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Merkel e Chirac acertam cooperação em Berlim

(ca)14 de março de 2006

O Conselho de Ministros franco-alemão se reúne pela sexta vez em Berlim. Política de imigração, iniciativas para a pesquisa e inovação, gripe aviária e a missão européia no Congo são os temas abordados.

Merkel e Chirac na reunião do Conselho de MinistrosFoto: AP

A chanceler federal alemã Angela Merkel recepcionou em Berlim, nesta terça-feira (14/03), o presidente francês Jacques Chirac, que veio participar do primeiro encontro regular de gabinete franco-alemão desde a posse da nova premiê em Berlim, em novembro último.

Reunidos pela sexta vez desde 2003, o Conselho de Ministros, sob a chefia dos dois governos, se reúne duas vezes por ano para discutir a nível ministerial a cooperação entre os dois países.

Além de Merkel e Chirac, participaram do encontro vários ministros franceses e alemães. Devido aos protestos de rua contra suas reformas no mercado de trabalho, o primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, não pôde participar do encontro.

Imigração, tecnologia, gripe aviária e missão européia do Congo

Conselho de Ministros franco-alemãoFoto: AP

Da pauta do encontro deste ano constam principalmente a cooperação na política de imigração, as iniciativas comuns de pesquisa e inovação, o combate à gripe aviária e a planejada missão militar européia no Congo.

A política de imigração é um tema bastante atual na França, devido à nova lei de imigração que, segundo o ministro do Interior francês, Nicolas Sarkozy, deverá entrar em vigor até meados de 2006.

Através de instrumentos como o controle de casamento com estrangeiros, a expulsão anual de 25 mil ilegais e sobretudo maior rigor na concessão de vistos de entrada no país, o projeto de lei de Sarkozy, apresentado em fevereiro último e conhecido como "a imigração escolhida", pretende controlar o afluxo migratório à França.

Angela Merkel anunciou no encontro que irá participar, em outubro próximo, juntamente com o presidente francês, de um debate com jovens provenientes de famílias estrangeiras, onde a igualdade de chances será tema.

Missão no Congo e fusão de bolsas de valores

A decisão de enviar tropas ao Congo está cada vez mais próximaFoto: AP

Merkel e Chirac reiteraram o interesse de participar de uma missão européia para garantir que se cumpra o resultado das eleições presidenciais da República Democrática do Congo.

Angela Merkel e Jacques Chirac reiteraram suas exigências para o envio de tropas de apoio à missão da ONU no Congo: a anuência do governo congolês, um mandato da ONU, como também um prazo de duração definido.

Merkel afirmou estar contente com a quantidade de países europeus interessados em participar da missão. Segundo a chanceler federal, a Alemanha e a França continuarão discutindo o tema de forma intensa. "Resoluções finais ainda não foram tomadas, mas a hora da decisão está cada vez mais próxima", afirmou Merkel.

Quanto à fusão das bolsas de valores Euronext, que reúne a França, Portugal, Bélgica e Países Baixos, com a alemã, a chanceler federal afirmou que "este seria um campo de interesse, como muitos outros, para a cooperação teuto-francesa", salientando que o projeto ainda não é exeqüível. O presidente francês também afirmou que a fusão é "certamente um projeto interessante".

França em sono de inverno

Chirac rebate protecionismo francêsFoto: AP

Na edição de terça-feira (14/03), o diário francês Le Monde considera que a eleição de Merkel estabelece um novo capítulo nas relações franco-alemãs, não de tudo positivo, já que a Alemanha estaria preocupada agora em reequilibrar a política européia alemã, menos centrada no eixo Paris-Berlim.

Além disso, o jornal francês comenta o sentimento alemão de que a França estaria hibernando até as eleições presidenciais e legislativas de 2007 e que, até lá, nada de importante poderia se discutir com Paris, um sentimento de distância acentuado com as discussões em torno do patriotismo econômico francês.

O Le Monde mencionou o caso Enel-Suez, que confirma a vontade do governo francês de proteger as empresas de setores estratégicos contra a tentativa de cisão lançada por grupos estrangeiros.

Em Berlim, o presidente francês comentou as acusações de protecionismo francês: "Isto é um absurdo", afirmando que seu país atrairia duas vezes mais investimentos estrangeiros do que a Alemanha e três vezes mais do que a Itália.

E quanto às reformas no mercado de trabalho francês, Chirac apoiou a posição de seu primeiro-ministro:"É óbvio que apóio incondicionalmente o trabalho do primeiro-ministro", contrariando o costume de não comentar assuntos internos em visitas internacionais.

Acordos encerram encontro

Livro teuto-francês de História: um projeto com futuroFoto: AP

A reunião do Conselho de Ministros teuto-franceses se encerrou com a assinatura de dois acordos.

O primeiro trata da construção de uma ponte para trens de alta velocidade que circulam entre Paris e Stuttgart e o outro do intercâmbio de informações para o melhor controle de delitos de tráfego entre os dois países.

Além da cooperação nos campos da política energética e de prevenção contra a gripe aviária, Merkel e Chirac anunciaram também o primeiro projeto teuto-francês de livro didático de História.

O livro apresenta o mesmo conteúdo em edição alemã e francesa. Planejado para o ensino médio, ele estará à disposição já no próximo ano letivo, tendo que ainda ser aprovado pelas autoridades do Ministério da Cultura de ambos os países.

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