Monumento marca o antigo local de uma sinagoga destruída por nazistas na Segunda Guerra. Autoridades municipais dizem que foi mais um ato de ódio a judeus, em meio a uma série de outros incidentes recentes na França.
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O memorial judaico que marca o local da Antiga Sinagoga de Estrasburgo, destruída por nazistas na Segunda Guerra Mundial, foi alvo de um ataque antissemita durante a madrugada, segundo informaram autoridades da cidade no leste da França neste sábado (02/03).
"Um novo incidente de antissemitismo em nossa cidade", escreveu o vice-prefeito de Estrasburgo, Alain Fontanel, no Twitter, ao publicar uma imagem do grande monumento de mármore derrubado ao lado de sua antiga base. "Tristemente, a história se repete."
Em entrevista a uma emissora local, o prefeito Roland Ries reforçou que se tratou claramente de um ato antissemita, provavelmente realizado por um grupo. O memorial "deve pesar 300 ou 400 quilos", disse Ries. "Ele não foi empurrado por uma única pessoa."
A Juventude Hitlerista – instituição obrigatória para jovens da Alemanha nazista, que se organizavam em grupos e milícias paramilitares – saqueou e incendiou a Antiga Sinagoga em setembro de 1940, três meses depois de as forças alemãs terem invadido a França e ocupado grande parte de seu território.
O monumento que marca seu antigo local fica perto de outro memorial, a chamada Avenida dos Justos, que homenageia aqueles que não seguiam a religião judaica, mas que ajudaram a salvar judeus durante a ocupação nazista na França.
"O local é, por si próprio, uma resposta a quem fez esse ato repulsivo, porque simboliza tanto as ações e horrores do regime nazista quanto o poder de resistência do povo francês", escreveu o prefeito Ries no Facebook, antes de se dirigir ao memorial atacado.
As autoridades locais informaram que estão trabalhando com a polícia para localizar os responsáveis pelo incidente o mais rápido possível.
Estrasburgo é a capital da região francesa do Grande Leste, antiga Alsácia. Muito próximo à fronteira com a Alemanha, o município é também sede do Parlamento Europeu.
A região já havia sido alvo de incidentes antissemitas em 19 de fevereiro, quando 96 lápides de um cemitério judaico foram pichadas com suásticas e frases contra judeus no vilarejo de Quatzenheim, próximo a Estrasburgo.
Os casos se somam a uma série de ataques de antissemitismo que vêm sendo registrados na França. Em fevereiro, suásticas foram pichadas em caixas de correios que exibiam o rosto da sobrevivente do Holocausto Simone Veil, uma das personalidades políticas mais reverenciadas do país.
Em outro caso, a palavra Juden (judeus, em alemão) foi escrita em letras amarelas na fachada de uma padaria judaica em Paris, em clara referência ao passado nazista. O memorial ao judeu Ilan Halimi, morto em 2006 aos 23 anos após ser sequestrado e torturado, também foi profanado.
Recentemente, os chamados "coletes amarelos", que ganharam fama ao realizar uma série de protestos contra o governo do presidente Emmanuel Macron, vêm sendo acusados de antissemitismo. Um homem foi preso após uma enxurrada de declarações de ódio contra o filósofo judeu Alain Finkielkraut durante uma dessas manifestações.
A França é o país europeu que abriga a maior população judaica do continente, com cerca de 550 mil pessoas. Dados do governo apontam que as ofensas contra judeus aumentaram quase 74% no país em 2018, saltando de 311 em 2017 para 541 no ano passado. Diante da situação, o governo de Macron anunciou, no mês passado, medidas para combater o antissemitismo.
Grandes e pequenos memoriais em toda a capital alemã relembram seu passado judaico e os crimes do regime nazista.
Foto: Renate Pelzl
Memorial aos Judeus Mortos da Europa
Esse enorme campo de monólitos no centro da capital alemã foi inaugurado em 2005. O projeto é do arquiteto nova-iorquino Peter Eisenmann. Os quase três mil blocos de pedra evocam a lembrança dos seis milhões de judeus de toda a Europa que foram assassinados pelos nazistas.
Foto: picture-alliance/Schoening
Stolpersteine ("pedras de tropeço")
Estes pequenos blocos podem ser encontrados em centenas de calçadas de Berlim, em frente a imóveis que eram ocupados por famílias judias. Nelas, constam os nomes dos antigos moradores judeus e informações sobre seu destino final, como o campo de concentração para onde foram enviados. No total, existem mais de 7 mil desses pequenos memoriais só em Berlim.
Foto: DW/T.Walker
A casa da Conferência de Wannsee
Quinze autoridades nazistas de alto escalão se reuniram nesta mansão às margens do lago Wannsee, no subúrbio berlinense de mesmo nome, em 20 de janeiro de 1942. O tema da conferência: discutir o assassinato sistemático de judeus europeus, que foi batizado de "solução final para a questão judaica". Hoje o local é um memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial Plataforma 17
Rosas brancas na plataforma 17 da estação Grunewald, no oeste da capital, lembram os mais de 50 mil judeus de Berlim que foram enviados para a morte a partir desse local. Em exibição estão 186 placas que mostram a data, o destino e o número de deportados.
Foto: imago/IPON
Museu Otto Weidt
O complexo de prédios Hackesche Höfe no centro de Berlim é mencionado em vários guias de viagem. Em um dos edifícios, ficava a fábrica de escovas e vassouras do empresário alemão Otto Weidt (1883-1947). Durante a era nazista, ele empregou muitos judeus cegos e surdos, salvando-os da deportação e da morte. Hoje o local é um museu.
Foto: picture-alliance/Arco Images
Centro de moda na Hausvogteiplatz
O coração da moda de Berlim uma vez bateu aqui. Uma placa comemorativa feita de espelhos lembra os estilistas e fashionistas judeus que fizeram roupas para toda a Europa na praça Hausvogtei. Os nazistas expropriaram os donos judeus e entregaram os ateliês para funcionários e empresários arianos. Esse centro de moda acabou sendo irremediavelmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Memorial na Koppenplatz
Antes do Holocausto, 173 mil judeus viviam em Berlim. Em 1945 havia apenas 9 mil. O monumento "Der verlassene Raum" (a sala abandonada) está localizado no meio da área residencial da praça Koppen. É uma forma de relembrar os cidadãos judeus que foram tirados de suas casas e nunca retornaram.
Foto: DW
O Museu Judaico
O arquiteto Daniel Libeskind escolheu um design dramático: visto de cima, o edifício parece uma estrela de David quebrada. O Museu Judaico é um dos prédios mais visitados em Berlim, oferecendo uma visão geral da turbulenta história teuto-judaica.
Foto: AP
Cemitério Judaico Weissensee
Ainda há oito cemitérios judaicos em Berlim. O maior deles fica no distrito de Weissensee. Com cerca de 115 mil túmulos, é o maior cemitério judaico da Europa. Muitos judeus perseguidos se esconderam no emaranhado de construções dos cemitérios durante o regime nazista. Em 11 de maio de 1945, três dias após o fim da Segunda Guerra, o primeiro funeral judaico público foi realizado aqui.
Foto: Renate Pelzl
A Nova Sinagoga
Quando a sinagoga da rua Oranienburger foi consagrada em 1866, o prédio foi considerado o mais magnifico templo judaico da Alemanha. O edifício foi danificado na Noite dos Cristais em 1938 e depois foi duramente bombardeado na Segunda Guerra. No início dos anos 1990, foi parcialmente reconstruído. Desde então, sua cúpula dourada voltou a ser facilmente inidentificável no horizonte de Berlim.