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Política

DW/Agências (ca)4 de março de 2009

Para desapontamento de parceiros internacionais, interesses domésticos começam a determinar política alemã na medida em que Angela Merkel se prepara para concorrer à reeleição em setembro próximo, comentam analistas.

Merkel: concentração em problemas internosFoto: DPA

Nas recentes pesquisas de opinião pública, a União Democrata Cristã (CDU), partido da premiê alemã, Angela Merkel, juntamente com seu parceiro preferido de coligação, o Partido Liberal Democrata, vêm apresentando uma sólida maioria. Na opinião de analistas, no entanto, a premiê é consciente de que, principalmente em épocas de turbulência econômica, a situação política é bastante volátil.

Especialistas afirmam que Merkel já está realinhando sua política governamental com vista à agenda doméstica. O exemplo mais recente aconteceu no último final de semana, quando a premiê liderou a oposição contra um planejado pacote de ajuda de 180 bilhões de euros para economias abaladas de países do Leste europeu, no encontro extraordinário de cúpula em Bruxelas.

Klaus-Peter Schoeppner, diretor do instituto de pesquisas de opinião Emnid, declarou que são imensas as preocupações da população alemã quanto aos seus empregos e suas perspectivas econômicas. "Nesse contexto, eu realmente não vejo nenhuma forma de Merkel explicar a seus eleitores que a Alemanha deve ajudar outros países, sejam eles ou não da zona do euro", acresceu Schoeppner.

Explicações difíceis

Merkel também não se pronunciou, na semana passada, quando lhe perguntaram se a Alemanha deveria ajudar países como a Irlanda, que foram particularmente afetados pela crise financeira global.

Wolfgang Nowak, diretor da Sociedade Alfred Herrhausen, o foro internacional do Deutsche Bank composto por personalidades de alto escalão das áreas de cultura, ciências, negócios e mídia, declarou também que será muito difícil, especialmente em um ano eleitoral, explicar a eleitores alemães que eles – ou melhor, seus filhos e netos – teriam que pagar pelas falhas de outros governos.

O dilema da Opel

Alguns especialistas estrangeiros afirmaram que a priorização da Alemanha por parte da política de Merkel poderia prejudicar a posição do país no exterior e, no final, acabar prejudicando a própria economia da Alemanha.

Merkel resistiu à ajuda a países do LesteFoto: AP

A Alemanha depende das exportações e a maioria de seus produtos é vendida na União Europeia (UE), sendo mais de 40% dentro da zona do euro. Simon Tilford, diretor do Centro de Reforma Europeia, afirmou que é preciso ser mais honesto quanto à dependência da Alemanha de outros países. "Se a crise se espalhasse em um país da zona do euro, o superávit da balança comercial alemã poderia desaparecer e a economia teria problemas piores do que os atuais".

Além do mais, mesmo em curto prazo, muitas vezes é difícil determinar que linha de ação seria de interesse nacional – o que ficou evidente no caso da Opel. A subsidiária da abalada empresa norte-americana GM gostaria de obter 3,3 bilhões de euros de ajuda do governo de Berlim em troca da garantia de segurança para os postos de trabalho de 26 mil empregados alemães da companhia.

No entanto, se o governo de Merkel concordar com tal ação de salvamento, isso poderá levar outras empresas a argumentar que também merecem ser ajudadas.

Preocupações domésticas influenciam relações exteriores

Segundo a agência de notícias Reuters, Merkel já sinalizou ao novo presidente norte-americano Barack Obama que fatores políticos domésticos a impedirão de atender pedidos da Otan de aumentar ainda mais o contingente de tropas no Afeganistão.

Preocupações domésticas também explicam a relutância de Merkel de aceitar prisioneiros de Guantánamo, mesmo que ela tenha sido uma das principais vozes a pedir o fechamento da prisão norte-americana em Cuba.

As relações da Alemanha com Varsóvia também foram abaladas nas últimas semanas, explicou a agência Reuters. Temendo uma represália de seu partido, a CDU, Merkel resistiu à pressão polonesa de retirar a candidatura da controversa presidente da Federação dos Desterrados Alemães, a conservadora Erika Steinbach, no conselho de um novo centro para desterrados da Segunda Guerra. Nesta quarta-feira (04/03), Steinbach anunciou por si mesma sua desistência.

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