Chanceler alemã rebate acusação da premiê Theresa May de que a União Europeia estaria se aliando contra o Reino Unido no processo de negociação do Brexit e diz que é natural os 27 países buscarem posição comum.
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A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, disse neste sábado (29/04) que não há uma aliança contra o Reino Unido dentro da União Europeia (UE) e que é "a coisa mais natural do mundo" que os demais 27 países busquem uma posição comum para as negociações sobre o Brexit. "Algumas pessoas no Reino Unido não entenderam bem. Queremos negociar em espírito de amizade", acrescentou.
As declarações de Merkel durante a cúpula extraordinária de chefes de Estado e governo da UE, realizada neste sábado em Bruxelas e que aprovou as diretrizes para as negociações do Brexit, são uma resposta às acusações da primeira-ministra britânica, Theresa May, que na quinta-feira passada afirmou que os integrantes do bloco europeu estavam se aliado contra o Reino Unido no processo que vai definir a saída de Londres da União Europeia.
"Queremos ter boas relações com o Reino Unido também no futuro, mas também queremos defender os nossos interesses comuns. Até agora conseguimos fazer isso muito bem", afirmou a líder alemã.
Na cúpula extraordinária sobre o Brexit, neste sábado, os 27 países-membros da UE demonstraram uma coesão incomum: os 27 Estados precisaram apenas de 15 minutos para aprovar, sem alterações, as diretrizes para as negociações da saída do Reino Unido da UE.
Merkel alerta contra "ilusões" de britânicos sobre o Brexit
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Merkel reforçou que não se deve misturar as duas fases do processo: a primeira, do acordo de separação, e a segunda, na qual se estabelece o marco das futuras relações entre Bruxelas e Londres. Quanto à chamada conta de saída, a chanceler federal alemã ressaltou que ainda não há números sobre a mesa porque "ainda não se está nesse ponto". Fontes internas em Bruxelas avaliam, no entanto, que o Reino Unido terá de pagar 60 bilhões de euros em obrigações à UE.
Para além do Brexit
Merkel reiterou ainda que há consenso sobre a necessidade de priorizar os direitos dos cidadãos da UE no Reino Unido e os dos britânicos na UE. "O importante é definir o status legal dos cidadãos da UE que vivem no Reino Unido e o dos britânicos que vivem na união, para que tenham segurança legal", declarou.
A propósito das eleições francesas (com segundo turno marcado para 7 de maio) e britânicas (8 de junho), Merkel destacou que se tratam de assuntos internos, sobre os quais prefere não opinar. No entanto, ela opinou que é sensato adiar o começo das negociações para depois das eleições britânicas, na linha do que foi expressado por outros líderes, como o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Ao mesmo tempo, e sem tirar importância do processo de saída do Reino Unido, Merkel afirmou que não se pode deixar de lado outros assuntos durante os próximos anos de negociação. "Quero sublinhar que não deveríamos esquecer que há outros assuntos dos quais necessitamos nos ocupar. O Brexit não deve nos afastar de nosso trabalho de moldar nosso futuro. Devemos cuidar de nossas relações com a China, a Turquia e os Estados Unidos", afirmou.
CA/efe/afd/dpa/dw
Merkel a caminho do quarto mandato
Quem poderia pensar? Vista como líder interina de seu partido após saída de Helmut Kohl, Merkel chefia a CDU desde 2000 e, há 11 anos, a Chancelaria Federal. Confira momentos de uma carreira que ainda não chegou ao fim.
Foto: Getty Images/C. Koall
Primeiro juramento
"Eu quero servir a Alemanha". A promessa foi feita por Angela Merkel no dia 22 de novembro de 2005, quando tomou posse como chanceler. Depois da vitória apertada nas eleições gerais, ela se tornou a primeira mulher e a primeira alemã da antiga parte oriental a ocupar o cargo. Merkel se tornou a chefe de governo, comandado pela grande coalizão formada entre os partidos CDU, CSU e SPD.
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Quem tem medo do cão de Putin?
Merkel é conhecida por sempre ser racional e se manter calma. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, quis aparentemente testar os nervos da chanceler quando a recebeu na residência presidencial em Sochi, em 2007. Putin conseguiu revelar o ponto fraco de Merkel: ela tem medo de cães. Isso não impediu que o presidente russo deixasse o labrador Koni farejar os sapatos da chanceler.
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Resgate financeiro
Em situações de crise, Merkel age com frieza. Quando os mercados financeiros entraram em colapso em 2008 e ameaçaram prejudicar a economia alemã, a chanceler se empenhou na proteção do euro e na criação de fundos de resgate para as economias mais fracas do bloco europeu. Ela se destacou como eficiente gestora de crises, mas não escapou de receber críticas de países como Grécia e Espanha.
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Caminho para o segundo mandato
Apesar do pior desempenho da aliança conservadora na história, Merkel venceu as eleições de 27 de setembro de 2009. Depois de se aliar ao Partido Social-Democrata (SPD), a chanceler estava pronta para iniciar o segundo mandato ao lado de outro parceiro, o Partido Liberal Democrático (FDP).
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Resposta rápida
Merkel que, como física, é conhecida por pensar de forma objetiva, não previu a catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão. Defensora da política nuclear na Alemanha, Merkel mudou de posição em tempo recorde. A extensão do prazo de funcionamento das usinas foi suspenso e a Alemanha iniciou o processo de colocar fim ao uso da energia nuclear.
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O homem ao seu lado
Quem o reconheceria? Quem conhece sua voz? Há dez anos, o marido de Merkel, Joachim Sauer, professor de Química da Universidade Humboldt, em Berlim, se mantém discreto. Eles estão casados desde 1998.
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Amizade em crise
As escutas de comunicações de políticos alemães por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA), dos Estados Unidos, abalaram as relações da Alemanha com a Casa Branca. Até o celular de Merkel foi alvo de espionagem. Uma frase da chanceler ficou famosa: "Não é aceitável que países amigos espiem uns aos outros".
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O paciente grego
O clube de fãs de Merkel é extenso, mas na Grécia é provavelmente menor. A hostilidade contra a chanceler alemã nunca foi tão grande como em 2014, no auge da crise da dívida grega. A imagem de velha inimiga ressurgiu, mas Merkel se manteve firme em relação à política de austeridade que previu cortes e reformas a serem cumpridos por Atenas.
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Emotiva, às vezes
Tipicamente reservada, Merkel quebrou os protocolos durante a final da Copa do Mundo de 2014 no Rio de Janeiro. A chanceler federal alemã celebrou a vitória da Alemanha sobre a Argentina ao lado do presidente alemão, Joachim Gauck. Ela estava no auge de sua popularidade, assim como a seleção vitoriosa.
Foto: imago/Action Pictures
"Nós podemos fazer isso!"
Para Merkel, o direito de asilo a refugiados não pode ser limitado. "Nós podemos fazer isso" se tornou o credo da chanceler sobre a política alemã de acolhida aos migrantes que fogem de guerras e perseguições. Se o país dará conta da enorme demanda, isso já é uma pergunta ainda em aberto.
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"E agora, Merkel?"
Sexta-feira 13 – um massacre em novembro. A França está em situação de emergência e Merkel ofereceu "toda a assistência" ao país vizinho. O medo do terrorismo se espalha. Não há dúvidas de que esse é o maior desafio de Merkel em dez anos no poder.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Barulho na coalizão
Foi o castigo máximo para a chanceler federal. No congresso da CSU, em novembro de 2015, Horst Seehofer a repreendeu. O líder da legenda-irmã do partido de Merkel na Baviera criticou que a política migratória da chefe alemã de governo fez com que o país perdesse o controle de suas próprias fronteiras. Uma humilhação que Merkel teve que suportar de pé e sem oportunidade de resposta.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Hoppe
Será que ele não poderia ficar?
Seria um alívio para Merkel continuar a lidar com Obama. Mas, no início, ela era bastante cética quanto a ele. O monitoramento do celular da chanceler federal, no contexto do escândalo de espionagem da NSA, parecia abonar a sua postura reservada. Mas, agora, um parceiro previsível sai de cena e dá lugar a Donald Trump. O jornal "New York Times" já a chama de "defensora do Ocidente liberal".
Foto: Reuters/F. Bensch
Merkel mais uma vez
Finalmente, após meses de intensas especulações em torno de sua candidatura à reeleição, Merkel confirma a sua intenção de concorrer a um quarto mandato. Durante entrevista coletiva em 20/11, ela diz à liderança de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), estar preparada para chefiar a legenda na eleição parlamentar alemã, prevista para setembro ou outubro de 2017.