Merkel afirma que se vacinar contra a covid-19 é um dever
12 de novembro de 2021
Num momento em que a Alemanha vê a vacinação estagnada e as infecções pelo coronavírus explodirem, chanceler federal afirma que, além de ser um direito, se imunizar é um dever para proteger a si mesmo e os outros.
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Na semana em que a Alemanha bateu recordes de infecções diárias pelo coronavírus, com mais de 50 mil casos registrados na quinta-feira (11/11), a chanceler federal Angela Merkel afirmou que o ato de se vacinar é um dever.
"Você tem o direito de se vacinar. Mas, até certo ponto, você também tem o dever, como membro de uma sociedade, de ser vacinado para proteger você e os outros", disse Merkel, durante um encontro virtual com a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, no âmbito do fórum anual Cooperação Econômica Ásia-Pacífico.
A Alemanha não integra o bloco, mas Ardern convidou Merkel e expressou sua admiração por ela em uma conversa que durou em torno de 30 minutos.
Num vídeo divulgado nesta semana nas redes sociais, Merkel também falou sobre a importância da vacinação. "Na Alemanha, infelizmente tenho que dizer que nossa taxa de vacinação não é alta o suficiente para impedir a rápida disseminação do vírus", disse.
De um total de 83 milhões de habitantes, cerca de dois terços, ou 67,4%, estão totalmente vacinados na Alemanha. A vacinação, que não é obrigatória, está praticamente estagnada.
"O RKI [Instituto Robert Koch, agência de controle e prevenção de doenças] havia afirmado que qualquer taxa de vacinação da população abaixo de 75% estaria ligada a um crescimento exponencial [das infecções], com ocupação alta demais dos leitos de UTI", prosseguiu a chanceler. "O número dos leitos de UTI ocupados está subindo acentuadamente. Portanto, ações precisam ser acordadas rapidamente."
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Comparações com a crise climática
Em uma comparação da pandemia com a crise climática, Merkel afirmou na conversa com Ardern nesta sexta que "quando você começa a perceber um aumento exponencial, deve agir imediatamente".
"É também por isso que temos estado tão despreocupados com as mudanças climáticas, que também têm um aumento exponencial. Temos que agir num momento em que não é visível como os números vão aumentar", disse.
Merkel também disse que aconselharia futuros líderes a buscar entender diferentes perspectivas: "Antigamente, tínhamos certos eventos que aconteciam na nossa sociedade, a televisão noticiava e, no dia seguinte, todos falávamos sobre o assunto. Hoje, cada um participa da sua própria mídia social. As pessoas só se envolvem em uma bolha que encontram na internet."
A primeira-ministra neozelandesa afirmou, então, que seu país vem tentando aprender sobre o vírus à medida que ele se espalha: "Literalmente, constrói-se um avião enquanto se aprende a voar", afirmou Ardern.
gb/lf (AP, Reuters, DW)
O que líderes mundiais dizem sobre Merkel
Após 16 anos de era Merkel, líderes políticos destacam o pragmatismo e sabedoria da chanceler federal da Alemanha, descrevendo-a como um polo de tranquilidade que fará falta à diplomacia europeia e mundial.
Foto: Reuters/M. Kappeler
Barack Obama, ex-presidente dos EUA: "Um exemplo!"
Merkel tem "bom humor, um pragmatismo sábio e um senso moral implacável", disse o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Na foto, Obama com Merkel numa cúpula do G7 na Baviera em 2015. "Tantas pessoas, meninas e meninos, homens e mulheres, tiveram um exemplo a seguir em tempos difíceis." E acrescentou: "Fiquei feliz em me tornar seu amigo."
Foto: Reuters/M. Kappeler
Joe Biden: "Uma grandiosa amiga"
Já o sucessor de Obama, Joe Biden, não é tão eufórico. O presidente americano elogiou Merkel como "uma grande amiga, uma amiga pessoal e amiga dos EUA" e descreveu o governo dela como "histórico". Embora ela se dê muito melhor com Biden do que com o antecessor dele, Donald Trump, a relação Merkel-Biden permaneceu fria.
Foto: Guido Bergmann/Bundesregierung/Getty Images
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu: "Um monumento!"
Representantes da União Europeia a cobrem de elogios. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse a ela: "Você é um monumento. O Conselho Europeu sem Angela é como Roma sem o Vaticano ou Paris sem a Torre Eiffel. Sentiremos falta de sua sabedoria, especialmente em tempos difíceis. Você é como uma bússola, e como uma luz que brilha no nosso projeto europeu."
Foto: Reuters/V. Mayo
Jean-Claude Juncker, ex-presidente da Comissão Europeia: "Obra de arte completa"
Poucos na UE têm tanta experiência quanto o ex-presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker. Ele conhece Merkel de inúmeros encontros de cúpula e diz: "Eu a valorizo como uma obra de arte completa, porque ela é feita de muitas partes." Em 16 anos, ela "fez muitas coisas certas e nada de fundamentalmente errado".
Foto: Reuters/K. Pfaffenbach
Emmanuel Macron, presidente da França: "Obrigado por suas lutas" pela Europa
O parceiro mais próximo de Merkel na Europa é o presidente francês Emmanuel Macron. Como nenhum outro, ele fez campanha pelo fortalecimento e aprofundamento da UE, frequentemente com Merkel, embora ela tenha se mostrado um pouco cética e hesitante. Mesmo assim, ele tuitou: "Obrigado, querida Angela, pelas lutas travadas pela nossa Europa."
Foto: John Thys/AFP/dpa/picture alliance
Boris Johnson, premiê britânico: "Engajamento histórico"
Boris Johnson foi um parceiro mais difícil. Ele foi fundamental para a saída de seu país da UE. Mesmo assim, Johnson, sempre brincando, distribuiu gentilezas durante a visita de despedida de Merkel em julho. Ele agradeceu à chanceler federal alemã por seu "engajamento histórico, não apenas pelas relações teuto-britânicas, mas pela diplomacia em todo o mundo".
Foto: David Rose/Daily Telegraph/empics/picture alliance
Tony Blair, ex-premiê britânico : "Ela manteve a unidade"
Se dependesse de Tony Blair, o Reino Unido teria ficado na UE. Nos primeiros anos do governo Merkel, o ex-premiê britânico disse: "Ainda podemos considerar um feito notável que ela tenha conseguido manter o bloco europeu unido, justamente na fase provavelmente mais difícil pela qual a Europa passou."
Foto: Gretel Ensignia/AP Photo/picture alliance
Alexander Schallenberg, chanceler federal da Áustria: "Polo de tranquilidade"
Ele é novo no cargo, após o antecessor, Sebastian Kurz, deixar o cargo em meio a alegações de corrupção. Mas, por já ter sido ministro do Exterior da Áustria, Schallenberg conhece Merkel há anos: "Ela vai deixar uma lacuna. Ela foi um polo de tranquilidade. E ela foi, sem dúvida, uma grande europeia."
Foto: Lisa Leutner/AP/picture alliance
Mateusz Morawiecki, premiê da Polônia: "Ela sempre manteve o diálogo"
Merkel sempre atribuiu grande importância à cooperação estreita com a vizinha Polônia, o que nem sempre foi possível devido a diferenças de opinião, por exemplo, sobre a política de refugiados. O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, disse a Merkel na visita de despedida dela: "Apesar de muitas questões difíceis, sempre permanecemos em diálogo, pelo que lhe agradeço."
Foto: KACPER PEMPEL/REUTERS
Recep Erdogan, presidente da Turquia: "Amiga" e "cara chanceler"
Merkel teve muitos problemas com o presidente turco, Recep Erdogan, principalmente em questões de direitos humanos. Entretanto, ele a elogiou como "amiga" e "cara chanceler", uma política experiente que sempre cultivou "abordagens coerentes e orientada para soluções". De fato, Merkel procurou com frequência o diálogo com Erdogan, principalmente por causa da política de refugiados.
Foto: OZAN KOSE/AFP
Xi Jinping, presidente da China: "Velha amiga da China"
Merkel sempre foi uma grande admiradora dos avanços da China. Somente no final de seu governo ela ficou mais cética. O chefe de Estado chinês e líder do partido, Xi Jinping, se despediu dela em uma transmissão de vídeo, chamando-a de "velha amiga da China". Entretanto, esta duvidosa honraria também já foi conferida a Vladimir Putin, Fidel Castro e Robert Mugabe.
Foto: Liu Bin/XinHua/dpa/picture alliance
Vladimir Putin, presidente da Rússia: Tempo dela no poder é "notável"
O conceito que o presidente russo tem de Merkel é bastante modesto. "Ela esteve no poder por 16 anos, o que é notável", disse ele recentemente, ao ser questionado se sentiria falta dela. A foto mostra os dois em 2007, quando Putin deixou seu cão labrador farejar Merkel, que tem medo de cães.
Foto: ITAR-TASS/imago images
George W. Bush, ex-presidente dos EUA: "Classe e dignidade"
O ex-presidente americano George W. Bush se dedica hoje principalmente à pintura, e entre suas obras está um quadro que fez de Angela Merkel, que chegou a visitá-lo em seu rancho no Texas. Bush disse recentemente à DW: "Angela Merkel preencheu sua tão importante posição com classe e dignidade. Ela fez o que era melhor para a Alemanha, e o fez com base em princípios."