No Parlamento Europeu, líderes da Alemanha e da França defendem integração europeia para lidar com fluxo de refugiados chegando ao continente. "Trata-se da reafirmação da Europa ou do fim da Europa", diz Hollande.
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Em discursos no Parlamento Europeu, o presidente francês, François Hollande, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, reforçaram nesta quarta-feira (07/10) a necessidade de união diante da chegada de centenas de milhares de refugiados à Europa.
Hollande admitiu que "a Europa demorou a compreender que as tragédias da África e do Oriente Médio não ficariam sem consequências" para o continente europeu. Ele defendeu um reforço da integração do continente. "O debate não é sobre mais Europa ou menos Europa. Trata-se da reafirmação da Europa ou do fim da Europa", disse.
Merkel, por sua vez, alertou sobre o isolamento nacional na política de refugiados. "Na crise migratória, não podemos sucumbir à tentação de agirmos nacionalmente. Muito pelo contrário." Exatamente agora o ideal europeu se mostra necessário, defendeu. "Somente se trabalharmos em conjunto poderemos alcançar uma distribuição equitativa dos refugiados entre todos os Estados-membros."
Ambos enfatizaram a necessidade de a União Europeia (UE) trabalhar no sentido de solucionar as causas da onda migratória, especialmente quanto à guerra na Síria e ao vácuo de poder na Líbia. Também seria preciso agir quanto à situação na Turquia, país que acolhe milhões de refugiados sírios e também serve de ponte rumo à Europa para migrantes.
Hollande afirmou que a UE deve ajudar a Turquia caso queira que a Turquia ajude os europeus. O país desempenha um "papel fundamental" na superação da crise dos refugiados, ressaltou Merkel. A Turquia está fazendo algo "extraordinário" com a recepção de cerca de 2 milhões de refugiados sírios, mas Ancara precisa de apoio dos europeus para o acolhimento aos refugiados e o combate aos traficantes de migrantes, disse.
Quanto à guerra civil na Síria, a chanceler federal alemã destacou que um "processo político" é necessário para resolver o conflito.
Devido às muitas crises, Merkel sugeriu uma reorientação da política externa europeia. "Precisamos alinhar nossas políticas externas e de desenvolvimento mais em direção à resolução de conflitos e ao combate das causas de migração", afirmou, repetindo seu discurso perante a ONU. A chanceler federal definiu a crise de refugiados como um "teste de proporções históricas". O continente europeu não pode se dissociar dos eventos globais, disse.
Esta foi a primeira vez que Hollande discursou no Parlamento Europeu ao lado de Merkel. A última vez que um chefe de governo alemão e um chefe de Estado francês falaram numa mesma sessão de deputados europeus foi há 26 anos. Na época, Helmut Kohl e François Mitterrand discursaram, menos de duas semanas após a queda do Muro de Berlim, sobre os desenvolvimentos políticos na Europa Central e Oriental.
PV/dpa/epd/afp/rtr
Estações da fuga em imagens
Cerca de 3,7 mil quilômetros separam a Alemanha da Síria. Para os refugiados da guerra civil, essa viagem dura semanas até meses. E ela é perigosa, também na rota dos Bálcãs.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Armer
Últimas forças
Duma é uma cidade síria a nordeste de Damasco. Mesmo ferido, um homem procura por sobreviventes nos escombros. Pouco antes, a região foi atacada por bombardeios das forças armadas sírias. Desde o início da guerra civil, em 2011, mais de 250 mil pessoas morreram no país, segundo as Nações Unidas.
Foto: picture-alliance/A.A./M. Rashed
Terror ao alcance dos olhos
No campo de refugiados em Suruc, na Turquia, cerca de 40 mil sírios procuraram refúgio da guerra civil. A poucos quilômetros dali, em Kobane, o conflito continua. O campo é organizado como uma pequena cidade, com mesquita, escola e ruas. Ninguém quer permanecer aqui por muito tempo.
Foto: Getty Images/C. Court
Marcas da guerra
Abdurrahman Yaser al-Saad conseguiu chegar à cidade portuária turca de Izmir. O sírio de 16 anos mostra aos outros refugiados uma cicatriz enorme na barriga. Ele estava na escola quando as forças armadas sírias bombardearam o local e ele ficou gravemente ferido.
Foto: picture-alliance/AA/E. Menguarslan
Esperança de uma vida melhor
Na viagem em direção à Europa, muitos refugiados acabam em Izmir. Daqui eles desejam ir para a Grécia. Coletes salva-vidas são fundamentais, pois muitos não sabem nadas, e os barcos dos atravessadores ficam superlotados. Enquanto aguardam a partida, muitos dormem ao ar livre, porque não podem pagar um hotel.
Foto: picture-alliance/AA/E. Atalay
Jogado de volta
Com suas últimas forças, esse refugiado conseguiu nadar de volta até a praia de Bodrum, na Turquia. Pouco antes ele havia tentado alcançar um barco de atravessadores, que, por muito dinheiro, levam as pessoas ilegalmente até a Grécia. As embarcações estão sempre superlotadas.
Foto: Getty Images/AFP/B. Kilic
Desamparo
Na praia de Kos, uma ilha grega, turistas observam como refugiados tentam chegar à costa com um barco inflável. A viagem ilegal de Bodrum até aqui custa cerca de mil euros por pessoa. São apenas quatro quilômetros de distância, mas muitos não sabem nadar e acabam morrendo afogados.
Foto: picture-alliance/dpa/Y. Kolesidis
Realidade incômoda
No caminho para o hotel ou para a praia, turistas passam por muitos refugiados. Devem olhar? Devem ajudar?
Foto: picture-alliance/AA/G. Balci
Com braços e pernas
Da Grécia, muitos refugiados tentam chegar à Europa ocidental pelos Bálcãs. Uma estação importante é a cidade de Gevgelija, na Macedônia. Depois de dias de espera, todos desejam conseguir um lugar em um trem para a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Passo a passo
Já nas primeiras horas do dia, centenas de refugiados caminham ao longo da linha do trem, da Sérvia para a Hungria. De lá, muitos desejam ir para a Áustria ou Alemanha. A caminhada de quilômetros exige de muitos suas últimas forças.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
Desespero
Com medo de ser levado para um campo de refugiados na Hungria, o pai sírio se joga, com sua mulher e filho, nos trilhos da estação de Bicske. Eles achavam que o trem os levaria de Budapeste até Viena. Em vez disso, eles devem ser registrados pelas autoridades húngaras.
Foto: Reuters/L. Balogh
Quase lá
Centenas de refugiados do Iraque, da Síria e do Afeganistão decidiram ir a pé até a Áustria, caminhando pela rodovia. Eles esperaram durante dias por um trem na estação de Budapeste. A polícia, porém, bloqueia o trecho com frequência.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Finalmente a chegada
Estação central de Munique: a esperança de muitos refugiados está na chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel. Diferente de outros países europeus, eles se sentem bem-vindos na Alemanha.