Menina raptada pelo Boko Haram é encontrada na Nigéria
18 de maio de 2016
Jovem de 19 anos é a primeira das estudantes raptadas há dois anos pela milícia terrorista no nordeste do país a ser salva. Ela está grávida e traumatizada, diz familiar.
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Uma das 219 meninas raptadas há mais de dois anos pela milícia terrorista Boko Haram numa escola no vilarejo nigeriano de Chibok foi encontrada nesta terça-feira (17/05). Amina Ali Nkeni, de 19 anos, foi localizada por um grupo de vigilantes civis na floresta de Sambisa, no estado de Borno, perto da fronteira com Camarões.
O tio dela disse que a jovem "passa bem", apesar de afirmar que ela está grávida e traumatizada com os acontecimentos. Ele disse que Amina foi levada para Chibok, onde reencontrou sua mãe. O pai dela morreu enquanto ela estava nas mãos da milicia islamista, que ocupa boa parte do território do nordeste da Nigéria.
Em abril do ano passado, cerca de 300 estudantes foram raptadas pelos extremistas em Chibok, a cerca de 100 quilômetros da floresta de Sambisa. Várias conseguiram fugir, mas 219 permaneciam sob poder dos terroristas. O paradeiro das demais 218 é desconhecido.
Uma campanha internacional pela libertação das jovens foi deflagrada. A hashtag #bringbackourgirls ("tragam de volta nossas meninas") foi amplamente divulgada nas redes sociais.
Sequestro de meninas na Nigéria completa dois anos
01:29
Amina é a primeira das 219 meninas a ser recuperada. Um líder comunitário local afirmou que outras jovens do grupo, que ficou conhecido mundialmente como "as meninas de Chibok", podem também ter sido resgatadas pelos soldados que combatem o Boko Haram na floresta de Sambisa, nesta terça-feira.
A insurgência do Boko Haram no nordeste da Nigéria já dura seis anos. Inicialmente, eles se revoltaram contra o Estado corrupto, mas seus objetivos são cada vez mais indefinidos. Milhares de aldeões foram mortos em ataques e atentados, sejam cristãos, sejam muçulmanos.
RC/ap/rtr/afp
Reféns do Boko Haram libertados na Nigéria: "Ainda dói"
As 293 mulheres e crianças libertadas na semana passada pelo exército nigeriano das mãos do Boko Haram foram levadas para um campo de refugiados perto da cidade de Yola. Mas o seu sofrimento está longe de terminar.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
O sorriso perdido
"O que se percebe imediatamente é que as crianças aqui quase não riem", conta um funcionário do acampamento de Malkohi, na periferia da cidade nigeriana de Yola. Cerca de metade das perto de 300 pessoas que eram mantidas em cativeiro pelo Boko Haram tem menos de 18 anos. Um terço das crianças no acampamento sofre de desnutrição.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Primeiros dias de vida no acampamento
Lami Musa é mãe da mais recente moradora do acampamento de Malkohi. Deu à luz na semana passada. Um dia depois foi salva por soldados nigerianos. Durante a operação de resgate várias mulheres foram mortas pelos terroristas. "Apertei firmemente a minha filha contra o meu corpo e inclinei-me sobre ela", recorda a jovem mãe.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Filho perdido durante o cativeiro
Halima Hawu não teve tanta sorte. Um dos seus três filhos foi atropelado enquanto os terroristas a raptavam. Durante a operação de resgate um soldado nigeriano atingiu-a numa perna, porque os membros do Boko Haram usam as mulheres como escudos humanos. "Ainda dói, mas talvez agora o pior já tenha passado", espera Halima Hawu.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Poucos alimentos para as crianças
Babakaka, de três anos, teve de passar seis meses com o Boko Haram. Só raramente havia algum milho para as crianças, contam antigos prisioneiros. Quando foram libertados pelos soldados, Babakaka estava quase a morrer de fome. Babakaka continua extremamente fraco e ainda não recebeu tratamento médico adequado no acampamento.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Sobrevivência por um triz
A mãe de Babakaka foi levada para o Hospital de Yola juntamente com cerca de outras vinte pessoas gravemente feridas. Durante a fuga, alguém que seguia à sua frente pisou uma mina. A explosão foi tão forte que a mulher ficou gravemente ferida. Perdeu o bebé que carregava.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Roupas usadas do Ocidente
Exceptuando algumas doações de roupas velhas, ainda não chegou muita ajuda internacional às mulheres e crianças do acampamento de Malkohi. Aqui há falta de muitas coisas, sobretudo de pessoal médico. Não há qualquer vestígio do médico de serviço no acampamento. Apenas duas enfermeiras e uma parteira mantêm em funcionamento o posto de saúde temporário.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Dependentes de voluntários
"Não entendo por que motivo o nosso serviço de emergência nacional não faz mais", reclama a assistente social Turai Kadir. Por sua própria iniciativa, Turai Kadir chamou uma médica para tratar das crianças mais desnutridas. Na verdade, essa é a tarefa da NEMA, a agência nigeriana de gestão de emergências, que está sobrecarregada.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
"Incrível capacidade de resistência"
Regina Musa voltou há poucos meses dos Estados Unidos para dar aulas de Psicologia na Universidade de Yola. Agora, a psicóloga presta aconselhamento psicológico a mulheres e crianças. "As mulheres têm demonstrado uma incrível capacidade de resistência", diz Musa. Durante o período traumático, muitas delas também se preocupavam com os filhos de outras pessoas. Autor: Jan-Philipp Scholz (em Yola)