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Merkel pede mais ação contra mudança climática e menos ódio

11 de setembro de 2019

No Parlamento, Angela Merkel diz que país deve promover a proteção climática e lutar contra a xenofobia. Oposição acusa a chanceler federal de "desindustrializar" a nação em nome de uma ideologia "verde-esquerdista".

Em discurso no Bundestag, Merkel defendeu as políticas de seu governo
Em discurso no Bundestag, Merkel defendeu as políticas de seu governoFoto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, identificou as mudanças climáticas e a digitalização como os dois principais desafios enfrentados pelo país em um discurso de meia hora proferido nesta quarta-feira (11/09) no Bundestag (Parlamento alemão) no âmbito do debate geral do orçamento federal para 2020. 

Merkel fez uma defesa vigorosa de seu governo e apelou para uma ação maior da União Europeia na política externa, um reforço da economia social de mercado e, ainda, um maior envolvimento contra o aumento do ódio e da intolerância na sociedade.

O multilateralismo continuou sendo seu lema durante todo o tempo, especialmente sobre como a Europa deve "deixar uma marca maior" nos assuntos mundiais. Ela afirmou que uma das questões preocupantes no momento foi resgatar o acordo nuclear com o Irã, do qual os EUA se retiraram. "Essa é uma tarefa europeia", afirmou.

O multilateralismo e a economia social de mercado foram também as soluções propostas para as mudanças climáticas, que o governo alemão considerou um "desafio para a humanidade".

"Nós devemos tomar juntos essa decisão fundamental", frisou a chanceler federal aos parlamentares. "Quer assumamos a responsabilidade ou não. Nós também precisamos tomar a decisão básica se queremos assumir o risco e dizer que não foi causado pela humanidade, e talvez tudo passe, ou se há tanta evidência de que temos que assumir a responsabilidade em vista das gerações futuras."

Ela também insistiu que, apesar das reclamações consistentes sobre a infraestrutura digital da Alemanha, o governo está avançando rapidamente. "Nós temos que desenvolver uma estratégia de como fornecer cobertura digital, inclusive para os agricultores e muitos outros, para ter acesso à internet de banda larga", afirmou. "Nós temos que nos tornar melhores, mais rápidos e nos manter na área de inteligência artificial. Nós desenvolvemos uma estratégia e convidamos professores reconhecidos internacionalmente a virem à Alemanha para trabalhar."

O Bundestag estava lotado nesta quarta-feira pela manhã para o debate sobre o orçamento federal, considerado um dos momentos mais altos da legislatura parlamentar, quando a tradição exige que o chanceler federal defenda o governo de ataques contra pontos de sua política vindos de todo o espectro político. 

Mas o governo de Merkel estava particularmente sob pressão no debate deste ano, dez dias depois das eleições nos estados da Saxônia e de Brandemburgo, que mostraram uma nova erosão no apoio aos dois partidos centrais que compõem sua coalizão: sua própria legenda União Democrata-Cristã (CDU) e o Partido Social-Democrata (SPD).

Ataques contra Merkel

Esses resultados deram munição extra ao maior partido da oposição, o populista de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), cuja colíder Alice Weidel abriu os procedimentos com um ataque abrangente à política do governo, acusando a administração de Merkel de "desindustrializar" a Alemanha em nome de uma "ideologia verde-esquerdista" baseada na "loucura climática".

O principal alvo de Weidel era a contínua "transição energética" do governo, uma tentativa de mudar para fontes de energia renováveis, se distanciando, portanto, dos combustíveis fósseis e da energia nuclear.

"Sua suposta proteção climática não é nada mais do que um monstruoso programa de desindustrialização combinado com a verdadeira destruição de empregos", disse Weidel. "Você desperdiça bilhões [de euros] para evitar o imaginário apocalíptico em um futuro distante."

Ela condenou também os planos da indústria automobilística de se mover para a mobilidade elétrica, afirmando que o governo estava tentando promover uma "economia planejada".

Weidel, cujo partido é principalmente conhecido por sua posição anti-imigração, condenou também os planos de Merkel de implementar uma nova missão de salvamento marítimo no Mar Mediterrâneo. Ela acusou a chanceler federal de criar um "serviço estatal de táxi aquático" para migrantes da África.

Em resposta, Merkel pediu mais ação contra o ódio e a intolerância e, ao mesmo tempo, abordou a crescente polarização social e econômica.

"Nós sabemos que na Alemanha as pessoas têm preocupações, que as pessoas se sentem deixadas para trás, que o desenvolvimento entre a cidade e o país é muito diferente", acrescentou Merkel. "Nós precisamos encontrar respostas para isso."

"Todos os dias assistimos a ataques contra judeus, ataques contra estrangeiros, violência e discursos de ódio", sublinhou Merkel. "Nós temos que lutar contra isso. E podemos distribuir todo o dinheiro dos impostos para os projetos importantes que quisermos."

A chanceler federal alemã frisou ainda que "enquanto não estiver claro que neste país não há tolerância zero para o racismo, ódio e aversão a outras pessoas, uma coexistência adequada não é possível".

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