Merkel enfrenta reunião-chave em busca de coalizão
6 de janeiro de 2018
Conservadores e social-democratas travam conversas iniciais para avaliar possibilidade de repetir parceria dos últimos quatro anos. Se negociações falharem, Alemanha pode ter novas eleições.
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Após mais de três meses sem governo, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, tenta encerrar a novela política no país neste domingo (07/01), quando começam as sondagens entre os conservadores cristãos e o Partido Social-Democrata (SPD) sobre uma reedição da última coalizão de governo.
"Eu, pessoalmente, farei todo o possível para que esta coalizão siga adiante", disse Horst Seehofer, líder da União Social Cristã (CSU), partido-irmão bávaro da União Democrata Cristã (CDU) de Merkel.
O encontro deste domingo servirá para que conservadores e social-democratas vejam se efetivamente existe consenso suficiente para iniciar negociações formais. Após as eleições legislativas de setembro passado, quando o SPD obteve seu pior resultado desde 1949, o partido anunciou que voltaria à oposição.
Merkel recorreu então aos partidos Verde e Liberal Democrático (FDP) para tentar formar um governo de maioria, mas as negociações fracassaram em novembro, complicando o futuro de um quarto mandato de Merkel como chanceler federal.
a iniciarem sondagens sobre a possibilidade de uma coalizão. Enfraquecidos após o fracasso das conversações com verdes e liberais e após perderem terreno para os populistas na última eleição, a chanceler federal e sua CDU, no poder há 12 anos, depositam agora toda a esperança no SPD para evitar novas eleições ou um governo de minoria.
Algumas das principais diferenças entre os partidos dizem respeito à reunião familiar de refugiados com status temporário, recusada pelos conservadores, e à exigência dos social-democratas de impor um seguro de saúde único, acabando com o sistema atual, em que convivem seguros públicos e privados.
"Um partido que conseguiu 20% dos votos nas eleições passadas não pode impor 100% de suas propostas", ressalvou o líder da bancada parlamentar da CDU, Alexander Dobrindt, referindo-se ao SPD.
Tarefa árdua
Apesar da árdua tarefa que tem pela frente, Merkel começou o ano convencida de que conseguirá garantir seu quarto mandato consecutivo como chanceler federal. Em seu tradicional discurso de Ano Novo, a democrata-cristã argumentou que os políticos têm a tarefa de cuidar dos desafios do futuro, tendo em mente as necessidades de todos os cidadãos, e que ela se sente na obrigação de cumprir esta missão. Por isso trabalha para estabelecer rapidamente um governo estável para a Alemanha no novo ano, disse.
Merkel e o líder social-democrata, Martin Schulz, estabeleceram 12 de janeiro como prazo para que os partidos decidam se vão ou não iniciar negociações oficiais para formar uma coalizão e estabelecer um programa de governo conjunto.
Apesar de haver otimismo, muitas vozes apontam que, mesmo que tudo dê certo entre conservadores e social-democratas, Berlim não deve contar com um novo governo antes do fim de março ou início de abril. A Alemanha nunca demorou tanto para constituir um governo.
Os social-democratas não querem ficar novamente à sombra da "eterna chanceler". Muitos acreditam que o revés sofrido nas últimas eleições se deveu em grande parte a isso, e temem voltar a sair perdendo como parceiros menores de Merkel.
Em entrevista ao tabloide Bild nesta sexta-feira, Schulz afirmou que a intenção dos social-democratas é modernizar a Alemanha em áreas como educação e saúde.
LPF/dpa/afp
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Merkel a caminho do quarto mandato
Quem poderia pensar? Vista como líder interina de seu partido após saída de Helmut Kohl, Merkel chefia a CDU desde 2000 e, há 11 anos, a Chancelaria Federal. Confira momentos de uma carreira que ainda não chegou ao fim.
Foto: Getty Images/C. Koall
Primeiro juramento
"Eu quero servir a Alemanha". A promessa foi feita por Angela Merkel no dia 22 de novembro de 2005, quando tomou posse como chanceler. Depois da vitória apertada nas eleições gerais, ela se tornou a primeira mulher e a primeira alemã da antiga parte oriental a ocupar o cargo. Merkel se tornou a chefe de governo, comandado pela grande coalizão formada entre os partidos CDU, CSU e SPD.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Bergmann
Quem tem medo do cão de Putin?
Merkel é conhecida por sempre ser racional e se manter calma. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, quis aparentemente testar os nervos da chanceler quando a recebeu na residência presidencial em Sochi, em 2007. Putin conseguiu revelar o ponto fraco de Merkel: ela tem medo de cães. Isso não impediu que o presidente russo deixasse o labrador Koni farejar os sapatos da chanceler.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Astakhov
Resgate financeiro
Em situações de crise, Merkel age com frieza. Quando os mercados financeiros entraram em colapso em 2008 e ameaçaram prejudicar a economia alemã, a chanceler se empenhou na proteção do euro e na criação de fundos de resgate para as economias mais fracas do bloco europeu. Ela se destacou como eficiente gestora de crises, mas não escapou de receber críticas de países como Grécia e Espanha.
Foto: picture-alliance/epa/H. Villalobos
Caminho para o segundo mandato
Apesar do pior desempenho da aliança conservadora na história, Merkel venceu as eleições de 27 de setembro de 2009. Depois de se aliar ao Partido Social-Democrata (SPD), a chanceler estava pronta para iniciar o segundo mandato ao lado de outro parceiro, o Partido Liberal Democrático (FDP).
Foto: Getty Images/A. Rentz
Resposta rápida
Merkel que, como física, é conhecida por pensar de forma objetiva, não previu a catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão. Defensora da política nuclear na Alemanha, Merkel mudou de posição em tempo recorde. A extensão do prazo de funcionamento das usinas foi suspenso e a Alemanha iniciou o processo de colocar fim ao uso da energia nuclear.
Foto: Getty Images/G. Bergmann
O homem ao seu lado
Quem o reconheceria? Quem conhece sua voz? Há dez anos, o marido de Merkel, Joachim Sauer, professor de Química da Universidade Humboldt, em Berlim, se mantém discreto. Eles estão casados desde 1998.
Foto: picture alliance/Infophoto
Amizade em crise
As escutas de comunicações de políticos alemães por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA), dos Estados Unidos, abalaram as relações da Alemanha com a Casa Branca. Até o celular de Merkel foi alvo de espionagem. Uma frase da chanceler ficou famosa: "Não é aceitável que países amigos espiem uns aos outros".
Foto: Reuters/F. Bensch
O paciente grego
O clube de fãs de Merkel é extenso, mas na Grécia é provavelmente menor. A hostilidade contra a chanceler alemã nunca foi tão grande como em 2014, no auge da crise da dívida grega. A imagem de velha inimiga ressurgiu, mas Merkel se manteve firme em relação à política de austeridade que previu cortes e reformas a serem cumpridos por Atenas.
Foto: picture-alliance/epa/S. Pantzartzi
Emotiva, às vezes
Tipicamente reservada, Merkel quebrou os protocolos durante a final da Copa do Mundo de 2014 no Rio de Janeiro. A chanceler federal alemã celebrou a vitória da Alemanha sobre a Argentina ao lado do presidente alemão, Joachim Gauck. Ela estava no auge de sua popularidade, assim como a seleção vitoriosa.
Foto: imago/Action Pictures
"Nós podemos fazer isso!"
Para Merkel, o direito de asilo a refugiados não pode ser limitado. "Nós podemos fazer isso" se tornou o credo da chanceler sobre a política alemã de acolhida aos migrantes que fogem de guerras e perseguições. Se o país dará conta da enorme demanda, isso já é uma pergunta ainda em aberto.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
"E agora, Merkel?"
Sexta-feira 13 – um massacre em novembro. A França está em situação de emergência e Merkel ofereceu "toda a assistência" ao país vizinho. O medo do terrorismo se espalha. Não há dúvidas de que esse é o maior desafio de Merkel em dez anos no poder.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Barulho na coalizão
Foi o castigo máximo para a chanceler federal. No congresso da CSU, em novembro de 2015, Horst Seehofer a repreendeu. O líder da legenda-irmã do partido de Merkel na Baviera criticou que a política migratória da chefe alemã de governo fez com que o país perdesse o controle de suas próprias fronteiras. Uma humilhação que Merkel teve que suportar de pé e sem oportunidade de resposta.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Hoppe
Será que ele não poderia ficar?
Seria um alívio para Merkel continuar a lidar com Obama. Mas, no início, ela era bastante cética quanto a ele. O monitoramento do celular da chanceler federal, no contexto do escândalo de espionagem da NSA, parecia abonar a sua postura reservada. Mas, agora, um parceiro previsível sai de cena e dá lugar a Donald Trump. O jornal "New York Times" já a chama de "defensora do Ocidente liberal".
Foto: Reuters/F. Bensch
Merkel mais uma vez
Finalmente, após meses de intensas especulações em torno de sua candidatura à reeleição, Merkel confirma a sua intenção de concorrer a um quarto mandato. Durante entrevista coletiva em 20/11, ela diz à liderança de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), estar preparada para chefiar a legenda na eleição parlamentar alemã, prevista para setembro ou outubro de 2017.