Em discurso, líderes destacam ligação cultural e literária dos dois países. França é o convidado de honra na maior feira de livros do mundo.
Anúncio
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Emmanuel Macron, abriram nesta terça-feira (10/10) a Feira do Livro de Frankfurt. Ambos destacaram a importância da cultura para a união entre os dois países, apesar das guerras e controvérsias.
Em seu discurso, Merkel ressaltou a liberdade de expressão e a cultura como instrumento de orientação para o futuro da União Europeia.
"Na literatura reflete-se a alma de nossa sociedade, concebida na liberdade e na qual a liberdade do espírito e de expressão é acompanhada da liberdade política", afirmou Merkel. A chanceler ressaltou ainda que a cultura pode ajudar a Europa a se encontrar num mundo em transformação e descreveu escritores como construtores de pontes e sismógrafos dos acontecimentos atuais e imagináveis.
"A Europa não é nada sem cultura", acrescentou Macron. O presidente francês afirmou que a literatura é a melhor arma contra qualquer tentativa de construção de muros entre pessoas e contra o fanatismo. Ele defendeu ainda a ampliação de aulas bilíngues em escolas.
A França é o país convidado de honra na edição deste ano da feira. Cerca de 200 escritores francófonos, entre eles estrelas da literatura como Michel Houellebecq e o ganhador do nobel Jean-Marie Gustave Le Clézio, vão representar o país no evento, que ocorre até 15 de outubro.
Juntos, Merkel e Macron imprimiram a primeira página da Declaração dos Direitos Humanos numa réplica da prensa inventada pelo alemão Johannes Gutenberg, considerado o pai da imprensa. O modelo está exposto na feira.
Neste ano, mais de 7,3 mil editoras de 100 países estão representadas na feira, maior evento literário do mundo.
Antes da cerimônia de abertura, o diretor da feira, Juergen Boos, afirmou que o setor tem cada vez mais um papel estabilizador no mundo. "Onde lacunas profundas marcam quase todas as sociedades e fake news desafiam o jornalismo, cresce o desejo de conhecimento fundamentado e notícias bem pesquisadas", disse.
A maior feira literária do mundo deve receber até domingo cerca de 280 mil visitantes. Mais de 600 escritores, entre eles Dan Brown, Cecilia Ahern, Ken Follett e Reinhold Messner, participam do evento.
CN/dpa/epd
Dez clássicos da literatura alemã
De "Fausto" à "História sem fim", de Thomas Mann a Günter Grass, a literatura alemã inclui obras para todos os gostos. Selecionamos dez.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Endig
"Fausto"
Dividido em duas partes, o poema trágico de Johann Wolfgang von Goethe, de 1808, "Faust – eine Tragödie" é considerado uma das obras-primas da literatura alemã. Insatisfeito com a própria vida e sedento de conhecimento, o cientista Heinrich Fausto acaba fazendo um pacto com o diabo, Mefisto, prometendo-lhe sua alma. Na foto, a tragédia é interpretada pelos atores Bruno Ganz e Robert Hunger-Bühler.
Foto: picture-alliance/dpa/Expo_2000
"A Montanha Mágica"
Uma das obras mais conhecidas de Thomas Mann, "Der Zauberberg", de 1924, é considerado um retrato da sociedade europeia antes da Primeira Guerra Mundial. O romance aborda a estadia do jovem Hans Castorp, oriundo de uma tradicional família de Hamburgo, num sanatório, nos Alpes suíços, de 1907 a 1914. O romance foi transformado em filme pelo diretor Hans W. Geissendörfer, em 1982 (foto).
Foto: imago/United Archives
"O tambor"
"Die Blechtrommel", de 1959, trouxe reconhecimento internacional ao futuro Nobel Günter Grass e projeção à literatura alemã do pós-guerra. O romance pertence à chamada "Trilogia de Danzig", que lida com a culpa da Alemanha pelo nazismo e a memória do Terceiro Reich. A versão para o cinema da obra, dirigida por Volker Schlöndorff, foi a primeira produção alemã do pós-Guerra a conquistar um Oscar.
Foto: ullstein - Tele-Winkler
"O perfume"
O bestseller de Patrick Süskind, "Das Parfum – Die Geschichte eines Mörders" foi publicado em 1985 e, em 2006, ganhou versão cinematográfica (foto). A história se passa na França no século 18 e tem como protagonista Jean-Baptiste Grenouille, cujo próprio corpo não tem cheiro, mas que é dotado de um olfato fora do comum. Obcecado em criar o perfume perfeito, ele se transforma num assassino.
Foto: picture-alliance/dpa
"O lobo da estepe"
O clássico "Der Steppenwolf" foi publicado por Hermann Hesse (foto) em 1927. Em plenos anos 1920, em Zurique, o protagonista Harry Haller vive uma crise existencial em meio à devastação do pós-guerra e descreve a si mesmo como "o lobo da estepe". Ao conhecer Hermínia, ele começa a ver o mundo de outra maneira. O livro foi o primeiro de Hesse a ser traduzido para o português, em 1935.
Foto: picture-alliance/Sven Simon
"Os bandoleiros"
O drama de Friedrich Schiller "Die Räuber", de 1781, tem como tema as tramas criminosas da nobreza, mais especificamente a rivalidade entre os irmãos Karl e Franz von Moor. Os dois brigam pelo reconhecimento do pai, concorrem pela mesma mulher e lutam por poder e influência. O clássico acaba de ser adaptado para o cinema no ano passado (foto), codirigido por Pol Cruchten e Frank Hoffman.
Foto: Coin Film Francois Fabert
"A honra perdida de Katharina Blum"
"Die verlorene Ehre von Katharina Blum" foi publicado pelo Nobel de Literatura Heinrich Böll em 1974. O autor tematiza a imprensa sensacionalista e suas possíveis consequências por meio da história da dona de casa Katharina Blum e do assassinato do jornalista Werner Tötges. O romance foi adaptado para o cinema em 1975 (foto), sob a direção de Volker Schlöndorff e Margarethe von Trotta.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
"O Leitor"
"Der Vorleser", publicado por Bernhard Schlink em 1995, gira em torno do amor de Michael Berg, de 15 anos, por Hanna, 21 anos mais velha. Numa espécie de ritual romântico, ela sempre lhe pede que leia para ela. Até que Hanna desaparece. Anos depois, Michael a reconhece entre os acusados num processo para julgar crimes do nazismo. O romance transformou-se em filme em 2008 (foto).
Foto: Studio Babelsberg AG
"A história sem fim"
"Die unendliche Geschichte", publicado por Michael Ende em 1979, não pode faltar nas estantes das crianças na Alemanha. Todas conhecem as aventuras do jovem Bastian no país Fantasia, que ganharam projeção internacional desde que "A história sem fim" chegou aos cinemas, em 1984 (foto). O romance fascina não somente o público infantil, mas também adulto.
Foto: picture-alliance/dpa
"Contos de Grimm"
A coletânea dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm "Kinder- und Hausmärchen" foi publicada entre 1812 e 1858, e é considerada a obra alemã mais disseminada no mundo, depois da Bíblia de Lutero. Incluindo clássicos como "Rapunzel", "Chapeuzinho Vermelho" (foto) e "Branca de Neve", os contos já foram traduzidos para mais de 160 idiomas e inspiraram filmes, peças de teatro, desenhos animados e quadrinhos.