Merkel quer fim da era do carbono na Alemanha até 2050
14 de maio de 2019
Líder alemã acena com adesão a metas climáticas ambiciosas estipuladas por outros países europeus sob a liderança do francês Macron e diz que protestos de estudantes pelo clima exercem pressão sobre líderes mundiais.
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A chanceler federal Angela Merkel sinalizou nesta terça-feira (14/05) que a Alemanha poderá se juntar a outros países europeus e aderir à meta de reduzir drasticamente as emissões de gases causadores do efeito estufa, de modo a atingir até 2050 a chamada "neutralidade climática".
A neutralidade climática, também chamada neutralidade de carbono, pode ser alcançada se as emissões de CO2 forem reduzidas ao mínimo e se as emissões remanescentes forem compensadas com medidas de proteção climática.
A iniciativa foi lançada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e outros oito governos europeus. Merkel disse que vai discutir a adesão alemã numa reunião com seu gabinete no final do mês.
"A discussão não deve ser sobre se podemos conseguir, mas sim, sobre de que modo poderemos conseguir", disse Merkel para os representantes de 35 países presentes na conferência Diálogo Petersberg sobre o Clima, que antecede a próxima conferência da ONU sobre o clima no Chile, em dezembro.
Caso uma "resposta sensata" seja encontrada para atingir essa meta, disse Merkel, a Alemanha deverá então apoiar iniciativas para que a União Europeia (UE) estabeleça uma meta de neutralidade climática até 2050.
A chanceler está sob pressão por parte de seus parceiros de coalizão do Partido Social-Democrata (SPD), para que o país consiga atingir a meta de reduzir as emissões em 40% em relação aos níveis de 1990 até 2020. Atualmente, a maior economia da Europa caminha para uma redução de 32%.
A Alemanha está atrás de outras nações europeias, como a França e o Reino Unido, nos esforços para reduzir as emissões. A própria Merkel alertou que o país deverá fracassar na tentativa de atingir suas metas para 2020.
"Se falharmos em proteger o clima, tendo em vista do crescimento populacional, o aumento nos conflitos é inevitável uma vez que os recursos se tornam escassos", afirmou. Ela apontou que os protestos realizados por estudantes contra a falta de ação dos líderes políticos em relação às mudanças climáticas demonstraram a importância do tema para os mais jovens.
Cientista estuda impacto das mudanças climáticas em anfíbios
04:15
A chanceler afirmou que as manifestações, que ganharam amplo destaque na imprensa e nas mídias sociais, aumentaram a pressão sobre os líderes mundiais. "A questão não é o quanto nos vai custar para atingir essas metas, mas, sim, quanto mais vai nos custar se nada fizermos."
Merkel ressaltou a estratégia da Alemanha para eliminar a utilização do carvão como fonte de energia até 2038. "Temos que ter aceitação social [para a eliminação do carvão], uma vez que uma mudança tem que ser feita", disse a chanceler. Ela anunciou que seu gabinete estabelecerá na próxima semana os pontos centrais para os bilhões de euros em ajuda que serão destinados para as estruturas iniciais visando as transformações pelas quais deverão passar as regiões produtoras de carvão.
O Diálogo Petersberg sobre o Clima foi criado em 2010 como uma tentativa de dar novos incentivos às negociações sobre questões climáticas, após o fracasso de uma conferência da ONU sobre o tema no ano anterior.
O evento em Berlim, coorganizado pelo governo do Chile, é parte das preparações para a próxima Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP-25, marcada para dezembro no país sul-americano.
RC/ap/dpa/rtr
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Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.