Merkel diz que soube do escândalo da Volks pela imprensa
9 de março de 2017
Chanceler federal nega conhecimento prévio sobre esquema fraudulento de manipulação de emissões da montadora alemã. Depoimento foi dado a comissão parlamentar que busca esclarecer se membros do governo sabiam da fraude.
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Em depoimento nesta quarta-feira (08/03) perante uma comissão de investigação parlamentar na Alemanha, a chanceler federal Angela Merkel declarou que soube pela primeira vez do escândalo de emissões envolvendo a Volkswagen pela imprensa, quando o assunto vazou em setembro de 2015.
Merkel é a última testemunha a ser ouvida pela comissão no Parlamento alemão, criada em 2016 para determinar se o governo sabia das manipulações ilegais da montadora alemã – em 2015, a empresa reconheceu ter equipado milhões de veículos com um dispositivo que os fazia parecer menos poluentes, permitindo ao Grupo Volkswagen contornar as leis americanas antipoluição.
A chanceler federal, no entanto, assegurou que soube da fraude somente no dia 19 de setembro de 2016, quando os meios de comunicação repercutiram o escândalo. Dois dias depois, segundo seu depoimento, ela foi informada sobre o caso pelo ministro dos Transportes, Alexander Dobrindt.
Merkel afirmou também que, mais tarde, "provavelmente em 22 de setembro", conversou por telefone com o então presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn, sobre as fraudes. Questionada pela comissão sobre o que o empresário teria dito a ela no telefonema, a líder respondeu: "Nada além do que eu já sabia com base nas informações do ministro dos Transportes e da imprensa".
A chanceler federal ainda negou que seu governo tenha fracassado ao lidar com o escândalo, depois de partidos da oposição terem acusado Berlim de ter sido muito permissiva em relação à montadora.
Merkel, que foi ministra do Meio Ambiente antes de se tornar chefe de governo, classificou como "infeliz" o fato de a Volkswagen ter enganado as autoridades americanas, dizendo que as fraudes são "lamentáveis" para a imagem da indústria automotiva alemã. Questionada sobre o porquê de o escândalo ter sido descoberto nos EUA e não na Alemanha, ela disse "não ter explicações".
EK/afp/dpa/rtr/efe
Dez coisas que você talvez não saiba sobre a VW
Abalada por recente escândalo de manipulação de emissões, Volkswagen reúne uma série de fatos curiosos em sua trajetória – de Adolf Hitler ao Fusca e aos lucros bilionários.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Wagner
Carro popular
Você sabia que Volkswagen (carro popular, em alemão) foi uma ideia de Adolf Hitler, desenvolvida por Ferdinand Porsche, fundador da marca homônima? Em 1938, Hitler chegou a construir uma cidade inteira para abrigar a fábrica e seus trabalhadores nas proximidades de Fallersleben, no estado da Baixa Saxônia. Em 1945, a cidade recebeu o nome de Wolfsburg, onde até hoje se situa a sede da Volks.
Foto: DW/J. Dumalaon
Sucesso mundial
Conhecido na Alemanha como "Käfer" (besouro), o Fusca liderou durante muito tempo a lista dos carros mais vendidos no século 20. Antes de a produção ter sido encerrada em 2003, mais de 21,5 milhões de Fuscas foram vendidos no mundo todo.
Foto: DW/E. Schuhmann
As muitas faces da Volks
A empresa percorreu um longo caminho desde a década de 1930. Atualmente, o Grupo Volkswagen engloba 12 marcas. Os carros da Audi, Bentley, Lamborghini, Porsche e Skoda estão entre as mais comercializadas, respondendo por 37% das vendas de 2014.
Foto: Audi AG
Domínio de mercado
Hoje, a Volkswagen realmente faz jus ao nome "carro popular". Mais de um em cada três carros vendidos na Alemanha é do Grupo Volks, com a montadora detendo uma parcela de 36% do mercado alemão.
Foto: picture-alliance/dpa
Um em cada dez
Mundialmente, mais de 10% de todos os carros vendidos no ano passado levava o símbolo de uma das marcas do Grupo Volkswagen. A companhia vendeu mais de 10,2 milhões de veículos em 2014. Por volta de 70% desse total foi comercializado fora da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/Z. Junxiang
EUA: mercado difícil
O cobiçado mercado americano tem mostrado ser uma "pedra no sapato" da montadora alemã. Apenas 6% dos carros produzidos mundialmente pela companhia, por volta de 600 mil, foram vendidos nos EUA no ano passado. Apesar de investimentos imensos, a parcela da Volks nesse disputado mercado gira em torno de 2%, muito atrás de concorrentes como GM, Ford e Toyota.
Foto: picture-alliance/dpa
Primeira posição em jogo?
Em julho, a Volks ultrapassou a Toyota como a maior vendedora de carros do mundo. A montadora alemã também lidera o ranking das montadoras em termos de receitas. Em 2014, a companhia registrou um volume de vendas de 202,5 bilhões de euros. Descontados os impostos, o lucro foi de 11,1 bilhões de euros. Mas, depois do escândalo de emissões, analista alertam para o risco de perda da "pole position".
Foto: picture-alliance/dpa
Empregador global
Até 31 de dezembro de 2014, o grupo empregava aproximadamente 600 mil trabalhadores, tornando-se assim um dos maiores empregadores em todo o mundo. Desses, mais de um terço, cerca de 270 mil empregados, trabalha na Alemanha.
Foto: picture alliance/dpa
Maior indústria alemã
A indústria automobilística é o maior setor da economia alemã, sendo impulsionada pelas chamadas "três grandes": Daimler, BMW e Volks. A indústria emprega cerca de 800 mil trabalhadores, quase 2% da força de trabalho alemã.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Weißbrod
Sucesso de exportação
A receita total da indústria automotiva alemã chegou a quase 370 bilhões de euros no ano passado. O setor respondeu por quase um quinto das exportações do país e cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha.