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Mercado reage mal à derrota de Macri na Argentina

13 de agosto de 2019

Dólar dispara e bolsa do país registra queda superior a 30% diante da possibilidade de presidente perder eleição para chapa kirchnerista já no 1° turno.

Argentinischer Präsident Mauricio Macri
Macri obteve 32,08% da preferência do eleitorado, uma desvantagem de mais de 15 pontos percentuais em relação aos adversários kirchneristasFoto: Reuters/M. Brindicci

A derrota do presidente Mauricio Macri nas eleições primárias da Argentina contaminou os mercados do país. Nesta segunda-feira (12/08), o índice Merval, das principais ações cotadas na Bolsa de Comércio de Buenos Aires, fechou em baixa de 37,93%. Por sua vez, o Índice Geral S&P/BYMA caiu 36,97%.

Já o peso argentino chegou a perder 30% do seu valor frente ao dólar americano nas primeiras horas desta segunda-feira. O Banco Central do país se viu então obrigado a vender 105 milhões de dólares para segurar o valor e aumentar a taxa básica de juros, de 63,71% para 74,78% . Ao final do dia, o peso argentino havia sofrido desvalorização de quase 20%, cotado 57,30 pesos por dólar - alta de 13 pesos em relação ao valor da última sexta-feira.

Já os títulos da dívida e as ações argentinas em Wall Street tiveram uma queda de dois dígitos, entre 14%, e 27%. Empresas argentinas com ações na bolsa americana também registraram forte queda. Os papeis do Grupo Financiero Galicia caíram mais de 57,5%, e os da YPF, 36,7%.

O pessimismo com a derrota de Macri e a sinalização de que a chapa oposicionista, composta por Alberto Fernández e a ex-presidente Cristina Kirchner, poderá vencer as eleições presidenciais de outubro já no primeiro turno também teve efeitos no Brasil.

O índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou nesta segunda-feira em baixa de 2%. No mercado de câmbio, o dólar comercial subiu 1,05% e fechou cotado a 3,983 reais para compra e 3,987 reais para venda.

No domingo, o peronista Alberto Fernández derrotou com vantagem de mais de 15 pontos percentuais o presidente da Argentina, Mauricio Macri, nas eleições primárias. O candidato de centro-esquerda, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, sai assim como favorito às presidenciais de outubro.

Com 98,67% das urnas apuradas, Macri obteve 32,08% da preferência do eleitorado, uma desvantagem de mais de 15 pontos percentuais em relação aos adversários da Frente de Todos, liderada por Fernández, que obteve 47,65% dos votos.

Embora as sondagens eleitorais já dessem o primeiro lugar a Fernández, nenhuma pesquisa havia previsto uma vitória com diferença tão ampla. Segundo dados oficiais, a taxa de participação nas urnas foi de cerca de 75%, entre as 33,8 milhões de pessoas aptas a votar.

Para ganhar no primeiro turno, o candidato a presidente tem que obter 45% dos votos ou mais de 40% com uma diferença de 10 pontos sobre o segundo colocado. Caso os resultados se repitam na eleição presidencial de 27 de outubro, Fernández pode ser eleito sem necessidade de segundo turno.

Após o resultado negativo e a turbulência financeira provocada pelo seu mau desempenho, Macri disse que a vitória da oposição mostra uma "bronca acumulada" dos argentinos com a crise da economia, uma situação em parte provocada, segundo ele, pela "difícil herança" deixada pelos dois antecessores no cargo, Cristina e Néstor Kirchner.

"A alternativa kirchnerista não tem credibilidade no mundo, não gera a confiança necessária para que as pessoas queiram vir investir no país. Eles já governaram e têm que provar que farão algo diferente do que fizeram antes", afirmou Macri.

"Hoje é um dia muito ruim. Hoje estamos mais pobres do que antes das primárias", disse Macri. Apesar das críticas aos opositores, Macri prometeu que trabalhará para recuperar a economia do país e conquistar os votos necessários para forçar um segundo turno.

"Vamos reverter essa eleição ruim de ontem e transformá-la em uma eleição melhor que nos leve ao segundo turno em novembro", afirmou. Macri ainda descartou mudanças no governo visando as eleições e afirmou tomará medidas para que o processo eleitoral não "castigue ainda mais" os argentinos. No entanto, o presidente evitou dar detalhes sobre as medidas que estão sendo estudadas por ele e sua equipe.

JPS/efe/ots

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