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Merkel teria dito a Johnson: acordo para Brexit é improvável

8 de outubro de 2019

Segundo fonte anônima de Londres, chanceler federal alemã exigiu "condições inaceitáveis" do premiê, tornando pacto "virtualmente impossível". Conselho Europeu condena "jogo de culpa" britânico.

Premiê Boris Johnson anda atrás de Angela Merkel, com olhar preocupado
Fonte do governo britânico: Merkel teria feito exigências inaceitáveis ao premiêJohnsonFoto: Getty Images/O. Messinger

Uma fonte do governo britânico relatou nesta terça-feira (08/10) que a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, teria dito em telefonema com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que um  acordo para o Brexit entre o Reino Unido e a UE

 seria "extremamente improvável", a não ser que seu governo aceitasse novas condições.

Como noticiaram as emissoras Skynews e BBC, a fonte de Downing Street (sede do governo britânico) alegou que Merkel deixou clara a improbabilidade do acordo e que "acredita que a União Europeia tenha poder de veto sobre a saída do Reino Unido da união alfandegária".

Ainda segundo a fonte não identificada, o posicionamento de Merkel torna um acordo "virtualmente impossível", e ela teria feito exigências inaceitáveis. Assim, se visão da chefe de governo relativa à questão da fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte

 – única divisa terrestre entre o Reino Unido e o bloco europeu – for a mesma adotada por Bruxelas, isso tornaria impossível o acordo. "Se isso representar uma nova posição estabelecida, então significará que o acordo é virtualmente impossível, não apenas agora, mas para sempre", afirmou.

A 23 dias da data oficial da saída do Reino Unido da UE, as incertezas prevalecem dos dois lados, enquanto britânicos e europeus se posicionam para tentar evitar um adiamento ou um caótico cenário pós-Brexit.

Um porta-voz do governo britânico confirmou ter recebido uma transcrição da conversa entre os dois líderes, mas que não a tornaria pública imediatamente. Em Berlim, o governo alemão confirmou o telefonema, mas se recusou a fornecer detalhes sobre o que chamou de "conversa confidencial". Segundo uma porta-voz da UE, Bruxelas ainda trabalha num acordo, e as conversas em nível técnico prosseguem.

"O que está em questão não é ganhar algum jogo bobo de atribuir culpa", advertiu no Twitter o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em mensagem direcionada a Johnson, "está em questão o futuro da Europa e do Reino Unido, assim como a segurança e os interesses dos nossos povos". "O senhor não quer um acordo, não quer uma extensão, não quer revogar... quo vadis?" ("Para onde vais?", em latim), questionou Tusk.

Também no Twitter, o ministro do Exterior da Irlanda, Simon Cobeny, comentou ser "difícil discordar" do comentário de Tusk, o qual "reflete a frustração dentro da UE e a enormidade do que está em jogo para todos nós".

Keir Starmer, porta-voz do Partido Trabalhista, acusou o governo de Johnson de tentar "sabotar as negociações sobre o Brexit" no episódio do telefonema com Merkel. A parlamentar trabalhista pró-UE Hilary Benn, defensora da legislação que impede o premiê a efetuar uma saída sem acordo, declarou à BBC que a declaração da fonte anônima de Downing Street tem como objetivo "culpar Merkel por algo que é de Boris Johnson".

Merkel se reuniu nesta terça-feira com o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, em Berlim, para discutir questões referentes ao Brexit. Ambos se abstiveram de comentar sobre as declarações da fonte de Downing Street. Em seguida, a chanceler federal se reúne com Tusk, enquanto Johnson se encontra com Sassoli em Londres.

O premiê britânico mantém a posição de que seu país deixará a União Europeia no dia 31 de outubro, com o sem acordo.

RC/rtr,dpa

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