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Merkel cancela lockdown reforçado na Páscoa

24 de março de 2021

Após críticas, chanceler federal alemã volta atrás e descarta paralisação rigorosa durante feriadão de Páscoa por causa de problemas de logística. Ela diz que foi erro, assume a responsabilidade e pede desculpas.

Angela Merkel
"A ideia foi elaborada com as melhores intenções, mas foi um erro", afirmou MerkelFoto: Stefanie Loos/AFP Pool/dpa/picture alliance

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, cancelou nesta quarta-feira (24/03) o plano para uma paralisação de cinco dias durante a Semana Santa. A medida havia sido comunicada no dia anterior, juntamente com a decisão de prorrogar o lockdown nacional na Alemanha.

Após uma longa reunião com os governadores dos 16 estados alemães, Merkel tinha anunciado nesta terça-feira não só que as restrições de confinamento em vigor desde dezembro passado seriam estendidas até 18 de abril, como também que seria implementado um sistema de lockdown ainda mais rígido apenas durante o feriadão de Páscoa.

Entre os dias 1º e 5 de abril, além de manter o fechamento de centros de cultura, lazer e esportivos, o governo decidira fechar quase todo o comércio. Apenas supermercados e lojas de alimentos poderiam abrir no Sábado de Aleluia. A igrejas seriam solicitadas a realizar serviços religiosos somente através da internet.

Além disso, foi decidido então que apenas cinco pessoas de dois domicílios podem se encontrar durante esses dias, sendo que menores até 14 anos não são contados. Reuniões públicas estão proibidas. Essas e outras medidas continuam valendo, e não está claro se o cancelamento agora anunciado por Merkel também vale para as igrejas.

"Erro somente meu"

"A ideia de uma paralisação na Páscoa foi elaborada com as melhores intenções, porque precisamos urgentemente desacelerar e reverter a terceira onda da pandemia", disse a líder alemã. "No entanto, a ideia foi um erro. Havia boas razões para optar por ela, mas ela não pode ser implementada suficientemente bem nesse curto período de tempo", acrescentou a chanceler.

A chefe de governo pediu desculpas e assumiu a responsabilidade pelo ocorrido. "Esse erro é somente meu", ressaltou. "Um erro deve ser chamado de erro e, acima de tudo, deve ser corrigido e, se possível, isso tem de ser feito a tempo", disse Merkel. "Ao mesmo tempo, é claro que sei que todo esse assunto gerou mais incertezas. Lamento profundamente e peço desculpas a todos os cidadãos."

Merkel anunciou a decisão após realizar nesta quarta-feira uma videoconferência de emergência com 16 governadores dos estados da Alemanha, que são responsáveis por impor e retirar as restrições.

A proposta havia levantado muitas questões sobre detalhes logísticos, que permaneceram sem solução. O governo também foi criticado por divulgar o plano sem promover um debate público anteriormente.

"Respeito" por anúncio de Merkel

"Tenho respeito pessoal pelo comunicado da chanceler", afirmou o governador da Baviera, Markus Söder. "No final, é melhor esclarecer as coisas agora, se isso não for legalmente possível."

O governador da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, destacou que todos na reunião de terça foram favoráveis à medida, mas ponderou que "numa crise, é bom quando optamos por desfazer coisas problemáticas".

O número de infecções na Alemanha aumentou novamente, à medida que variantes mais agressivas do coronavírus se tornam dominantes no país.

A Alemanha registrou mais de 75 mil mortes desde o início da pandemia, há um ano. As autoridades sanitárias do país também relataram nesta quarta-feira 15.815 novos casos de infecção por covid-19 nas últimas 24 horas – no mesmo dia da semana passada foram registrados 13.435 novos casos.

Merkel disse que, mesmo sem a paralisação da Páscoa, as decisões que tomou com os governadores oferecem uma "estrutura" para combater a nova onda de infeções pelo novo coronavírus.

md (Lusa, DPA, AFP, EPD)

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