Mercados europeus em estado de choque
7 de julho de 2005Para o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, os atentados coordenados à capital britânica nesta quinta-feira (07/07) são atos "covardes" e "pérfidos", com a meta obviamente de dar um sinal aos chefes de Estado e governo reunidos em Gleneagles para o encontro de cúpula do G-8.
De fato, os políticos presentes interromperam suas negociações até que o premiê britânico, Tony Blair – que abandonou os colegas em direção a Londres – volte à cidade escocesa.
Mas as conseqüências dos ataques para a economia mundial ainda são difíceis de prever, embora os governos garantam que a funcionalidade dos mercados financeiros não tenha sido abalada.
Bolsas de valores reagem rápido
Na manhã de quinta-feira, os ataques à rede de transporte londrina trouxeram lembranças amargas dos atentados de Nova York e Madri, abalando o mercado financeiro internacional. Em Londres, a Câmara de Compensação da Bolsa de Valores, responsável por todas as transações monetárias, foi evacuada.
As bolsas reagiram negativamente nos principais centros financeiros internacionais. O índice alemão, o DAX, registrou uma queda de mais de 3% em poucos minutos, mas se recuperou mais tarde, fechando o dia com queda de 1,85%. Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 0,6% já nos primeiros cinco minutos de operação.
Principalmente empresas de turismo, transporte aéreo e seguradoras sofreram o impacto do atentado. Os papéis da TUI, a maior operadora de turismo da Europa, chegaram a perder 6% de seu valor ao longo da quinta-feira, recuperando-o apenas lentamente. Lufthansa, easyJet, RyanAir e British Airways, todas registraram queda.
Ao longo do dia, a seguradora Allianz e a resseguradora Münchner Rück, ambas alemãs, chegaram a encabeçar a lista dos maiores perdedores, só recuperando fôlego após a garantia da direção de que as empresas não fazem parte do pool de seguradoras que terá de arcar com os custos do atentado.
Ministros tentam manter a calma
Os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais das sete maiores nações industrializadas (G-7) mantêm contato permanente para avaliar possíveis medidas destinadas a proteger os mercados das conseqüências das explosões.
Em ação conjunta em reação ao atentado ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001 em Nova York, os bancos centrais reduziram suas taxas de juros de modo a impulsionar a economia mundial e contribuir para a estabilização dos mercados. Neste ano, não deverá haver nenhuma ação semelhante.
O Banco Central Europeu não considera que a funcionalidade dos mercados e dos sistemas financeiros tenha sido abalada. "Os sistemas de pagamento funcionam", disse o presidente da instituição, Jean-Claude Trichet, em Frankfurt. "Não acreditamos que esses acontecimentos possam ter conseqüências significativas."
Para o ministro alemão das Finanças, Hans Eichel, a economia mundial não "sairá dos trilhos". Em Berlim, ele aconselhou reagir com prudência à queda das bolsas de valores. Seria errado "contribuir para que a situação fuja ao controle com atos equivocados e reações de pânico". Para ele, as alterações do mercado não são nenhuma surpresa.
Varejo: reação é fenômeno de curto prazo
Tampouco o varejo alemão acredita que as conseqüências econômicas da série de atentados, que causam insegurança entre os consumidores, sejam fenômenos de longo prazo.
Para Hubertus Pellengahr, porta-voz da Confederação do Comércio Varejista Alemão (HDE), quaisquer previsões de como os ataques possam afetar o comportamento dos consumidores nas grandes cidades alemãs não passam de meras especulações.