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Crise na UE

15 de dezembro de 2010

Ao falar ao Bundestag, a premiê Angela Merkel garantiu que "ninguém ficará só", referindo-se ao apoio a países em dificuldades na zona do euro. Parlamento permanece dividido frente à questão.

Foto: AP

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, discursou nesta quarta-feira (15/12), no Bundestag, para expor a posição de seu governo sobre a solução de problemas financeiros na zona do euro, na véspera de uma cúpula da UE.

Angela Merkel durante o pronunciamento no BundestagFoto: picture alliance / dpa

O encontro, que se realiza nestas quinta e sexta-feira, em Bruxelas, tem como meta discutir novas medidas para resolver futuras crises nos países do bloco, como as ocorridas na Grécia e na Irlanda. Além disso, os líderes reunidos deverão aprovar um mecanismo permanente de estabilização que substitua o atual fundo provisório de resgate da moeda única, em vigor até 2013.

Merkel afirmou que as ajudas financeiras a países da zona euro, no âmbito do futuro mecanismo de estabilização da moeda única, "só devem ser utilizadas em último instância", e por decisão unânime dos Estados membros.

A premiê advertiu ainda que o mecanismo tem de servir para garantir "a estabilidade financeira da zona euro", acrescentando que tanto o setor privado como o Fundo Monetário Internacional (FMI) "devem participar, para que o mecanismo obedeça a condições rigorosas".

A criação do mecanismo exigirá "alterações limitadas" no Tratado de Lisboa, mantendo-se no entanto, o artigo 125, que proíbe que os Estados membros assumam compromissos financeiros em nome de outros Estados, anunciou a chanceler federal alemã.

"Ninguém ficará sozinho na Europa"

Merkel ressaltou que "ninguém ficará sozinho na Europa" e que "a Europa consegue bons resultados quando age em conjunto, ou melhor, somente quando age de forma coesa". A premiê defendeu ainda que a Europa, seja "uma comunidade de responsabilidades, mas de responsabilidades para todos". Ela também voltou a se pronunciar contra contra a criação de títulos de dívida pública conjuntos, afirmando que uma "socialização dos riscos não é solução para os problemas da zona do euro".

Steinmeier acusou Merkel de colocar em dúvida solidariedade entre países europeusFoto: picture-alliance/dpa

O recurso ao novo fundo de estabilização terá ainda de ser aprovado por unanimidade pelos países da zona do euro. O FMI deverá ser incluído nas decisões e os requerimentos de ajuda serão seguidos por uma "ampla análise" da capacidade de endividamento do país em questão, a ser elaborada pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI.

Apoio só sob "condições rigorosas"

O apoio financeiro "só será concedido sob condições rigorosas", os credores privados terão de dar a sua contribuição para a reestruturação da dívida, "o que corresponde ao que é habitual nos programas do FMI", sublinhou Merkel.

A chefe de governo alemã elogiou a forma como os membros do bloco enfrentaram os problemas recentes. "Não há como negar que alguns países da zona do euro enfrentam desafios difíceis, mas também não dá para negar que o euro soube demonstrar que é resistente a crises", enfatizou.

Durante debate no parlamento, a oposição acusou Merkel de ter atuado de forma insegura durante a crise. Para o líder da bancada social-democrata no Parlamento, Frank-Walter Steinmeier, o comportamento hesitante do governo Merkel provocou "dúvidas quanto à solidariedade entre os países europeus".

As bancadas social-democrata, verde e da Esquerda distanciaram-se oficialmente do curso seguido pelo governo Merkel, deixando claro que o Parlamento alemão está longe de demonstrar uma postura coesta neste contexto.

O presidente do Eurogrupo e primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, voltou a reivindicar a criação de títulos de dívida conjuntos, os chamados eurobonds. Ele afirmou nesta quarta-feira que pretende tematizar o assunto durante o encontro dos chefes de Estado e governo nesta quinta-feira em Bruxelas.

Juncker voltou a criticar o governo alemão: "Descartar uma nova ideia sem qualquer discussão é uma forma não europeia de resolver problemas europeus", afirmou.

MD/lusa/afp/dpa

Revisão: Soraia Vilela

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