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Merkel anuncia mais sanções à Rússia

20 de março de 2014

União Europeia prepara novas medidas contra a Rússia, mas ainda descarta sanções econômicas. Oposição acusa Merkel de apoiar governo composto por fascistas na Ucrânia.

Foto: picture-alliance/dpa

Poucas horas antes do início de uma reunião de cúpula da União Europeia (UE), a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, ameaçou a Rússia com novas sanções econômicas. A anexação da península da Crimeia exige uma "resposta decidida e unida da Europa e de seus parceiros", afirmou a chanceler nesta quinta-feira (20/03), durante discurso aos parlamentares em Berlim.

No caso de um acirramento da situação, a Europa estaria disposta "a qualquer momento" a impor novas sanções, o que inclui também sanções econômicas, disse Merkel em seu discurso no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento. Por enquanto, porém, o governo alemão não vai defender, em Bruxelas, a adoção da terceira fase, a das sanções econômicas.

Os chefes de Estado e governo da UE se reúnem nesta quinta-feira em Bruxelas para debater novas sanções às lideranças em Moscou. Merkel afirmou que, inicialmente, trata-se de sanções da segunda fase, em alusão ao plano de três fases aprovado em 6 de março. A segunda fase inclui restrições da liberdade de viajar e bloqueio de contas. Em seu discurso, a líder alemã anunciou uma ampliação da lista de 21 pessoas contra as quais as sanções da segunda fase já foram impostas.

Merkel também voltou a criticar o referendo de domingo passado na Crimeia, quando quase 97% dos eleitores disseram "sim" a uma anexação à Rússia, segundo o resultado oficial. A chefe de governo reiterou de forma clara que o Ocidente não reconhecerá o "chamado referendo" na Crimeia. "Trata-se de uma mudança unilateral de fronteiras", afirmou a chanceler federal.

Sem base para cooperação no G8

Segundo Merkel, depois da anexação da península da Crimeia pela Rússia não há mais nenhuma base para uma cooperação com Moscou no G8, grupo que reúne as sete mais economias industriais do mundo mais a Rússia. "Enquanto não houver ambiente político para um formato tão importante como o G8, não existe mais G8, nem a cúpula nem o G8 como tal", disse .

Devido aos desenvolvimentos na Crimeia, os preparativos para o encontro do G8 planejado para acontecer em junho, na cidade russa de Sochi, já haviam sido cancelados.

Merkel disse ainda que o governo alemão decidirá "se e, eventualmente, em qual forma" as consultas bilaterais entre a Alemanha e a Rússia, planejadas para abril, deverão acontecer. "A Rússia está isolada em quase todos os organismos internacionais", disse a chefe de governo.

Expansão da Otan para o Leste

No debate no Bundestag sobre a Crimeia, na manhã desta quinta-feira, o líder da oposição, Gregor Gysi, acusou o governo alemão de não fazer nada para conter a pressão americana para que sanções à Rússia sejam impostas em prejuízo dos europeus. Ele afirmou que isso seria covardia – como no caso do monitoramento de dados por parte do serviço de inteligência americano NSA.

Gysi disse que ampliação da Otan foi quebra de promessaFoto: picture-alliance/dpa

Gysi acusou Merkel de usar dois padrões para o direito internacional. Embora a Crimeia tenha se tornado parte da Rússia por meio de uma violação do direito internacional, "também a separação do Kosovo da Sérvia foi uma violação do direito internacional", afirmou.

Além disso, disse Gysi, o governo alemão estaria agora trabalhando com um governo interino em Kiev, no qual fascistas estariam presentes. Ele criticou também que a ampliação da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) após o fim da Guerra Fria teria ocorrido à revelia dos interesses russos.

Em discurso no Bundestag na semana passada, Gysi já havia criticado que, por ocasião da reunificação alemã em 1990, o então secretário de Estado americano, o então ministro do Exterior alemão e outros ministros do Exterior declararam a Mikhail Gorbatchov que não haveria nenhuma ampliação da Otan em direção ao Leste. "Essa promessa foi quebrada. Houve uma veemente ampliação da Otan em direção à Rússia", disse Gysi, que lidera o partido A Esquerda, em parte formado por antigos comunistas do Leste da Alemanha.

CA/dpa/afp/rtr/ots

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