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Merkel, Macron e Johnson pedem contenção na crise do Irã

6 de janeiro de 2020

Alemanha, França e Reino Unido apelam por redução das tensões no Golfo após o ataque dos EUA que matou general iraniano. Embaixadores da Otan agendam reunião de emergência para tratar do tema em Bruxelas.

Angela Merkel
Merkel, junto com Johnson e Macron, se diz preocupada com aumento da tensão no Oriente MédioFoto: Reuters/C. Hartmann

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, apelaram à contenção no Golfo, em comunicado divulgado neste domingo (05/01), em meio à tensão depois do ataque aéreo dos EUA em Bagdá que matou o general Qassim Soleimani, comandante da Força Quds da Guarda Revolucionária do Irã.

Os três líderes também condenaram os ataques às tropas da coalizão no Iraque. "Estamos profundamente preocupados com o papel negativo que o Irã desempenhou na região, principalmente através da Guarda Revolucionária Iraniana e da unidade Quds, sob o comando do general Soleimani".

Eles falaram de "uma necessidade urgente de redução de escalada" e afirmaram "que o atual ciclo de violência no Iraque deve ser interrompido".

Os embaixadores da Otan agendaram uma reunião de emergência para esta segunda-feira em Bruxelas. As operações de treinamento da Aliança no Iraque foram suspensas na sequência do ataque americano. A atual missão da aliança Otan no Iraque começou em 2018, com o objetivo de treinar as forças armadas iraquianas para impedir um ressurgimento do grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI).

Os líderes europeus frisaram que a luta contra o Estado Islâmico "continua sendo uma alta prioridade". Eles pediram às autoridades iraquianas para continuar apoiando a aliança liderada pelos EUA no combate à milícia jihadista.

O Parlamento do Iraque aprovou no domingo uma resolução pedindo o fim da presença de tropas estrangeiras ligadas à Otan.

O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou o Iraque com sanções drásticas no caso de uma ação hostil para expulsar os cerca dos cinco mil soldados americanos estacionados do país. Ele afirmou que se o Iraque não atender aos requisitos de retirada de Washington, seu governo adotará medidas punitivas "como nunca antes", disse Trump. "Em comparação, as sanções do Irã parecerão um tanto inofensivas", acrescentou.

O ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, disse que o comportamento dos EUA "pouco ajuda", acrescentando ser importante convencer o Iraque com argumentos e não com ameaças. Até agora, a Alemanha tem apoiado a luta contra o EI com jatos de reconhecimento e aviões-tanque, assim como com instrutores militares no Iraque.

O ataque americano em Bagdá também precipitou um aparente fim do pacto nuclear de 2015 visando coibir a capacidade do Irã de fabricar armas nucleares, algo que os líderes europeus estavam se esforçando para evitar. Teerã disse no domingo que não se considera mais vinculado ao acordo, embora observadores acreditem que ainda há possibilidade de salvação do tratado. Trump retirou os Estados Unidos do acordo em 2018 e reintroduziu sanções contra Teerã.

Durante um telefonema no final de semana, o chefe da diplomacia da União Europeia (EU), Josep Borrell, convidou o ministro do Exterior iraniano, Mohammad Javad Zarif, para ir a Bruxelas. O convite ainda não recebeu resposta, de acordo com informações divulgadas nesta segunda-feira pelo porta-voz de Borell.

A UE aguarda agora a avaliação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que monitora a situação no Irã, antes de decidir qual a próxima providência a tomar, de acordo com o porta-voz Peter Stano.

França, Alemanha e Reino Unido também pediram em sua declaração que o Irã se abstenha de mais violência ou atividades nucleares e que reverta todas as medidas tomadas que descumpram o pacto nuclear.

Horas depois do ataque americano de sexta-feira em Bagdá, que acirrou as tensões no Oriente Médio, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que conversou com vários aliados europeus, explicando as razões da ação militar que matou Soleimani.

No mesmo ataque morreu também Abu Mehdi al-Muhandis, o número dois da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, conhecida como Forças de Mobilização Popular, além de outras seis pessoas.

Quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas – Rússia, França, Reino Unido e China – alertaram para o inevitável aumento das tensões na região e pediram às partes envolvidas que reduzam a tensão. O quinto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU são os Estados Unidos.

MD/lusa/rtr/afp/dpa

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