Ao lado do irmão e da mãe, Aylan Kurdi, que se tornou símbolo da atual crise migratória, é sepultado em sua cidade natal. "Espero que a minha história faça com que as pessoas ajudem mais os refugiados", diz pai.
Anúncio
Aylan Kurdi, o menino sírio de três anos que se tornou símbolo da crise migratória após ter sido encontrado morto numa praia turca, foi enterrado em Kobane, na Síria, nesta sexta-feira (04/09). Além de Aylan, o irmão e a mãe foram sepultados num cemitério da cidade natal da família.
Dezenas de pessoas compareceram ao enterro. Abdullah Kurdi, pai de Aylan e único sobrevivente do naufrágio do barco com 12 migrantes a bordo, também estava presente. Testemunhas afirmaram que ele chorou bastante e beijou os caixões. "Espero que a minha história faça com que as pessoas ajudem mais os refugiados", disse Abdullah ao canal de televisão curdo Rudaw.
Com a tragédia, o sírio abandonou qualquer desejo de deixar a terra natal novamente. "Ele só queria ir à Europa para o bem de seus filhos", disse Suleiman Kurdi, um tio de Abdullah. "Agora que eles estão mortos, ele quer ficar aqui em Kobane perto deles."
Os corpos da mãe e dos dois meninos foram levados para uma cidade perto da fronteira da Turquia com a Síria, de onde veículos funerários, escoltados por policiais, seguiram até a cidade fronteiriça de Suruc e, em seguida, até Kobane.
Legisladores turcos acompanharam Abdullah até Kobane. Jornalistas e simpatizantes foram parados num posto de controle a cerca de três quilômetros da fronteira. Segundo a emissora Rudaw, a Turquia impediu a passagem de muitas pessoas pela fronteira, embora muitos fossem curdos de Kobane que agora vivem na Turquia.
O corpo de Aylan foi encontrado nesta quarta-feira numa praia de Bodrum, na Turquia. O menino fazia parte de um grupo de refugiados que tentavam chegar até a ilha grega de Kos. As imagens do menino morto provocaram consternação internacional.
Abdullah e a família tinham fugido para a Turquia, de onde tentavam conseguir refúgio no Canadá. A irmã de Abdullah, Teema Kurdi, que vive há 20 anos em Vancouver, disse ter feito o pedido de asilo em nome dos familiares em junhp, que teria sido negado. O governo canadense, no entanto, nega ter recebido um pedido de asilo para a família de Abdullah.
PV/ap/afp/dpa/rtr
De onde vêm os refugiados africanos?
Em 2015 mais de 200 mil pessoas entraram ilegalmente na Europa cruzando o mar Mediterrâneo. Listamos os principais países de origem dos refugiados africanos e os motivos pelos quais eles eles deixam seus lares.
Foto: AFP/Getty Images/C. Lomodong
1° Eritreia
Segundo a ONU, pelo menos 357 mil pessoas – 5% da população – fugiram da Eritreia em 2014. O país, considerado a "Coreia do Norte da África", enfrenta péssimas condições econômicas e humanitárias como pobreza, tortura e prisões arbitrárias. A maioria dos refugiados são jovens que querem fugir do Exército. O serviço militar oficial dura 18 meses, mas na prática é prorrogado indefinidamente.
Foto: Reuters/B. Ratner
2° Somália
A Somália é considerada um "estado falido", sem um governo central há 20 anos. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), 14% da população – mais de um milhão de pessoas – vive no exílio. Dentro do país a população vive aterrorizada pelo grupo extremista islâmico Al Shabaab. Cerca de 7mil refugiados cruzaram o Mediterrâneo só no primeiro semestre de 2015.
Foto: Getty Images/AFP/M. Abdiwahab
3° Nigéria
Os ataques do grupo terrorista Boko Haram contra a população do norte da Nigéria têm provocado uma catástrofe humanitária. Além disso, segundo a Anistia Internacional, a situação na Líbia também obriga os nigerianos que haviam encontrado emprego e proteção no país a fugir mais uma vez. Cerca de 8 mil nigerianos chegaram à Itália no primeiro semestre de 2015.
Foto: Reuters/A. Sotunde
4° Gâmbia
Com apenas 1,8 milhão de habitantes, Gâmbia é um dos menores países da África. Ainda assim, 4 mil pessoas pediram asilo na Europa só no primeiro semestre de 2015. A situação se assemelha à da Eritreia: há mais de 20 anos o governo impõe um regime de opressão. Mais da metade dos gambianos vive abaixo da linha de pobreza, e cerca de 60% da população é analfabeta.
Foto: STR/AFP/Getty Images
5° Sudão
O governo Sudão está em uma longa guerra contra grupos rebeldes. Só na província de Darfur mais de 300 mil pessoas já morreram. Os ataques contra a população civil e as perseguições às minorias étnicas obrigam os sudaneses a fugir. O país também acolhe refugiados de outras regiões: cerca de 167 mil pessoas da Eritrea, Etiópia, Chade e Congo se unem aos milhões de deslocados internos do Sudão.