Merkel alerta para semanas difíceis no combate à pandemia
12 de janeiro de 2021
Chanceler federal prevê ao menos mais dois meses críticos pela frente e expressa preocupação com disseminação na Alemanha de variante do coronavírus mais contagiosa.
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A chanceler federal Angela Merkel alertou nesta terça-feira (12/01) para o risco de disseminação na Alemanha de uma variante mais contagiosa do coronavírus e afirmou que o país enfrentará um período difícil com entre oito e dez semanas de duração.
A declaração foi relatada por várias pessoas que participaram de um encontro entre Merkel e membros de um grupo de trabalho sobre segurança, formado por parlamentares de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), no Bundestag (Parlamento alemão).
Merkel, contudo, não chegou a sugerir a aplicação de medidas rígidas para conter o vírus durante essas oito a dez semanas, como chegou a ser noticiado por alguns veículos de imprensa.
Concordou-se na reunião que o reforço das restrições dependerá de quão rápido a variante do coronavírus descoberta no Reino Unido, considerada até 70% mais contagiosa, se espalhe pela Alemanha. Uma extensão do lockdown não estaria, portanto, descartada.
A situação na Irlanda, onde em pouco tempo as infecções aumentaram dez vezes, mostrou quão rápido a variante mais contagiosa do coronavírus é capaz de se espalhar, disse Merkel na reunião, segundo relatos. Nesta terça, a Irlanda passou a ser o país com a maior taxa de infecção pelo coronavírus no mundo, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.
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Leve queda nos números da doença
A variante do coronavírus descoberta no Reino Unido, batizada de B117, fez com que o número de infecções disparasse no Reino Unido e forçou o governo a ampliar as medidas de restrição.
Os números da covid-19 na Alemanha apresentaram um leve queda nos últimos dias. Nas últimas 24 horas, o país registrou 12.802 novos casos e 891 mortes em razão da doença. Os números são bem menores do que os da última sexta-feira, quando foram contabilizadas mais de 31 mil infecções e 1.188 óbitos, um recorde de vítimas registradas em um só dia no país.
O governador da Baviera, Markus Söder, disse nesta terça que enxerga uma "tendência cautelosamente positiva" e que grande parte das medidas de prevenção está começando a surtir efeito.
Impacto das aglomerações no fim do ano ainda está por vir
A Baviera registrou nesta terça 1.740 novas infecções em 24 horas, quase 500 a menos do que há uma semana. Ainda não está claro, porém, como as aglomerações e o aumento dos contatos ocorridos nos feriados de Natal e Ano Novo devem impactar os números da doença. Essa tendência deve começar a ser percebida nas estatísticas a partir do final desta semana.
Söder sugeriu um debate sobre a obrigatoriedade da vacinação para os profissionais de saúde e os que trabalham em casas de repouso. Uma enquete realizada por associações médicas alemãs em dezembro indicou que apenas 73% dos médicos e pouco menos da metade dos enfermeiros pretendia tomar a vacina contra o coronavírus.
A Baviera decidiu implementar a partir da próxima segunda-feira a obrigatoriedade do uso de máscaras do tipo FFP2 no transporte público e no comércio. Söder afirmou que o objetivo é proteger não apenas os demais cidadãos, mas também a própria pessoa que usa a máscara.
RC/rtr/ots
Onde se escondem os coronavírus
Vírus por toda parte! Talvez no tomate, no pacote do correio, até no próprio cão de estimação? O Departamento de Avaliação de Risco da Alemanha esclarece o que se sabe sobre o Sars-Cov-2.
Foto: picture-alliance/Kontrolab/IPA/S. Laporta
Maçanetas contaminadas
Os coronavírus conhecidos permanecem infecciosos em superfícies como maçanetas por quatro a cinco dias, em média. Como todas as infecções por gotículas, o Sars-Cov-2 se propaga por mãos e superfícies tocadas com frequência. Embora seja ainda relativamente desconhecido, os especialistas partem do princípio que os conhecimentos sobre as variedades já estudadas se aplicam ao novo coronavírus.
Por isso é necessário certo cuidado durante o almoço no refeitório do trabalho – se ainda estiver funcionando. Em princípio, coronavírus contaminam pratos ou talheres se alguém infectado espirra ou tosse diretamente neles. No entanto, o Departamento Federal alemão de Avaliação de Riscos (BfR) enfatiza que "até agora não se sabe de infecções com o Sars-Cov-2 por esse meio de transmissão".
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Medo de importados?
Ainda segundo o BfR, os pais não precisam temer um contágio através de brinquedos importados. Até o momento não pôde ser comprovado nenhum caso desses. Os estudos sugerem que o novo coronavírus seja relativamente instável em termos ambientais: os patógenos permaneceriam infecciosos durante vários dias sobretudo a temperaturas baixas e alta umidade atmosférica.
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Vírus pelo correio?
Em geral, coronavírus humanos não são especialmente resistentes sobre superfícies secas. Como sua estabilidade fora do organismo humano depende de diversos fatores ambientais, como temperatura e umidade, o BfR considera "antes improvável" um contágio por pacotes de correio – embora ressalvando ainda não haver dados mais precisos sobre o Sars-Cov-2.
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Pingue-pongue entre cão e dono?
Meu cachorro pode me contagiar e eu a ele? Também o risco de contaminação de animais domésticos é considerado muito baixo pelos especialistas, embora não o descartem. Os próprios animais não apresentam sintomas patológicos. Caso infectados, contudo, é possível transmitirem o coronavírus pelas vias respiratórias ou excreções.
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Verduras assassinas?
Igualmente improvável é a transmissão do Sars-Cov-2 através de alimentos contaminados, na avaliação do BfR, não sendo conhecidos casos comprovados. Lavar cuidadosamente as mãos antes do preparar da refeição continua sendo mandatório nos tempos da covid-19. Como os vírus são sensíveis ao calor, aquecer os alimentos pode reduzir ainda mais o risco de contágio.
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Longa vida no gelo
Embora os coronavírus Sars e Mers conhecidos até o presente reajam mal ao calor, eles são bastantes resistentes ao frio, permanecendo infecciosos a -20 ºC por até dois anos. Também aqui, contudo, não há qualquer indício de cadeias infecciosas do Sars-Cov-2 por meio do consumo de alimentos, mesmo supercongelados.
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Animais silvestres são tabu
Um efeito positivo do surto de covid-19 é a China ter proibido o consumo de carne de animais selvagens. Há fortes indícios de o novo coronavírus ter sido transmitido aos seres humanos por um morcego. O animal, porém, não teve qualquer culpa: ele foi possivelmente servido como iguaria, certamente contra a própria vontade. E agora os seres humanos amargam a "maldição do morcego que virou sopa"...