Partido da chanceler chama especialista para informar líderes da legenda sobre influência dos "bots" nos debates das redes sociais. Tecnologia foi usada para difundir notícias falsas na campanha presidencial dos EUA.
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Após a revelação de que as redes sociais ajudaram a difundir informações falsas e maliciosas nas vésperas da eleição presidencial dos Estados Unidos, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, espera conter o uso da tecnologia conhecida como bots sociais durante as eleições da Alemanha, em 2017.
A chanceler convidou o especialista Simon Hegelich, da Universidade Técnica de Munique, para informar a liderança de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), sobre os riscos da tecnologia, durante encontro partidário na próxima segunda-feira.
Os chamados bots – de robots, ou robôs – são contas falsas, controladas por computadores e usadas para difundir determinadas opiniões ou estimular tendências em redes sociais. Eles simulam o comportamento de pessoas, publicando mensagens ou "curtindo" postagens no Twitter e no Facebook. Eles podem ser usados para espalhar notícias falsas ou manipuladas e assim confundir o debate político. Na campanha eleitoral dos EUA, esses softwares foram usados a favor dos candidatos presidenciais Donald Trump e Hillary Clinton. Uma notícia falsa divulgada dizia, por exemplo, que o papa Francisco apoiava Trump.
Manipulação da verdade
Hegelich vai alertar os parlamentares de que a tecnologia pode ser usada contra os partidos alemães estabelecidos de modo semelhante ao que foi feito nos EUA, onde, segundo alguns especialistas, a proliferação de notícias falsas ajudou a influenciar a eleição a favor de Trump.
Em entrevista à emissora pública ZDF nesta quinta-feira (24/11), Hegelich disse que o impacto dos bots sociais sobre o processo democrático ainda precisa ser melhor pesquisado. Ele acredita que esse tipo de tecnologia pode ajudar quem tem opiniões extremistas e radicais a ofuscar vozes mais moderadas, criando uma imagem distorcida da realidade. "De repente, o quadro todo é distorcido, e a sociedade parece estar totalmente polarizada", afirmou Hegelich, referindo-se às possíveis consequências do uso dessa tecnologia.
Políticos alemães temem que o partido populista Alternativa para a Alemanha (AfD) possa se beneficiar do uso de "bots sociais" – mesmo que eles não sejam usados diretamente pelo partido. A AfD tem se destacado por uma forte ligação com seus seguidores através das redes sociais.
Alguns analistas acreditam que pode haver influência externa para tentar enfraquecer Merkel e seus aliados com a difusão de informações falsas sobre política de refugiados, imigração e ameaças de terrorismo.
As agências de inteligência dos EUA e da Alemanha expressaram preocupação com a interferência russa na política interna. Na campanha eleitoral dos EUA, histórias falsas e maliciosas também renderam lucros com publicidade aos sites que as publicaram.
Todos os partidos políticos alemães se comprometeram a não usar "bots sociais" para influenciar o resultado da eleição.
Controle das redes sociais
No domingo, Merkel anunciou que vai se candidatar a um quarto mandato como chanceler. Três dias depois, ela usou um discurso no Parlamento para pedir um debate sobre como notícias falsas podem manipular a opinião pública. "Precisamos lidar com esse fenômeno e, se necessário, regulá-lo", disse Merkel aos parlamentares na quarta-feira.
Merkel levantou a ideia de um código de conduta para as redes sociais, depois que, após as eleições americanas, o Facebook ter prometido tomar medidas para reduzir o número de falsos textos noticiosos compartilhados em sua plataforma.
Na ZDF, Hegelich elogiou Merkel, dizendo que ela está "realmente interessada no assunto dos bots e notícias falsas, do discurso do ódio na internet e está muito bem informada. Fiquei impressionado".
MD/rtr/epd
Destaques dos dez anos do Twitter
Para comemorar o 10º aniversário da rede social, escolhemos dez postagens de grande repercussão. Abordando de temas políticos a entretenimento, as mensagens curtas geraram enorme impacto na internet.
Foto: Reuters/S. Plunkett
O início
O cofundador e CEO do Twitter Jack Dorsey, ou simplesmente @jack, publicou a primeira postagem – ou "tweet" – na rede social no dia 21 de março de 2006, com as palavras just setting up my twttr ("apenas configurando meu Twitter").
Foto: Twitter/jack
A selfie mais viral de todos os tempos
Com mais de três milhões de compartilhamentos e vários artistas mundialmente famosos na foto, esta é a "selfie" de maior sucesso de todos os tempos. A apresentadora Ellen DeGeneres postou a imagem durante a cerimônia de entrega do Oscar de 2014, e ela rapidamente viralizou, ficando conhecida em todo o mundo.
Foto: Twitter/TheEllenShow
"Caramba, Daniel"
Os jovens californianos Daniel Lara (esq.) e Josh Holz rodaram a internet com um vídeo de 30 segundos em que Josh elogia as roupas de seu melhor amigo, exclamando "damn, Daniel" ("caramba, Daniel") em diversas ocasiões. O vídeo lhes rendeu um patrocínio de uma marca de roupas, e os sapatos ganhados foram doados a jovens pacientes de hospitais.
Foto: picture alliance/AP Images/E. Agostini
Injustiças expostas na internet
A hashtag #aufschrei ("grito de protesto", em alemão), inicialmente utilizada por mulheres que denunciavam sexismo e misoginia, se transformou num símbolo do feminismo. Recentemente, acabou se tornando uma forma de expressar alarme nas redes sociais sobre todo tipo de injustiças.
Foto: Twitter/FrankGaul/Valandir/OpferMissbrauch
"Mais quatro anos"
O presidente americano, Barack Obama, postou essa imagem com sua esposa, Michelle Obama, após ser reeleito para um segundo mandato, em novembro de 2012. "Mais quatro anos", afirma o "tweet" presidencial, que se tornou imensamente popular e teve quase 800 mil repostagens.
Foto: Twitter/BarackObama
#egypt
Durante as revoltas da Primavera Árabe, a hashtah #egypt (#egito) foi amplamente utilizada por cidadãos e repórteres que acompanhavam a queda do governo do Egito. O levante popular fez com que o ex-presidente Hosni Mubarak renunciasse ao cargo. As informações divulgadas através da rede social foram utilizadas por jornalistas em todo o mundo.
Foto: Twitter/LindaHemby/WomenWorldNews1/ayaelb
#jesuischarlie
O slogan Je Suis Charlie ("eu sou Charlie") foi usado como hashtag no Twitter para expressar compaixão para com as vítimas do ataque terrorista de 7 de janeiro de 2015 em Paris. No atentado, dois irmãos armados invadiram a sede do jornal satírico "Charlie Hebdo" e mataram 11 pessoas. Uma semana após o ataque, a hashtag havia aparecido 5 milhões de vezes na rede social.
Foto: DW/E. Servettaz
Dica de vencedora
A popstar americana Stefani Germanotta, mais conhecida como Lady Gaga, postou uma mensagem simples em 2011 que viralizou internacionalmente, dizendo apenas "never be afraid to dream" ("nunca tenha medo de sonhar"). Cinco anos depois, ela é uma das artistas mais populares em todo o mundo.
Foto: Getty Images/NBC Universal/P. Drinkwater
Direto do Maracanã
Após vencerem a final da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, os jogadores alemães Lukas Podolski e Bastian Schweinsteiger postaram essa selfie diretamente do estádio do Maracanã. Eles não apenas ganharam o torneio mais importante do futebol mundial, mas tiveram também seu tweet repostado 80 mil vezes.
Foto: picture alliance/augenklick/GES/M. Gilliar
Boas novas para a família real
O primogênito do Príncipe William e sua esposa Catherine nasceu no dia 22 de julho de 2013. O nascimento do bebê real George foi anunciado através do Twitter com uma frase pomposa: "Sua Majestade, a Duquesa de Cambridge, deu à luz com sucesso a um filho, às 04h24". A irmã de George, Charlotte, nasceu em 2015, se tornando o mais novo membro da família real britânica.