica que vigora até hoje, segundo a qual as relações entre pessoas do mesmo sexo não podem ser reconhecidas, diz o manifesto da iniciativa, batizada de OutInChurch - Por uma igreja sem medo.

"Queremos poder viver e trabalhar na Igreja abertamente como pessoas LGBTIQ+ sem medo", diz uma postagem da campanha no Instagram.

Direito aos sacramentos católicos

Os signatários exigem uma mudança na lei trabalhista da Igreja Católica, para que a orientação sexual e a identidade de gênero não sejam mais motivos para demissão. Além disso, declarações difamatórias sobre gênero e sexualidade devem ser removidas do ensino religioso. Também pedem que pessoas LGBTIQ+ tenham acesso aos sacramentos católicos e a todos os campos profissionais da Igreja.

LGBTIQ+ significa lésbicas, gays, bissexuais, trans, inter e queer, e o sinal de mais representa outras identidades e gêneros. O manifesto afirma, entre outras coisas, que declarações depreciativas da Igreja sobre relações do mesmo sexo, por exemplo, não são mais sustentáveis ​​e aceitáveis ​​à luz do conhecimento científico. "Tal discriminação é uma traição ao evangelho", diz o texto.

Em vez disso, a Igreja deve expressar "que as pessoas LGBTIQ+, seja vivendo sozinhas ou em um relacionamento, são abençoadas por Deus".

Em maio de 2021, o chefe pastoral Norbert Kasper (à direita) abençoou um casal do mesmo sexo em Baden-BadenFoto: Benedikt Spether/dpa/picture alliance

A iniciativa, que quer mobilizar o público para pressionar a Igreja, convoca todas as pessoas LGBTIQ+ que trabalham em tempo integral ou de forma voluntária para a Igreja Católica a se juntarem à iniciativa. Outro objetivo é que os bispos declararem publicamente apoio ao manifesto.

Ação inspirada em atores

O padre Bernd Mönkebüscher, de Hamm, que já havia encabeçado serviços de bênção para casais homossexuais na Alemanha em 2021, disse que a campanha foi inspirada em uma ação similar feita por 185 atores no ano passado.

Os signatários da época, incluindo Ulrich Matthes (que está no novo filme da Netflix Munique: No Limite da Guerra) e Ulrike Folkerts, criticaram o fato de muitos artistas não poderem falar abertamente sobre ua sexualidade por temerem desvantagens profissionais.

 

Cerca de 30 associações e organizações católicas expressaram solidariedade ao manifesto deste domingo. "Não pode mais ser aceito que pessoas em contextos eclesiásticos tenham que se refugiar nas sombras por medo dos representantes da Igreja, se não corresponderem à imagem de gênero padronizada pela Igreja", disse um comunicado conjunto publicado nesta segunda-feira.

No ano passado, o Vaticano mais uma vez deixou claro que as relações homossexuais não correspondem aos planos de Deus, segundo a Igreja Católica, e reforçou que padres são devem abençoar esse tipo de união.

No entanto, alguns padres alemães foram contrários à orientação e abençoaram casais do mesmo sexo. 

le/lf (kna, dpa, afp)

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