Merkel alerta para possível agravamento da pandemia
28 de agosto de 2020
Chanceler federal alemã diz que crise do coronavírus pode piorar nos meses frios do ano, quando pessoas tendem a ficar mais tempo em ambientes fechados. "Continuem levando a sério", pede.
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A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, alertou a população do país para a possibilidade de meses complicados no outono e no inverno europeus devido à pandemia do coronavírus e disse que, em seu discurso de Ano Novo, não imaginava o quão conturbado seria o ano de 2020.
Na Alemanha, o chanceler federal tradicionalmente se apresenta duas vezes ao ano – uma no verão, outra no inverno – para uma entrevista coletiva na Conferência Nacional de Imprensa (Bundespressekonferenz, em alemão).
Normalmente, todos os temas possíveis são abordados por jornalistas de todos os cantos do país. Mas, como não podia deixar de ser, a entrevista desta sexta foi dominada pela pandemia do coronavírus, tanto no teor das perguntas quanto no número limitado de 41 jornalistas presentes e nas medidas de segurança.
Em suas considerações iniciais, Merkel tratou principalmente da covid-19 e expressou preocupação com os meses de outono e inverno, "quando voltarmos a passar bastante tempo no interior de nossas casas, nos locais de trabalho e nas escolas", e com o risco de o número de infecções aumentar. "É de se esperar que algumas coisas serão ainda mais difíceis nos próximos meses do que no verão."
"Por mais de meio ano, o coronavírus determina o meu trabalho como chanceler federal. Teremos que conviver ainda mais tempo com esse vírus. É sério, segue sendo sério e continuem levando a sério", disse Merkel, usando palavras similares às usadas em seu discurso de março.
"Não voltará a ser como antes enquanto não tivermos uma vacina ou um medicamento", disse a chanceler federal. "A única esperança é que lidemos com a doença de uma forma que ela não coloque em perigo a nós e as pessoas de grupos de risco."
"A pandemia torna grupos inteiros vulneráveis"
Mas a chanceler federal afirmou que também tirou experiências positivas da crise. A epidemia demonstrou que a Alemanha tem um robusto sistema de saúde, e a maioria da população mostrou "sensatez, responsabilidade e humanidade" durante a crise.
No combate à covid-19, Merkel traçou três objetivos para as próximas semanas: o funcionamento das creches e instituições de ensino deve ser garantido e as escolas devem ser mais bem equipadas para o ensino digital; a economia deve ser mantida em funcionamento no nível máximo possível; e a coesão social deve ser preservada até os limites da viabilidade, dentro das restrições vigentes.
"A pandemia torna grupos inteiros da população particularmente vulneráveis", disse Merkel e deu como exemplo idosos e pessoas que necessitam de cuidados e seus parentes, famílias com crianças em condições precárias de moradia, estudantes que perderam seus empregos de meio período, desempregados, pequenos empresários e artistas.
"Temos que prestar atenção especial a todos eles. Mas também é importante fazer tudo o que pudermos para garantir que nossos filhos não sejam os perdedores da pandemia", disse Merkel, reiterando que a educação é o ponto mais importante e que as escolas não devem deixar ninguém para trás.
"O vírus representa uma afronta à democracia", afirmou a chanceler federal. Para o Estado, o coronavírus representa também um desafio orçamentário. Ela disse que o governo se beneficiou do bom estado das finanças públicas e afirmou estar feliz por o governo não ter caído, em anos anteriores, na tentação de se endividar em tempos de bonança. Berlim pode arcar com todas as medidas e age com responsabilidade financeira, garantiu a chanceler federal alemã.
Quando questionada se seu governo cometeu erros durante a crise, especialmente em relação à questão de como lidar com as pessoas que retornavam de férias no exterior, Merkel disse que o governo teve que fazer ajustes repetidamente na conduta da crise. "Sempre que aprendemos algo novo, também temos que adotar novas medidas", disse Merkel, que acrescentou que não acreditava, por exemplo, que toda a Espanha teria que ser novamente declarada área de risco.
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Belarus, disputa no Mediterrâneo e clima
Entre outros temas, Merkel também abordou diversas áreas da política externa alemã. A chanceler federal pediu à Rússia que respeite a soberania de Belarus, que está em meio a uma onda de protestos antigovernamentais. Merkel afirmou que espera que Moscou não envie uma unidade policial a Belarus, como proposto pelo presidente russo, Vladimir Putin.
Merkel também afirmou que não descarta uma resposta conjunta da União Europeia (UE) no caso do dissidente russo Alexei Navalny, que está recebendo tratamento médico num hospital em Berlim por suspeita de envenamento. Merkel apontou que 30 aliados ocidentais formularam uma resposta diplomática coordenada depois que o agente duplo russo Serguei Skripal foi envenenado no Reino Unido.
Mas a chanceler federal alemã afirmou que ainda não está claro se Navalny foi de fato envenenado e, em caso afirmativo, por quem. Ela também rejeitou qualquer associação do caso Navalny com o projeto do gasoduto Nord Stream 2.
Próximo de sua conclusão, o projeto causou tensões entre Berlim e Washington. O governo do presidente Donald Trump argumenta que o gasoduto poderia colocar em risco a segurança europeia, ao mesmo tempo em que deseja vender mais gás natural liquefeito americano à Europa.
Merkel também prometeu que a Alemanha trabalhará para evitar que as escaramuças entre a Grécia e a Turquia sobre territórios marítimos descambem num conflito. Ela reiterou a necessidade de se encontrar uma solução conjunta em relação às zonas econômicas no Mar Mediterrâneo.
A chanceler federal alemã também afirmou que considera "administrável" a meta da UE de alcançar a neutralidade climática até 2050, embora admita que se trate de uma "tarefa ambiciosa, que exigirá muito mais mudanças de nós".
A Alemanha detém a presidência rotativa do Conselho da União Europeia até o fim de 2020.
PV/rtr/ap/dpa/ots
Vida de político na Alemanha
Quanto ganha um deputado federal alemão? E a chanceler Angela Merkel e o presidente Steinmeier? Além do salário, parlamentares e autoridades governamentais alemães têm vários outros benefícios.
Foto: picture alliance/dpa/L.Schulze
Salário da chefe de governo
Além de um salário de 18,7 mil euros, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, tem direito como membro do Parlamento à metade da "dieta" de um deputado federal, ou seja, 4,8 mil euros, como também a uma ajuda de custo livre de impostos de 3,3 mil euros e a outros benefícios. No total, sua remuneração chega a cerca de 28,8 mil euros mensais ou quase 345 mil euros (1,55 milhão de reais) anuais.
Foto: Getty Images/AFP/Hoang Dinh Nam
Apartamento funcional
A chefe de governo também tem direito a uma residência completamente equipada. Na Chancelaria Federal (foto), no centro de Berlim, há um apartamento funcional no oitavo andar à sua disposição, mas Angela Merkel preferiu continuar vivendo em sua antiga moradia num prédio de quatro pavimentos onde mora com o esposo em frente à Ilha dos Museus, não muito longe do seu local de trabalho.
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Aviões governamentais
Um Airbus serve ao transporte aéreo da chanceler Angela Merkel e do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier. Depois que panes em antigos aviões da frota governamental de 14 aeronaves levaram Merkel a chegar atrasada ao G20 em Buenos Aires no final do ano passado, o governo em Berlim anunciou a compra de três novos A350-900. Planeja-se também uma aeronave reserva sempre à disposição.
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Stylist, guarda-costas e motorista
Obviamente Angela Merkel tem uma assessora que cuida de seu visual, como também uma chefe de gabinete que trata de sua agenda. Sua proteção é assegurada por uma equipe de 15 a 20 guarda-costas, que trabalham em turnos. O motorista da chefe de governo dirige um Audi A8 blindado. A frota da Chancelaria Federal abrange 20 carros, todos de marcas alemãs: Mercedes, BMW, Audi e Volkswagen.
Foto: Imago
"Dieta" de deputados
Na Alemanha, os 709 parlamentares em Berlim não recebem oficialmente um salário, mas um subsídio também chamado de "dieta". Atualmente, ela corresponde a 9.780 euros, mas é corrigida anualmente em 1° de julho, conforme o aumento do custo de vida. Neste ano, a "dieta" dos deputados federais alemães ultrapassará os 10 mil euros. Esse aumento também afetará as pensões dos parlamentares.
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Aposentadoria parlamentar
A cada ano no Bundestag, um deputado alemão tem direito a 2,5% de sua remuneração para sua aposentadoria, ou seja, mais de 251 euros em 2019. A taxa máxima de 67,5%, a ser paga a partir de 67 anos de idade, é alcançada após 27 anos de trabalho parlamentar. Junto a "dieta" e pensão, os parlamentares em Berlim também têm outros benefícios.
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Ajuda de custo e viagens de trem
Além de sua remuneração, cada parlamentar alemão recebe mensalmente uma quantia de 4.418 euros, livre de impostos e corrigida a cada 1° de janeiro. Ele serve para cobrir os custos incorridos no contexto do mandato político, como acomodação e refeições. Despesas de viagens oficiais são ressarcidas, e cada deputado tem direito a viajar gratuitamente de primeira classe em trens na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Parentes às próprias custas
Os parlamentares também têm direito a atuais 21.536 euros mensais para despesa com funcionários. O dinheiro é pago diretamente aos empregados. Se o parlamentar empregar algum familiar, ele vai ter que pagá-lo do seu próprio bolso. O Parlamento também possui um serviço de motoristas que funciona dentro da cidade de Berlim e que pode ser requisitado pelos deputados caso necessitem.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Ajuda de reinserção
Os deputados também podem exercer atividades paralelas à sua função no Bundestag, como em conselhos de empresas. O ganho proveniente de tais atividades não é descontado de sua remuneração parlamentar. Para cada ano de mandato, o deputado tem direito ainda a uma chamada "ajuda transitória" para sua reinserção na antiga profissão equivalente a 9.541 euros mensais, pagos até 18 meses.
Foto: Imago/Westend61
Remuneração ministerial
Segundo a União dos Contribuintes da Alemanha (BdSt), os ministros alemães ganham pouco mais de 15 mil euros mensais, mais uma ajuda de custo. Há ainda uma quantia anual livre de impostos de cerca de 3,7 mil euros. Aqueles com mandato parlamentar (atualmente 10 de um total de 15 ministros) ainda recebem uma parcela de sua "dieta" que faz elevar seus salários a mais de 20 mil euros.
Foto: picture-alliance/dpa/M.Kappeler
Voos comerciais
Uma decisão tomada este ano em reação às panes com aviões governamentais estipula que, com exceção do ministro do Exterior, do ministro das Finanças e do ministro do Interior, os demais membros do gabinete deverão recorrer a aeronaves comerciais para seus compromissos oficiais no exterior. Mas todos os ministros têm direito a um carro oficial, que também pode servir para uso particular.
Foto: Fotolia/dell
Ajuda e pensão
Já após um dia no cargo, um ministro tem direito a quase 71 mil euros em ajuda transitória pós-mandato, que pode ascender a 213 mil euros dependendo do tempo que ficou na pasta. E quem foi ministro por ao menos dois anos pode esperar aposentadoria, que é de 28% do salário para quatro anos de mandato. A cada ano adicional, a pensão aumenta 2,4 % até um máximo de 11,3 mil euros.
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"O primeiro homem no Estado"
Na Alemanha, o presidente é o principal cargo estatal, não é à toa que ele é chamado de "o primeiro homem no Estado", mas sua função é, sobretudo, representativa. O chefe de Estado é antes de tudo uma autoridade moral e sua influência vai depender de sua personalidade. Segundo o escritório presidencial, ele recebe um salário de 236 mil euros anuais mais uma ajuda de custo anual de 78 mil euros.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken
Casa, carro e avião
O presidente alemão vive em residência oficial, que hoje está abrigada na Villa Wurmbach no bairro berlinense de Dahlem após reforma do escritório presidencial no Palácio Bellevue (foto); é guiado em limusine blindada com a placa "0-1" e tem uso privilegiado da frota de aviões governamentais. Os benefícios a que têm direito após deixar o cargo foram, no entanto, revisados após recente polêmica.
Foto: picture-alliance/dpa/L. Schulze
Cortes de benefícios
A crítica se dirigia em primeira linha ao ex- presidente Christian Wulff (foto), que renunciou em 2012 após somente 20 meses no cargo, recebendo "soldo honorário" de mais de 200 mil euros anuais. Além de cortes no pessoal do escritório dos ex-presidentes, a partir deste ano, a pensão presidencial vai passar a ser descontada de ganhos provenientes de qualquer atividade que exercer após o mandato.