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Merkel critica ameaças de Trump à Coreia do Norte

20 de setembro de 2017

Em entrevista à DW, chanceler federal alemã e candidata à reeleição afirma que qualquer tipo de solução militar para a questão norte-coreana é inapropriada e defende esforços diplomáticos.

Angela Merkel
"Nesse ponto há uma clara dissensão com o presidente americano", afirmou a chanceler federal alemãFoto: DW

A chanceler federal Angela Merkel criticou duramente o discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira (19/09), no qual ele ameaçou a Coreia do Norte com a destruição total.

"Sou contra esse tipo de ameaça. E devo dizer, em meu nome e em nome do governo alemão: consideramos qualquer tipo de solução militar absolutamente desmedida e apostamos em esforços diplomáticos", declarou Merkel na entrevista que encerra a série da DW com os principais candidatos nas eleições de 24 de setembro na Alemanha.

"Na minha opinião, isso inclui as sanções, e a implementação dessas sanções é a resposta correta. Qualquer outra coisa eu considero errada em relação à Coreia do Norte. Nesse ponto há uma clara dissensão com o presidente americano", afirmou Merkel à editora-chefe da DW, Ines Pohl, e ao apresentador Jaafar Abdul Karim, que a entrevistaram na Chancelaria Federal, em Berlim.

A chanceler também reforçou sua disposição de colaborar para uma solução da questão norte-coreana, lembrando que a Alemanha é um dos poucos países que têm tanto uma embaixada em Pyongyang como também uma representação diplomática norte-coreana em Berlim. Essa situação é uma herança da Alemanha Oriental, e as instalações em Berlim já foram usadas por representantes dos EUA e da Coreia do Norte para negociações secretas, por exemplo em setembro de 2013.

Além disso, a Alemanha também tem ligações muito estreitas com a China, o Japão, a Coreia do Sul e os Estados Unidos, argumentou Merkel. "Mesmo que seja um conflito distante, ele nos atinge", declarou. Para reforçar seu argumento, a chanceler mencionou ainda a participação alemã nas negociações pelo acordo nuclear com o Irã. "Queremos resolver problemas por meio da diplomacia, assim como também fazemos na Ucrânia." Merkel disse ter comunicado suas posições a Trump, por meio de um telefonema, antes do discurso dele em Nova York.

Merkel rejeita solução militar para a questão norte-coreana

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Ela se esquivou de responder se telefonaria para o líder norte-coreano, Kim Jong-un. "Isso não está na agenda, e eu também não pretendo dar um passo que não tenha sido combinado, o que também não devemos fazer."

Populismo

Na reta final da campanha, a presidente da União Democrata Cristã (CDU) foi questionada também sobre o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que deverá entrar no Parlamento. Ela disse que a melhor estratégia contra esses grupos é resolver os problemas das pessoas.

"As preocupações que elas têm, de ter emprego, de ter boas escolas, de ter médicos - temos que realmente nos ocupar dessas questões. Mas, ao mesmo tempo, dar um claro basta ao ódio e à violência." Ela preferiu não emitir opinião sobre os motivos do crescimento da AfD:

"Não quero fazer isso porque nunca vou cooperar com a AfD, mas quero lembrar que, na Alemanha, também há pessoas que enfrentam problemas. Isso não justifica determinadas posições políticas, mas temos de trabalhar para ter condições de vida equitativas."

Angela Merkel é entrevistada por Ines Pohl e Jaafar Abdul KarimFoto: DW

Atrito com Turquia

Merkel comentou ainda as tensões nas relações entre a Turquia e a Alemanha. O presidente Recep Tayyip Erdogan a acusou reiteradas vezes de utilizar métodos nazistas, e vários cidadãos alemães foram detidos na Turquia sem acusações concretas. A chanceler disse se preocupar sobretudo com as possíveis consequências dos conflitos internos na Turquia.

"O que nos preocupa é que determinados grupos da Turquia espionam e vigiam uns aos outros, em parte. Não queremos isso. Não queremos que conflitos que existem na Turquia venham para a Alemanha. Vamos cuidar para que todos grupos vivam aqui em paz e sem serem incomodados."

Merkel surpreendeu com a resposta à pergunta final, sobre quem ela levaria consigo para uma ilha deserta entre os demais principais candidatos. Ela escolheu o ministro do Interior da Baviera, Joachim Herrmann, explicando que assim poderia debater com ele a segurança interna.

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