Merkel celebra Constituição alemã ao lado de imigrantes
15 de maio de 2019
Nos 70 anos da Lei Fundamental do país, chanceler federal da Alemanha elogia diversidade da sociedade e afirma que é dever de todos defender os direitos fundamentais contra racismo, antissemitismo e ódio.
Anúncio
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, esteve nesta terça-feira (14/05) com dezenas de jovens com raízes migratórias em Berlim para comemorar os 70 anos da Lei Fundamental da República Federal da Alemanha, a Constituição alemã.
"Nossa Constituição se mostrou como o programa de coesão e integração de uma sociedade diversa. Seja Anna ou Aljona, Max ou Mohammed, todos podem confiar na igualdade de oportunidades", afirmou Merkel, em seu discurso.
A chanceler defendeu a proteção dos direitos fundamentais não somente contra hostilidades abertas, mas também contra "pequenas alfinetadas". "Isso começa com a escolha de palavras que, mais ou menos conscientemente, excluem ou difamam", afirmou.
Merkel destacou ainda que não são raros os momentos nos quais os limites da liberdade de expressão são testados. "Preconceitos são alimentados por razões políticas. Algo assim precisa ser confrontado com nossa contradição em todos os lugares e sempre", ressaltou.
Em seu discurso, a chanceler afirmou que é responsabilidade de todos defender os valores e os direitos fundamentais contra racismo, antissemitismo, ódio e violência. Ela destacou os artigos que tratam da igualdade e da liberdade de expressão e de imprensa, lembrando que todos são iguais perante a lei.
Segundo Merkel, a Constituição é a resposta para a pergunta sobre como hoje 80 milhões de pessoas com todas as suas diferenças podem viver bem juntas. Merkel lembrou ainda que, atualmente, 19,3 milhões de habitantes têm origens migratórias na Alemanha. "Os valores e os direitos da nossa Constituição valem para todos no país", ressaltou.
A chanceler federal homenageou também a sobrevivente do Holocausto Margot Friedländer, que foi agraciada com o prêmio Talismã, da Fundação Alemã de Integração (DSI), pelo engajamento como testemunha deste período.
Depois de morar mais de 60 anos em Nova York, Friedländer, uma sobrevivente do campo de concentração nazista Theresienstadt, retornou à sua cidade natal, Berlim, em 2010, uma decisão da qual ela afirma não se arrepender.
Merkel agradeceu Friedländer, de 97 anos, pelo seu engajamento na Alemanha, um país que lhe trouxe um imenso sofrimento. Friedländer visita escolas para contar sua história e falar sobre o Holocausto. Seus pais e irmão foram mortos em campos de extermínio.
O evento foi organizado pela Fundação Alemã de Integração, que em 2012 lançou o programa Siga seu Caminho, para ajudar jovens e imigrantes a entrar no mercado de trabalho na Alemanha. Todos os anos, 150 candidatos são escolhidos e recebem um mentor que o auxiliará na busca por um emprego.
No encontro com Merkel, diversos jovens que já passaram por esse programa estiveram presentes. Um deles foi o sírio Mohammad-Mouaz Narbi, que chegou na Alemanha há três anos e agora está fazendo um treinamento para ser vendedor na rede de supermercados Edeka, um dos parceiros corporativos da DSI.
"Esse programa é muito importante para mim em particular porque venho de uma zona de guerra. Ele me deu a oportunidade de ter um mentor que me apoia na vida privada, no trabalho e no meu desenvolvimento", disse Narbi.
CN/dw/kna/epd/afp
Alemanha, um país com muitos nomes
Ao longo de sua história, os alemães já foram representados pelos germanos, alamanos, saxões, teutônicos e prussianos. Isso fez com que o país recebesse diversas denominações em diferentes línguas. Veja algumas delas.
Allemagne, Deutschland, Niemcy...
Repleta de povos e situada no centro da Europa, ao longo do tempo, a Alemanha ganhou várias denominações. Além da designação atribuída pelos romanos, a etimologia de muitas delas está ligada, frequentemente, à tribo com a qual os povos vizinhos se relacionavam ou à forma pela qual os próprios germânicos se chamavam.
Germania, Germany
Embora os povos do norte e do centro da Europa não se vissem como uma nação, na Antiguidade, os autores romanos os definiam genericamente como germanos, e a região que ocupavam ao leste do Reno era chamada de "Germania magna". Do latim, a denominação passou por volta do século 16 para o inglês ("Germany") e diversas línguas românicas, como o italiano e romeno ("Germania").
Foto: picture-alliance/dpa
Alamanos, Allemagne
Após o fim do Império Romano no século 5°, as províncias foram ocupadas por povos bárbaros. Na Gália, os francos tiveram de conter, por séculos, a pressão dos vizinhos alamanos, tribo germânica que se concentrava na atual Alsácia-Lorena, Baden-Württemberg e Suíça. A terra dos alamanos passou a se chamar "Allemagne", dando origem, por exemplo, ao português (Alemanha) e espanhol ("Alemania").
Foto: AP
Deutschland, Duitsland, Tyskland
Em alemão arcaico, a palavra "diutisc" (do povo), usada por volta do século 8° para designar as tribos germânicas, deu origem ao alemão "deutsch" e a outras variações em línguas germânicas norte-europeias. Assim, para os alemães, Alemanha é "Deutschland"; para os holandeses, "Duitsland"; para os dinamarqueses (foto), suecos e noruegueses, "Tyskland".
Foto: picture-alliance/dpa/L. Halbauer
"Dutch" não é alemão
Em inglês, "Dutch" não significa alemão, mas holandês. E a explicação é simples. Inicialmente, os ingleses aplicavam o termo "dutch" para todos os povos germânicos. A partir do século 17, essa palavra passou a ser usada, também de forma pejorativa, somente para os holandeses, um dos grandes rivais dos ingleses na disputa pelo domínio marítimo.
Foto: Reuters/F. Lenoir
Na Europa e na Ásia
Para designar Alemanha, a palavra "deutsch" também está presente em outras línguas como no islandês "Þýskaland" ou no iídiche "Daytshland". Mas a mesma raiz também se espalhou para outras línguas não germânicas, como para o chinês "Déguó" (德国) ou para o japonês "Doitsu" (ドイツ), que foneticamente foi emprestado do holandês "duits". Na foto: cerejeiras japonesas florescem em Bonn, na Alemanha.
Foto: Anke Staudacher
Teutônico não vem de "deutsch"
É importante lembrar, no entanto, que o termo teutônico não tem, etimologicamente, nada a ver com "deutsch". Os teutões (do latim "Teutoni") eram somente uma das tribos germânicas que viviam no norte da Europa. Mas para os romanos, todos os germânicos eram "Teutoni", e a região que habitavam se chamava "Teutonia". Em italiano "tedesco" (alemão, língua alemã) vem de "deutsch", não de "Teutoni".
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
Saksa, Saksamaa
Já para finlandeses e estonianos, todos os alemães eram "saxões". Em finlandês, Alemanha se chama "Saksa"; em estoniano, "Saksamaa". Os termos remontam ao povo que vivia no norte da Alemanha e com quem, a partir do séc. 13, fazia-se negócios na região do Mar Báltico. Antes, em finlandês, a palavra "saksa" também era usada para designar "comerciante". Na foto: vista noturna de Dresden, na Saxônia.
Foto: flashpics - Fotolia.com
Terra de estranhos
Nas línguas eslavas e outros idiomas do Sudeste Europeu, "Niem" – "aquele que não fala nossa língua" em eslavo arcaico – deu origem a várias designações de Alemanha: "Niemcy", em polonês; "Německo" em tcheco; "Németország", em húngaro. Mais tarde, esse termo relativo a "estrangeiro" passou a ser aplicado somente para os alemães.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Pfeiffer
Alemanha, polícia
Em diversas línguas de sinais, o "Pickelhaube", do alemão "Pickel" = ponta e "Haube" = boné, ou seja, o capacete em couro envernizado, adornado com uma ponta metálica e usado pelos militares e policiais alemães entre os séculos 19 e 20, deu origem ao sinal empregado pelos deficientes auditivos para designar a Alemanha e, antigamente, em regiões de língua alemã também "policial".