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Merkel aceita adiar Brexit, mas sob condições

21 de março de 2019

Chanceler federal alemã diz que Parlamento britânico deve antes aprovar acordo já negociado entre Londres e Bruxelas e legitimidade das eleições europeias de maio precisa estar garantida.

"As portas para a colaboração estarão sempre abertas", disse a chanceler Angela Merkel no Bundestag sobre o Reino Unido pós-Brexit
Merkel disse que trabalhará até a última hora para assegurar que haja um acordo entre as duas partesFoto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld

Em discurso ao Bundestag (Parlamento alemão) nesta quinta-feira (21/03), pouco antes de partir para uma reunião de cúpula dos líderes da União Europeia (UE) que certamente será dominada pelas questões envolvendo o Brexit, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, disse que aceitaria uma "breve prorrogação" da data de saída do Reino Unido, como solicitada por Londres, ainda que dentro de algumas condições.

Ela afirmou apoiar a extensão da data-limite do Brexit, como foi pedido pela primeira-ministra britânica, Theresa May, que pediu o adiamento para 30 de junho. Merkel, porém, ressaltou que, para que os líderes da UE possam votar sobre o pedido de May, é necessário que o Parlamento britânico aprove o acordo sobre a saída do Reino Unido negociado entre Londres e Bruxelas.

"Podemos, em principio, aceitar esse pedido caso tenhamos uma votação positiva na próxima semana sobre os termos da saída no Parlamento britânico", disse a chanceler. Ela, porém, ressaltou que para tal, a UE deve assegurar que a legitimidade das eleições europeias esteja garantida. A votação para o Parlamento Europeu ocorrerá nos Estados-membros da união entre os dias 23 e 26 de maio.

No entanto, parece improvável a aprovação no Parlamento britânico do texto negociado entre May e Bruxelas. O acordo foi rejeitado duas vezes pelos parlamentares , e a situação se agravou após John Bercow, o líder da Câmara dos Comuns [a câmara baixa do Parlamento britânico] ter rejeitado uma terceira votação sobre o mesmo texto a não ser que haja mudanças substanciais, o que não está previsto para ocorrer.

Assim, há oito dias da saída programada do Reino Unido da União Europeia, ainda não está claro como isso se dará. Pela situação atual, não há um acordo entre as duas partes que regulamente a saída e, se ela vier a ocorrer no fim do mês, será de forma brusca.

Merkel disse que, caso o acordo não seja aprovado no Reino Unido, é possível que haja uma nova cúpula dos lideres europeus na próxima semana, a poucos dias do fim do prazo que se encerra no dia 29 de março, para decidir de que forma se dará a saída do Reino Unido da UE.

A chanceler disse que trabalhará até a última hora para assegurar que haja um acordo entre as duas partes e disse estar convencida de que uma saída ordenada ainda é possível, o que interessa ao Reino Unido, mas também à Alemanha e aos demais Estados-membros da UE. Merkel, porém, assegurou que seu país já preparou medidas emergenciais para o caso de isso não ocorrer.

Ela disse que, ao mesmo tempo em que lamenta a saída do Reino Unido da UE, é necessário pensar nas futuras cooperações entre as duas partes, como na questão da segurança. "As portas para uma colaboração próxima estarão sempre abertas", disse a chanceler.

No Bundestag, a líder alemã pediu aos Estados-membros da UE que se mantenham voltados para o futuro da Europa "não importa quão dolorosa seja a saída do Reino Unido".

Ela ressaltou que o multilateralismo do bloco europeu está "sob ameaças crescentes" e pediu que os países ajam para proteger esse princípio. Como exemplo, ela citou as relações com a China, cujo modo de agir no comércio internacional impõe desafios aos valores fundamentais ao bloco.

Merkel lembrou que os valores europeus consagram a "liberdade de dizer, escrever e acreditar no que pensamos ser o certo", que forma a base das promessas europeias de prosperidade e segurança

RC/rtr/dpa/afp/ap

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