Depois da morte de suspeito por ataque em Berlim, chanceler federal afirma que vai reavaliar medidas adotadas pelo governo. Líder alemã se diz aliviada, mas reconhece que ameaça terrorista vai permanecer.
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A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, agradeceu nesta sexta-feira (23/12) às autoridades italianas pela ação que resultou na morte do principal suspeito pelo atentado a um mercado de Natal em Berlim. O tunisiano Anis Amri foi morto na madrugada, durante um tiroteio com policiais na cidade de Sesto San Giovanni, nos arredores de Milão.
"Ao fim desta semana, podemos nos sentir aliviados por esse perigo agudo ter chegado ao fim", disse a chanceler.
Merkel disse que seu governo vai avaliar a necessidade de promover mudanças legais e políticas após o ataque em Berlim. Ela afirmou que o país tomará as medidas necessárias para reforçar a segurança, e defendeu o aumento do número e da velocidade das deportações para a Tunísia. A chanceler disse ter conversado por telefone com o presidente tunisiano, Béji Caid Essebsi, sobre a necessidade de acelerar as deportações dos requerentes de refúgio que tenham seus pedidos negados.
Amri teve seu pedido de refúgio negado na Alemanha. No entanto, sua deportação não foi efetuada devido a entraves burocráticos com a Tunísia, que negou durante muito tempo que ele fosse cidadão do país.
O atentado em Berlim levanta diversas questões, disse a chanceler. "Vamos avaliar com rigor até que ponto medidas adotadas pelo governo devem ser modificadas."
Suspeito de atentado em Berlim é morto
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Ela afirmou ter pedido ao ministros da Justiça, Heiko Maas, para, juntamente com o ministro do Interior, Thomas de Maizière, e com as agências de segurança, analisar cada aspecto do caso e apresentar os resultados "o mais rápido possível".
"Assim como há muitos anos, a ameaça terrorista continuará existindo", disse a chanceler, ressaltando o dever primordial do Estado de proteger os cidadãos.
Segurança e liberdade
Maas afirmou que vai se reunir em janeiro com De Maizière para discutir as consequências legais e de segurança após a morte de Amri na Itália. "Uma coisa é clara: nossa segurança e nossa liberdade devem ser protegidas com todos os recursos disponíveis no Estado de direito", disse o ministro da Justiça.
Em particular, disse Maas, serão discutidas formas de acelerar as deportações e monitorar mais de perto indivíduos que possam representar algum perigo. As investigações continuam mesmo após a morte do suspeito pelo atentado em Berlim, disse o ministro.
De Maizière, por sua vez, se disse aliviado com o fato de o suposto agressor não representar mais uma ameaça. Ele parabenizou as autoridades italianas e os dois policiais que detiveram Amri. O ministro alertou que o nível de ameaça terrorista na Alemanha "permanece alto" e afirmou que as medidas de segurança não serão relaxadas. As investigações prosseguem para determinar se o suspeito contava com o apoio de uma rede terrorista, disse.
RC/dpa/afp/ap/rtr
Cronologia: terrorismo na Alemanha
Há muito tempo a Alemanha já é alvo de atentados e planos de ataques de grupos extremistas. O mais recente aconteceu num mercado de Natal em Berlim, onde um caminhão avançou contra a multidão.
Foto: Reuters/W. Rattay
Dezembro de 2016: Berlim
Um caminhão invadiu a calçada e avançou contra o mercado natalino na praça Breitscheidplatz, em Berlim. Segundo a polícia, ao menos 12 pessoas morreram e 48 ficaram feridas.
Foto: Reuters/F. Bensch
Outubro de 2016: Leipzig
A polícia prendeu o refugiado sírio de 22 anos Jaber al-Bark após descobrir explosivos e equipamentos para fabricação de bombas caseiras no seu apartamento em Chemnitz, próximo a Leipzig, no leste da Alemanha. Ele foi acusado de planejar um ataque ao aeroporto de Berlim. Depois de dois dias na prisão, al-Bark se enforcou.
Foto: Polizei Sachsen
Julho de 2016: Ansbach
Em julho, o "Estado Islâmico" (EI) reivindicou a autoria do ataque executado pelo refugiado sírio Mohammed D., de 27 anos. D., que já havia jurado lealdade ao grupo extremista, detonou explosivos presos ao próprio corpo na entrada de um festival de música. O homem, que tinha problemas psiquiátricos, obteve instruções pelo celular até instantes antes do ataque.
Foto: picture alliance/AP Photo/D. Karmann
Julho de 2016: Würzburg
Um refugiado afegão de 17 anos atacou, com um machado e uma faca, passageiros de um trem regional em Würzburg, na Baviera. Várias pessoas ficaram feridas gravemente, incluindo quatro membros de uma família de Hong Kong. O jovem foi morto pela polícia. Embora o EI tenha reivindicado a autoria do atentado, para as autoridades não está claro se o rapaz mantinha contato com o grupo extremista.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Hildenbrand
Maio de 2016: Düsseldorf
Três suspeitos de integrar o EI foram presos nos estados de Renânia do Norte-Vestfália, Brandemburgo e Baden-Württemberg. Autoridades afirmam que dois dos homens planejavam detonar bombas presas ao próprio corpo, enquanto o terceiro integrante e um quatro jihadista, preso na França, planejavam matar pedestres com armas e explosivos. Os atentados aconteceriam em Düsseldorf, no oeste da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Hitij
Abril de 2016: Essen
A polícia prendeu três pessoas após um ataque a bomba a um templo sikh em Essen, no oeste da Alemanha. O atentado aconteceu durante uma celebração de casamento. Três pessoas ficaram gravemente feridas. As autoridades identificaram os suspeitos a partir de imagens de câmeras de segurança. Entre os detidos está um jovem de 16 anos, que teria contato com o movimento salafista no país.
Foto: picture alliance/dpa/M. Kusch
Fevereiro de 2016: Hannover
A jovem Safia S., de 16 anos, alemã de ascendência marroquina, esfaqueou um policial na estação central de Hannover, cidade no norte da Alemanha. O agente foi gravemente ferido e precisou ser submetido a uma cirurgia. Segundo as autoridades, S. planejava se juntar ao EI na Síria.
Foto: Polizei
Fevereiro de 2016: Berlim
Numa operação simultânea em três estados, a polícia alemã desmantelou uma célula do grupo extremista EI. Os quatro suspeitos, da Argélia, planejavam um ataque na capital do país. Segundo a polícia, o plano ainda estava no início.
Foto: Reuters/F. Bensch
Abril de 2015: Oberursel
A polícia prendeu em Oberursel, no oeste alemão, um casal acusado de planejar um ataque durante uma corrida de ciclismo. Os dois, que seriam salafistas, mantinham no porão de casa uma bomba caseira. Por falta de provas de vínculo terrorista, o homem foi condenado a dois anos de prisão por falsidade ideológica e posse de arma e explosivos ilegais. As investigações contra a esposa foram arquivadas.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Dezembro de 2012: Bonn
Uma mala com explosivos foi encontrada na estação central de Bonn, oeste do país. Para as autoridades, tratava-se de uma tentativa de ataque terrorista com motivações islamistas. Em 2013, quatro suspeitos de planejar um ataque contra o líder do grupo extremista de direita "Pro NRW" foram presos. Um deles teria colocado a bomba em Bonn. O processo contra o suspeito corre desde 2014, em Düsseldorf.
Foto: picture-alliance/dpa/Meike Böschemeyer
Abril de 2011: Düsseldorf
Três supostos membros do grupo terrorista Al Qaeda foram detidos em Düsseldorf, acusados de planejar um ataque a bomba no país. Em dezembro de 2011, um quarto suspeito foi preso. No final de 2014, os quatro homens foram condenados a vários anos de prisão.
Foto: picture-alliance/dpa
Março de 2011: Frankfurt am Main
As autoridades conseguiram impedir um atentado islamista no aeroporto de Frankfurt. Um albanês de Kosovo matou a tiros dois soldados americanos e deixou outros dois feridos. O homem foi condenado à prisão perpétua.
Foto: AP
Setembro de 2007: Oberschledorn
Em setembro de 2007, a organização islamista Grupo Sauerland foi desmantelada no oeste da Alemanha. Em 2010, seus quatro integrantes foram condenados por planejarem ataques em discotecas, aeroportos e instituições no país. As penas chegaram a 12 anos de prisão.
Foto: AP
Julho de 2006: Colônia
Na estação central de Colônia, no oeste do país, dois homens colocaram malas com explosivos em trens regionais que iam para Hamm e Koblenz, mas as bombas não detonaram. Em dezembro de 2008, um deles foi condenado à prisão perpétua.