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Merkel alcança acordo para formar novo governo

7 de fevereiro de 2018

Negociações entre conservadores, liderados pela chanceler alemã, e social-democratas são bem-sucedidas, sinalizando fim de bloqueio político que já dura mais de quatro meses.

Horst Seehofer (esq.), líder da CSU; Angela Merkel, líder da CDU; e Martin Schulz, líder do SPDFoto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka

Após mais de quatro meses de impasse político, a Alemanha está mais perto de ter um governo. Nesta quarta-feira (07/02), os conservadores, liderados pela chanceler federal Angela Merkel, e os social-democratas concluíram suas negociações e anunciaram um acordo para formar uma coalizão.

Agora, o programa de governo acordado precisa do aval dos mais de 460 mil membros do Partido Social-Democrata (SPD). Nas próximas semanas, os filiados poderão votar pelo correio a favor ou contra a reedição da chamada grande coalizão com a União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU).

A CDU vai ficar com os ministérios da Economia e da Defesa. O presidente da CSU, Horst Seehofer, será o futuro ministro do Interior. O SPD indicará os ministros do Exterior, das Finanças, do Trabalho e Social. O cobiçado cargo de ministro do Exterior deverá ficar com o presidente do SPD, Martin Schulz.

Em entrevista após a maratona de negociações, Schulz defendeu o acordo e disse que ele tem, em grande medida, "a marca da social-democracia". Merkel afirmou que algumas concessões foram difíceis, "mas valeu a pena", e que o acordo "estabelece os fundamentos de um governo bom e estável".

Leia mais: A crise da social-democracia europeia

A Alemanha nunca ficou tanto tempo sem governo depois de uma eleição parlamentar. Após o pleito de setembro, o SPD, parceiro de coalizão de Merkel na última legislatura, anunciou que iria para a oposição. Com 20,5% dos votos, o partido obtivera seu pior resultado eleitoral desde 1949.

A chanceler federal recorreu, então, a liberais e verdes para tentar formar um governo de maioria, mas as negociações fracassaram em novembro. Agora, o SPD é tido como a última opção de Merkel em busca de um quarto mandato.

Se os filiados do partido rejeitarem a coalizão, restarão apenas duas opções: um governo de minoria ou novas eleições – algo que nunca aconteceu e que pode resultar no fim da era Merkel.

O domingo passado havia inicialmente sido definido como a data-limite para o fim das negociações, mas questões relativas a política internacional, mercado de trabalho e uma reforma do sistema de saúde fizeram com que as conversas fossem estendidas até está terça-feira. 

No início desta última rodada, nesta terça-feira, Merkel pediu que ambos os lados se dispusessem a fazer concessões, mesmo que "dolorosas". O objetivo seria formar um governo confiável e, assim, estabelecer as condições para que se possa continuar vivendo de maneira próspera e segura no país, disse.

Schulz, líder do SPD, também declarou se tratar de formar um governo estável em uma das economias mais importantes do mundo, que possa fazer jus aos desafios nacionais e internacionais.

Um dos temas-chave sobre os quais ambas as partes chegaram a acordos durante as negociações, iniciadas em 26 de janeiro, incluem a política energética. Conservadores e social-democratas definiram que as energias renováveis devem representar 65% do consumo no país até 2030.

Outra questão sobre a qual se chegou a um consenso foi a do reagrupamento familiar de refugiados com proteção provisória . Ficou determinado que as reuniões familiares ficam suspensas até 31 de julho. Após essa data, será imposto um limite de mil entradas por mês.

Enquanto as negociações se delongavam, o eleitorado deu sinais de enfado. Uma pesquisa de opinião publicada pela emissora alemã ARD na semana passada mostrou que 51% dos entrevistados consideram positivo um quarto mandato de Merkel, enquanto 46% o veem de forma negativa.

O índice de aprovação é cerca de 20 pontos percentuais menor do que o registrado seis meses atrás, uma provável consequência das dificuldades que Merkel enfrenta para formar uma coalizão. Segundo a pesquisa, 71% disseram estar perdendo a paciência com a demora para a formação de governo.

LPF/dpa/ots

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