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Mercosul condiciona volta de Venezuela a avanço democrático

21 de dezembro de 2017

Em cúpula do Mercosul comandada por Michel Temer em Brasília, líderes defendem manutenção do afastamento do país suspenso em agosto. Apenas Bolívia questiona ausência de Venezuela em encontro.

Temer recebeu líderes do Mercosul em Brasília
Temer recebeu líderes do Mercosul em BrasíliaFoto: picture alliance/dpa/AP PhotoE. Peres

Durante a cúpula do Mercosul em Brasília, o presidente Michel Temer defendeu nesta quinta-feira (21/12) o retorno democracia na Venezuela e afirmou que avanços nesta direção são necessários para que o país possa a voltar ao Mercosul. A suspensão venezuelana foi um dos temas debatidos no encontro.

"Quando suspendemos a Venezuela do Mercosul, era uma medida que se impunha. Estamos e continuaremos ao lado da liberdade de expressão, da separação dos poderes e dos direitos humanos. Queremos a nação venezuelana de volta à democracia e que possa também voltar ao Mercosul", afirmou Temer, durante seu discurso.

Leia mais: Cinco motivos por que a crise da Venezuela tem importância internacional

Temer argumentou que a democracia foi recuperada na região com um grande esforço e defendê-la não é impor políticas a ninguém. "Mas sim manter fidelidade aos compromissos assumidos pelo Mercosul e sobretudo quando princípios fundamentais são postos em xeque", ressaltou.

Além do Brasil, a Argentina e o Paraguai condicionaram a avanços democráticos o regresso da Venezuela ao bloco. O país foi suspenso em agosto pelo que os líderes do Mercosul consideraram uma "ruptura democrática".

O presidente da Bolívia, Evo Morales, no entanto questionou a ausência da Venezuela na cúpula. Já seu homólogo uruguaio Tabaré Vázquez se absteve de se pronunciar sobre o assunto. O Uruguai foi o país que mais resistiu à suspensão da Venezuela do bloco.

Morales, porém, foi o único que defendeu a reintegração da Venezuela ao bloco. "Fazemos um apelo para unir a Venezuela a estas cúpulas tão importantes. Não entendemos como um estado-membro está ausente", afirmou o presidente boliviano, um aliado incondicional do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

O presidente boliviano afirmou que a região não pode ignorar que há um ataque da mídia e de alguns países contra a Venezuela. "Não podemos deixar que isso continue. Temos que ser solidário com a Venezuela ", afirmou.

Possível acordo entre oposição e governo na Venezuela

O ministro de Relações Exteriores do Chile, Arauto Muñoz, que encabeçou a delegação do seu país na cúpula, disse que, apesar de nos últimos dias terem sido registrados avanços para um possível acordo entre governo venezuelano e oposição, ainda é necessário "esperar sinais claros da Venezuela para uma saída pacífica e democrática" da sua crise política.

O Chile é um dos países associados ao Mercosul, o mesmo status da Bolívia, mas é o único que acompanha como observador os diálogos dos venezuelanos na República Dominicana.

De acordo com Muñoz, apesar dos avanços, a possibilidade de um acordo é dificultada por decisões como a que adotou esta semana a Assembleia Constituinte de eliminar num ato unilateral a prefeitura de Caracas, que estava nas mãos da oposição, e de deixar na ilegalidade os partidos que não participaram nas eleições municipais recentes.

"Se isso continuar acontecendo, então, a última reunião, no dia 12 de janeiro, será a última oportunidade de uma saída pacífica e política para a crise que estamos vendo", acrescentou.

A cúpula do Mercosul foi liderada por Temer, que presidiu o bloco econômico durante o segundo semestre de 2017, depois da suspensão da Venezuela. No encerramento da reunião, o presidente passou a presidência do bloco ao homólogo paraguaio Horacio Cartes.

CN/efe/abr

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