Chanceler federal alemã classifica recente ato contra ônibus de refugiados em Clausnitz de "profundamente vergonhoso". Ministro da Justiça convoca políticos e sociedade a se posicionarem contra o racismo.
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A chanceler federal alemã, Angela Merkel, condenou nesta segunda-feira (22/02) o recente incidente xenófobo ocorrido em Clausnitz, na Saxônia. Na última quinta-feira, uma multidão enfurecida bloqueou a passagem de um ônibus com migrantes diante de um abrigo de refugiados na cidade, próxima à fronteira da Alemanha com a República Tcheca.
O que ocorreu em Clausnitz "é profundamente vergonhoso", disse o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert. "Quão frio, quão covarde alguém precisa ser para obstruir a passagem de um ônibus e gritar e amedrontar os refugiados que estavam dentro dele, incluindo muitas crianças e mulheres."
Seibert, no entanto, refutou julgamentos precipitados sobre a Saxônia, estado que pertencia à antiga Alemanha Oriental. "É bom que haja tantas pessoas na Alemanha e principalmente na região onde isso ocorreu que mostram todos os dias que o nosso país é diferente [disso]", disse.
Em meio ao debate sobre a política de refugiados na Alemanha, a população estaria ciente "de que se trata sobretudo de pessoas necessitadas, que tratamos com civilidade e compaixão", de acordo com o porta-voz. "Quem aprova atitudes como a de Clausnitz precisa receber uma resposta bastante clara", prosseguiu.
Cerca de cem pessoas bloquearam o ônibus com refugiados na cidade na última quinta-feira. A polícia local é acusada de tratar os migrantes de maneira rude.
Na noite de domingo, em Bautzen, também na Saxônia, um grupo de espectadores teria aplaudido e celebrado o incêndio de um hotel que seria usado como abrigo de refugiados.
Em resposta aos incidentes na Saxônia, o ministro da Justiça da Alemanha, Heiko Maas, pediu que a maioria dos cidadãos não fique em silêncio. "Precisamos que se pronunciem decididamente, para que o nosso debate social não seja envenenado por incitamento à violência e ódio", disse Maas, acrescentando que a sociedade não pode esperar até que ocorra a primeira morte.
Ele reiterou seu pedido para que políticos e sociedade se posicionem publicamente contra o racismo e a xenofobia. "Para aqueles que incendeiam abrigos de refugiados ou aplaudem as chamas com prazer indisfarçável não existe justificativa ou desculpa", concluiu o ministro, classificando os atos como grosseiros e primitivos.
PV/afp/dpa/epd
Como alemães ajudam refugiados
Ataques a abrigos de migrantes tornaram-se rotineiros na Alemanha. Mas essa é apenas uma parcela da realidade do país, onde milhares de voluntários e iniciativas auxiliam os que nele buscam refúgio.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Endig
Desafio das boas-vindas
Usando a hashtag #WelcomeChallenge no Facebook e no Youtube, voluntários alemães promovem a ajuda a refugiados. Quem auxilia os migrantes de alguma maneira posta uma imagem com a hashtag. A chef alemã Sarah Wiener foi convidada a ajudar e, sorridente, levou 150 porções de sopa orgânica com pão a um abrigo em Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Fischer
Um time de refugiados
Henning Eich, jogador do time de futebol Lok Postdam, congratula os jogadores do Welcome United 03, a primeira equipe alemã formada somente por refugiados. Logo no primeiro jogo do campeonato, em Postdam, o Welcome United 03 venceu o Lok Potsdam por 3 a 2. "O futebol une", afirma Manja Thieme, responsável pela equipe com 40 integrantes.
Foto: picture-alliance/dpa/O. Mehlis
Alemão no cotidiano
Em Thannhausen, na Baviera, o voluntário Karl Landherr dá aulas de alemão a requerentes de asilo. Junto com alguns colegas, o professor aposentado também criou um livro de alemão que oferece uma espécie de "estratégia de sobrevivência" para os refugiados recém-chegados ao país, segundo Landherr. O livro dá dicas práticas para o dia a dia e ficou conhecido em toda a Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Puchner
Festa de boas-vindas
Refugiados e apoiadores dançaram juntos numa festa de boas-vindas, organizada pela aliança Dresden Nazifrei (Dresden livre dos nazistas). Os 600 requerentes de asilo de Heidenau – alojados numa antiga loja de materiais de construção e protegidos atrás de cercas altas – já nem pensam em deixar seus alojamentos por medo da extrema direita.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Willnow
Bicicletas para refugiados
Na foto, Tobias Fleiter enche o pneu da bicicleta de um refugiado do Togo. Fleiter é um dos integrantes do projeto Bicicletas Sem Fronteiras, que contava somente com dois voluntários quando começou. Hoje, 15 voluntários formam o time, que já consertou mais de 200 bicicletas em Karlsruhe, emprestando-as a refugiados.
Foto: picture-alliance/dpa/U. Deck
Escola vira abrigo
Em Berlim, os centros de refugiados estão lotados. Recentemente, três novos abrigos foram abertos, sendo um deles a escola Teske, em Schöneberg, que estava vazia há tempos. Até 200 pessoas podem ser acomodadas no local, onde contam com o apoio de assistentes sociais. Muitos voluntários também ajudam por ali, organizando as roupas, por exemplo.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Bem-vindos à ilha de Sylt
Joachim Leber (no centro) auxilia esta família da Síria. Ele é membro da associação Integrationshilfe na ilha de Sylt, na qual cerca de 120 refugiados recebem assistência. A maioria deles vem do Afeganistão, da Somália e da Síria. Voluntários procuram ajudá-los com a língua alemã e motivação pessoal. "A Alemanha também foi ajudada após a Segunda Guerra", diz Leber.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Marks
Resgate no Mediterrâneo
Em lanchas, soldados alemães resgatam refugiados no Mediterrâneo e os levam para seus navios. Desde o começo de maio deste ano, as tripulações alemãs salvaram cerca de 7,5 mil pessoas. Entre elas estava Rahmar Ali (no centro), de vestido roxo. A mulher de 33 anos, grávida, é natural da Somália e estava em fuga sozinha há cinco meses.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundeswehr/T. Petersen
Primeiro bebê refugiado
Sophia nasceu com 49 centímetros e três quilos. Ela é o primeiro bebê que veio ao mundo num navio da Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha). Foi um nascimento assistido por médicos no último segundo e uma grande alegria para a mãe, Rahmar Ali, da Somália. "Especialmente nesses momentos você sente que está fazendo algo com sentido", diz um soldado que esteve presente no nascimento da criança.
Foto: Reuters/Bundeswehr/PAO Mittelmeer
Caminho seguro
Como eu vou de trem do ponto A ao B? O que significam os sinais? Onde eu posso obter um bilhete de trem? Em Halle, refugiados da Síria aprendem tudo isso na estação central da cidade. Na foto, uma policial mostra que, por motivos de segurança, é preciso ficar atrás da faixa branca quando um trem passa pela plataforma.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Schmidt
Primeiro clube de natação
Na cidade de Schwäbisch Gmünd, refugiados podem aprender a nadar. Ludwig Majohr (de boné) dá as aulas de natação. Ele é um dos oito aposentados voluntários no clube de natação, recém-fundado. O objetivo principal é a integração, segundo Gmünd. "Na natação, as pessoas se ajudam", completa o voluntário Roland Wendel. "Não perguntamos as nacionalidades."
Foto: picture-alliance/dpa/S. Puchner
Mais café, menos ódio
Em Halle, o partido ultradireitista NPD pretendia protestar recentemente contra um planejado centro para requerentes de asilo. A cidade respondeu com um convite para um café da manhã aberto, em prol da tolerância. Mais de 1.200 pessoas compareceram, compartilhando pãezinhos e bolos com os refugiados. Um belo gesto de boas-vindas.