Chanceler federal alemã afirma que recém-chegados ao país devem demonstrar curiosidade em relação ao modo de vida dos alemães e respeitar os valores do país. Líder aconselha ainda que migrantes morem em áreas rurais.
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A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, afirmou que os refugiados que pretendem se estabelecer no país deveriam viver em áreas menos populosas em vez de grandes cidades e mostrar curiosidade em relação à cultura alemã.
"Esperamos que aqueles que vêm até nós se atenham às nossas leis, que sejam um pouco curiosos em relação às nossas vidas", disse Merkel em mensagem de vídeo semanal divulgada neste sábado (01/04). Ela foi entrevistada pelo jornalista sírio Hamdi Al Kassar, que chegou à Alemanha como refugiado há quase dois anos.
A Alemanha acolheu mais de 1 milhão de migrantes e refugiados desde 2015 e, desde então, vem lidando com as pressões políticas e sociais quanto à integração dos recém-chegados ao país.
A chanceler federal reconheceu que muitos refugiados preferem viver em cidades maiores, mas disse que encontrar moradia nelas pode ser bastante difícil.
"Por isso eu aconselho a ficar nas áreas rurais. Talvez sejam um pouco desinteressantes à primeira vista, mas frequentemente as pessoas nesses lugares podem cuidar mais dos interesses dos refugiados e integrá-los", afirmou.
Merkel disse ainda que os migrantes devem abraçar "os valores vividos no pais: tolerância, abertura, liberdade religiosa e de expressão".
"Por outro lado, nós alemães também temos que ser abertos", disse a chanceler federal. Segundo Merkel, é preciso entender que os refugiados vêm de lugares com outros costumes e tradições e, por isso, tratá-los com compreensão e interesse. Muitos já o fazem, mas é preciso encorajar os que ainda não adotaram tal atitude, destacou a líder alemã.
LPF/dpa/kna
Como começou a crise de refugiados na Europa
Da escalada da violência no Médio Oriente e na África a crises sociais e políticas na Europa, veja como a União Europeia busca solucionar seus problemas.
Foto: picture-alliance/dpa
Fugindo da guerra e da pobreza
No fim de 2014, com a guerra na Síria entrando no quarto ano e o chamado "Estado Islâmico" avançando no norte do país, o êxodo de cidadãos sírios se intensificou. Ao mesmo tempo pessoas fugiam da violência e da pobreza em outros países, como Iraque, Afeganistão, Eritreia, Somália, Níger e Kosovo.
Foto: picture-alliance/dpa
Em busca de refúgio nas fronteiras
A partir de 2011, um grande número de sírios passou a se reunir em campos de refugiados nas fronteiras com a Turquia, o Líbano e a Jordânia. Em 2015, os campos estavam superlotados. A falta de oportunidade de trabalho e escolas levou cada vez mais pessoas a buscarem asilo em países distantes.
Foto: picture-alliance/dpa
Uma longa jornada a pé
Estima-se que 1,5 milhão de pessoas se deslocaram da Grécia para a Europa Ocidental em 2015 através da chamada "rota dos Bálcãs" . O Acordo de Schengen, que permite viajar sem passaporte em grande parte da União Europeia (UE), foi posto em xeque à medida que os refugiados rumavam para as nações europeias mais ricas.
Foto: Getty Images/M. Cardy
Desespero no mar
Dezenas de milhares de refugiados também se arriscaram na perigosa jornada pelo Mar Mediterrâneo em barcos superlotados. Em abril de 2015, 800 pessoas de várias nacionalidades se afogaram quando um barco que saiu da Líbia naufragou na costa italiana. Seguiram-se outras tragédias. Até o fim daquele ano, cerca de 4 mil refugiados teriam morrido ao tentar a travessia do norte da África para a Europa.
Foto: Reuters/D. Zammit Lupi
Pressão nas fronteiras
Países ao longo da fronteira externa da União Europeia enfrentaram grandes problemas para lidar com o enorme número de pessoas que chegavam. Foram erguidas cercas nas fronteiras da Hungria, da Eslovênia, da Macedônia e da Áustria. As leis de asilo político foram reforçadas, e vários países da área de Schengen introduziram controles temporários nas fronteiras.
Foto: picture-alliance/epa/B. Mohai
Fechando as portas abertas
A catastrófica situação dos refugiados nos países vizinhos levou a chanceler federal alemã, Angela Merkel, a abrir as fronteiras. Os críticos da "política de portas abertas" de Merkel a acusaram de agravar a situação e encorajar ainda mais pessoas a embarcarem na perigosa viagem à Europa. Em setembro de 2016, também a Alemanha introduziu controles temporários na sua fronteira com a Áustria.
Foto: Reuters/F. Bensch
Acordo com a Turquia
No início de 2016, UE e Turquia assinaram um acordo prevendo que refugiados que chegam à Grécia podem ser enviados de volta para a Turquia. O acordo foi criticado por grupos de direitos humanos. Após o Parlamento Europeu votar pela suspensão temporária das negociações sobre a adesão da Turquia à UE, em novembro de 2016 a Turquia ameaçou abrir as fronteiras para os refugiados em direção à Europa.
Foto: Getty Images/AFP/A. Altan
Que perspectivas?
Com o acirramento do clima anti-imigração na Europa, os governos ainda buscam soluções para lidar com a crise de refugiados. As tentativas de introduzir cotas para distribuí-los entre os países da UE em grande parte falharam. Por outro lado, não há indícios de que os conflitos nas regiões de onde eles vêm estejam chegando ao fim, e o número de mortos na travessia pelo mar continua aumentando.