"Estou convencida de que, da mesma maneira que essa reação surgiu, também voltará a desaparecer", comentou a chanceler federal da Alemanha, que foi vista duas vezes sofrendo com tremores em pouco mais de uma semana.
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Meios de comunicação da Alemanha repercutiram neste sábado (29/06) as primeiras declarações da chanceler federal Angela Merkel sobre o seu estado de saúde após dois episódios de tremores em um intervalo de pouco mais de uma semana que suscitaram especulações.
Ao ser questionada sobre sua saúde por um jornalista na entrevista coletiva conjunta com o ministro de Finanças alemão, Olaf Scholz, durante a Cúpula do G20 em Osaka, no Japão, a chanceler disse entender o interesse por sua situação.
"Mas não tenho nada particular para informar. Estou me sentindo bem. Estou convencida de que, da mesma maneira que essa reação surgiu, também voltará a desaparecer", comentou Merkel, que tem 64 anos e está no poder desde 2005.
Nesta sexta-feira, em sua entrevista coletiva diária, a porta-voz adjunta do governo alemão, Martina Fietz, já tinha assegurado que Merkel está bem de saúde e capacitada para cumprir todas as suas obrigações. A declaração foi feita um dia depois de Merkel sofrer pela segunda vez em poucos dias um episódio de tremores durante um ato oficial em Berlim.
Merkel é vista tremendo pela segunda vez em 10 dias
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As imagens veiculadas de Osaka "mostram uma chanceler totalmente ativa e saudável que cumpre seu trabalho e com todos os encontros agendados", disse a porta-voz.
Os jornais Stuttgarter Zeitung e Stuttgarter Nachrichten publicaram ontem que, segundo fontes próximas ao governo, a própria Merkel considera que os tremores da última quinta-feira são consequência de uma reação psicológica ao episódio de espasmos que sofreu na semana anterior durante um ato oficial em Berlim com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski. Na ocasião, uma onda de calor castigava a capital alemã.
"Não há nada com o que se preocupar. A lembrança do episódio da semana passada levou à situação de hoje, trata-se apenas de um processamento psicológico" do ocorrido então, destacaram as fontes citadas por estas publicações.
Merkel já tinha tentando na semana passada diminuir a importância em torno das especulações surgidas sobre seu estado de saúde, depois que foi vista tentando controlar um tremor enquanto recebia Zelenski em Berlim. Ela atribuiu seus espasmos a um problema de desidratação causado pelo calor. Na ocasião, Merkel afirmou que se recuperou após beber três copos d'água.
Nesse primeiro episódio, uma boa parte dos veículos de imprensa da Alemanha optou por mencionar o assunto brevemente, levando em consideração o calor que fazia na capital. No segundo episódio, no entanto, a cobertura foi mais ampla e levantou mais especulações sobre a saúde da chanceler.
Pedido de desculpas de líder verde
Neste sábado, a copresidente do Partido Verde da Alemanha, Annalena Baerbock, que também é deputada federal, pediu desculpas públicas depois de sugerir que os tremores de Merkel estavam ligados às mudanças climáticas.
Durante uma coletiva de imprensa em Berlim na sexta-feira, na qual os verdes alemães apresentavam seus planos para proteção climática, Baerbock disse que "com relação às altas temperaturas, podemos ver pela chanceler que está claro que este clima de verão tem consequências para a saúde".
O líder do Partido Verde, em seguida, mencionou sua recente viagem ao Iraque, onde as temperaturas atingiram 48°C. Se tal calor atingisse a Alemanha, ela disse, "qualquer um que se expôr a um sol desses por uma hora ficaria com tremores". "Isso também vale para chanceleres", acrescentou ela.
No entanto, na manhã de sábado, Baerbock usou sua conta no Twitter para pedir desculpas por especular sobre as causas dos tremores de Merkel.
"Essa declaração foi um erro", escreveu ela. "Eu pedi desculpas à chanceler. Eu pensei em fazer uma conexão que não existe. O contexto da minha declaração foi a pergunta de um jornalista sobre se o estado de saúde do chanceler torna a realização de novas eleições mais urgentes. Eu queria dizer claramente que não e em seguida falar do calor. Mas isso foi feito de maneira errada."
Ao longo de sua carreira, chanceler alemã deixou para trás diversos oponentes, inclusive seu mentor político, Helmut Kohl. Mas ele não foi o único homem no caminho de Merkel.
Foto: AP
Helmut Kohl, antigo mentor
O que dizem esses olhos? Gratidão? Afeição? Ou um sentimento de: "Eu nunca vou te perdoar!" Em meio ao caso de caixa 2 da União Democrata Cristã (CDU), em 1999, a então secretária-geral Merkel instou o partido a "entrar na luta mesmo sem seu antigo cavalo de batalha". Isso selou fim político do então presidente honorário da CDU e mentor político de Merkel, Helmut Kohl, aqui em reunião de 2012.
Foto: Reuters
Seu chefe no Leste: Lothar de Maizière
Dizer que Angela Merkel passou para trás o último premiê da antiga Alemanha Oriental seria exagero. Mas Lothar de Maizière teve que assistir ao desmoronamento de seu antigo país enquanto sua jovem vice-porta-voz Angela Merkel acompanhava as conversações para o Tratado de Reunificação, apostando assim na carta certa.
Foto: cc-by-sa/Bundesarchiv
Roland Koch, mais à direita
Alguns nostálgicos sonhadores na coligação CDU/CSU associam o devaneio a um sério senhor de Hessen: o ex-governador Roland Koch era visto como uma figura de orientação conservadora na CDU. Acredita-se que ele tenha pertencido ao círculo chamado "Pacto Andino" (combinado num voo para o Chile), que se tornou uma panelinha dentro da União CDU/CSU. Merkel escapou ilesa.
Foto: picture-alliance/dpa
Friedrich Merz, futuro interrompido
Sim, o Sr. Merz. Ele tinha uma carreira brilhante pela frente: como ministro das Finanças, com certeza, talvez até mesmo como chanceler federal. Um homem de sagacidade afiada, ternos bem ajustados e boas conexões na União CDU/CSU. Merkel, porém, afastou o político da Vestfália, em 2001, da liderança da bancada parlamentar da aliança de partidos conservadores.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Norbert Röttgen: demitido
Na foto, o ex-presidente alemão Joachim Gauck (dir.) caminha ao lado de Angela Merkel na residência presidencial em Berlim, Palácio Bellevue. Por trás deles, vê-se o demissionário ministro do Meio Ambiente, Norbert Röttgen. Depois de perder a eleição para governador na Renânia do Norte-Vestfália como candidato da CDU e ter posto a culpa também em sua chefe, Röttgen caiu em desgraça e foi demitido.
Foto: dapd
Gerhard Schröder subestimou Merkel
Quando Schröder perdeu a eleição para Merkel em 2005, ele esperou, inicialmente, que seu Partido Social-Democrata (SPD) recusasse negociações com vista a uma grande coalizão de governo. "Que bom que vocês ainda me chamem de chanceler", bradava Schröder ainda na noite eleitoral, enquanto sua adversária já fazia as contas da aritmética do poder. Dois meses depois, Merkel era eleita chanceler.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Finck
Arranjo de Poder: Wolfgang Schäuble
Wolfgang Schäuble poderia ter sido alguém perigoso para Merkel. Mas Kohl não transferiu o poder para seu "príncipe-herdeiro". Um atentado que o deixou paraplégico e seu envolvimento no escândalo de doações da CDU em 2000 marcaram o fim de sua carreira como líder partidário e de bancada. Merkel o nomeou ministro das Finanças, mas frustrou suas aspirações ao cargo de chanceler federal.
Foto: picture alliance/AP Photo/M. Meissner
Edmund Stoiber, uma conta em aberto
Atualmente, Edmund Stoiber, ex-governador da Baviera pela União Social Cristã (CSU), pode ser visto em "talk shows" falando veementemente contra a política de refugiados de Merkel. A atual chanceler federal desistiu de sua candidatura nas eleições parlamentares de 2002 em prol de Stoiber, que parece ainda não ter se recuperado da derrota para Schröder. Ele nunca quis ser ministro sob Merkel.
Foto: picture-alliance/U. Baumgarten
Horst Seehofer, o rebelde
Na disputa pelo poder na Baviera, Horst Seehofer abriu o caminho para Markus Söder e aceitou o cargo de ministro do Interior em Berlim, ao lado de sua chefe, Angela Merkel, que ele humilhou publicamente num congresso da CSU em 2015. Quem precisa de inimigos quando se tem tal ministro? O que Seehofer quer? Menos refugiados ou menos Merkel?
Foto: Reuters/H. Hanschke
Era uma vez Martin Schulz
Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu (dir.), perdeu as eleições parlamentares de 2017 como candidato do SPD. A princípio, recusou-se a formar um governo com Merkel; depois, negou-se a formar um governo sem Merkel e, no final, saiu de mãos abanando. Como deputado em Berlim, nada mais lhe resta que assistir à chanceler governar – se Seehofer (c.) deixar.
Foto: Getty Images/C. Koall
Donald Tusk, amizade desbotada
Na foto, Merkel conversa com o presidente do Conselho Europeu, o polonês Donald Tusk (dir.). Ele foi durante muito tempo um importante aliado dos alemães, que também o ajudaram na sua ascensão tardia em Bruxelas. Recentemente, Tusk parece ter procurado distância, frustrando até mesmo tentativas de Merkel com vista a uma solução europeia para crise migratória, de acordo com correspondentes.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Macdougal
Jens Spahn veio para ficar
Jens Georg Spahn é: político da CDU, deputado federal, ministro alemão da Saúde, conservador – e, segundo escreveu a agência de notícias DPA em 2016, um "oponente da chanceler". Para surpresa de alguns analistas, Merkel decidiu trazer Spahn para seu gabinete. Se a intenção de Merkel foi "controlá-lo", funcionou melhor do que com o ministro do Interior, Horst Seehofer.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Alexander Gauland, antigo "correligionário"
O líder da bancada parlamentar da legenda populista de direita AfD, Alexander Gauland, foi um influente membro da CDU até 2013. Há poucas fotos comuns de Gauland e Merkel: não é o tipo de entorno que desperta o interesse da chanceler . Mas quando ele fala no Bundestag, ela às vezes escuta. E ela certamente ouve as vozes advertindo que o caos na União CDU/CSU beneficiou acima de tudo a AfD.