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Merkel evoca cooperação, apesar de sinais dissonantes na UE

16 de setembro de 2016

Em Bratislava, líderes europeus definem agenda para o futuro do bloco pós-Brexit em primeira cúpula sem o Reino Unido. Chanceler alemã diz que espírito foi de cooperação, apesar da falta de consenso sobre vários temas.

Slowakei EU Gipfel in Bratislava Hollande und Merkel
Foto: Getty Images/AFP/S. De Sakutin

Líderes da União Europeia (UE) se reuniram em Bratislava nesta sexta-feira (16/09) para definir um roteiro de estratégias para o futuro do bloco após o Brexit, a chamada Agenda de Bratislava. O encontro entre 27 países, sem o Reino Unido, foi o primeiro desde o referendo que decidiu pela saída britânica da UE.

"Estamos determinados, os 27 Estados-membros, a fazer da União Europeia um sucesso", diz a declaração final da cúpula extraordinária na Eslováquia. "A UE não é perfeita, mas é o melhor instrumento que temos para enfrentar os desafios. Precisamos da UE não apenas para garantir paz e democracia, mas também segurança à população."

Em pronunciamento ao fim do encontro, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, anunciou que os líderes concordaram em usar os próximos seis meses para desenvolver um plano de reformas da UE, que será apresentado na Itália em março de 2017, ocasião do aniversário de 60 anos dos Tratados de Roma.

"Nós concordamos que a Europa – na situação crítica em que se encontra após o referendo britânico, mas também devido a outros problemas que enfrentamos – precisa acertar uma agenda e precisa ter um plano de trabalho", disse Merkel, destacando a importância da união entre os países.

Apesar do clima de discórdia que pairava sobre o encontro, dada a falta de consenso em relação a várias questões, a chanceler disse que o "espírito de Bratislava foi de cooperação", em referência a temas como segurança, migração ilegal, proteção das fronteiras externas e luta contra a estagnação econômica. "Sem unidade europeia não atingiremos nossos objetivos."

"Estamos convencidos de que precisamos do sentimento de solidariedade e de que trabalhamos em uma base de valores comuns", declarou Merkel. "Acredito que Bratislava foi o ponto de partida para mais trabalho. Não para grandes declarações, mas para mais ações pelos cidadãos europeus."

Ao lado da chanceler alemã, o presidente francês, François Hollande, afirmou que "a Europa pode e deve seguir em frente", mas para isso precisa se basear em prioridades claras, que, segundo ele, são proteção, segurança, prosperidade e o futuro da juventude. "Alemanha e França vão desempenhar intensamente seu papel para fazer disso um sucesso", completou Merkel.

Pontos de discórdia

Um dos principais pontos de discórdia entre os 27 líderes europeus é a questão migratória. O tema continua a enfrentar forte resistência de governos do Leste Europeu, que não demonstram sinais de solidariedade. Polônia, República Tcheca, Eslováquia e Hungria se opõem fortemente à imigração de países muçulmanos e veem o cristianismo como a única base de valores comuns na UE.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, afirmou que o encontro em Bratislava foi um fracasso por não ter sido capaz de mexer nas políticas de migração da UE, que classificou de "autodestrutivas e ingênuas". Ele disse, porém, que planeja uma nova investida durante um encontro entre os países dos Bálcãs em 24 de setembro.

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, também se mostrou insatisfeito. Apesar de Merkel e Hollande terem viajado para a Itália para apoiá-lo em tempos difíceis, ele se negou a participar da entrevista com eles, justificando que não queria demonstrar uma harmonia fingida, já que não há consenso.

Renzi se queixa de que a Itália foi abandonada pelos demais Estados-membros na crise dos refugiados e continua se opondo à política de contenção de gastos. "A UE precisa avançar mais rápido ou terá grandes problemas", afirmou depois do encontro.

O resultado do referendo no qual os eleitores britânicos optaram pela saída do país da UE, no último dia 23 de junho, gerou uma crise no continente. Enquanto Londres não acionar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa – que inicia o processo de negociação de dois anos sobre os termos da saída do país do bloco europeu – ainda permanecerão diversas incertezas sobre o futuro da União.

EK/dw/ap/rtr/efe/dpa

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