Merkel trata de pandas e comércio com presidente chinês
5 de julho de 2017
Às vésperas de reunião do G20, chanceler federal alemã recebe Xi Jinping em Berlim. Líderes defendem aprofundamento das relações bilaterais e busca de resultado positivo em encontro das maiores economias do mundo.
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O presidente da China, Xi Jinping, foi recebido com honras militares em Berlim nesta quarta-feira (05/07) para uma breve, porém importante visita. A visita ocorre às vésperas da cúpula do G20 a ser realizada nesta sexta e sábado em Hamburgo, onde Merkel disse esperar difíceis negociações.
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, considerou o encontro com o colega chinês uma "boa oportunidade" para ampliar as relações entre ambos os países.
"O senhor é bem-vindo aqui nessa época de turbulências no mundo", disse Merkel ao líder chinês, num momento em que temas como a ameaça nuclear imposta pela Coreia do Norte poderão jogar uma sombra sobre encontro dos chefes de Estado e de governo das 20 maiores economias do mundo. A chanceler disse que China e Alemanha podem contribuir para "criar um mundo mais estável".
Diplomacia dos pandas
A agenda de Xi em Berlim incluiu uma visita dos dois líderes ao zoológico de Berlim para ver os ursos pandas Meng Meng e Jiao Qing, que chegaram da China há poucos dias. "Estou convencido de que esses dois pandas poderão se tornar novos embaixadores da nossa amizade", disse o presidente chinês.
Merkel e Xi se comprometeram a trabalhar em conjunto para superar divisões que emergiram recentemente na atual ordem mundial e tentar buscar um resultado positivo em Hamburgo.
"Espero que possamos superar as desavenças, ainda que eu não saiba como será o resultado final", afirmou Merkel. Xi, por sua vez, disse à chanceler que irá apoiar a Alemanha na busca de um desfecho positivo para a cúpula do G20.
Nova fase de cooperação
Após o encontro com o líder chinês, Merkel ressaltou que algumas das possibilidades de aprofundamento da cooperação entre os dois países seriam a luta internacional contra o terrorismo e iniciativas conjuntas na África e no Afeganistão.
Xi, por sua vez, afirmou esperar que a relação entre os dois países entre numa uma nova fase, voltada ao aprofundamento da parceria bilateral, o que incluiria colaborações em áreas de alta tecnologia, como o setor aeroespacial.
Merkel defendeu a abertura mútua dos mercados e a assinatura de um tratado de investimentos que poderá no futuro levar a um acordo de livre-comércio entre Alemanha e China. Berlim quer igualdade de tratamento no setor de negócios e no acesso ao mercado chinês, o que, segundo a chanceler, é fundamental para as empresas alemãs.
Motivos de preocupação
Merkel expressou preocupação com o tratamento dado por Pequim a empresas alemãs e os esforços do governo chinês para trabalhar individualmente com países europeus, de modo a viabilizar seus interesses econômicos. Merkel afirmou ainda que discutiu o tema sociedade civil com Xi e que precisa continuar havendo um diálogo sobre direitos humanos no país.
Projetos multibilionários chineses de infraestrutura e desenvolvimento, que se estendem pela Ásia, Europa e África, também são motivo de preocupação no continente europeu.
Pequim diz que almeja compartilhar crescimento e desenvolvimento e colaborar mais estreitamente com a União Europeia (UE) em "projetos concretos". As autoridades europeias, entretanto, demonstram preocupação com a obediência às regras de mercado e padrões internacionais por parte da China.
Merkel, porém, disse a Xi que a Alemanha vê com bons olhos essa iniciativa e gostaria de participar de tais projetos, "na esperança de que haja processos transparentes de licitação".
RC/dpa/dw
Merkel a caminho do quarto mandato
Quem poderia pensar? Vista como líder interina de seu partido após saída de Helmut Kohl, Merkel chefia a CDU desde 2000 e, há 11 anos, a Chancelaria Federal. Confira momentos de uma carreira que ainda não chegou ao fim.
Foto: Getty Images/C. Koall
Primeiro juramento
"Eu quero servir a Alemanha". A promessa foi feita por Angela Merkel no dia 22 de novembro de 2005, quando tomou posse como chanceler. Depois da vitória apertada nas eleições gerais, ela se tornou a primeira mulher e a primeira alemã da antiga parte oriental a ocupar o cargo. Merkel se tornou a chefe de governo, comandado pela grande coalizão formada entre os partidos CDU, CSU e SPD.
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Quem tem medo do cão de Putin?
Merkel é conhecida por sempre ser racional e se manter calma. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, quis aparentemente testar os nervos da chanceler quando a recebeu na residência presidencial em Sochi, em 2007. Putin conseguiu revelar o ponto fraco de Merkel: ela tem medo de cães. Isso não impediu que o presidente russo deixasse o labrador Koni farejar os sapatos da chanceler.
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Resgate financeiro
Em situações de crise, Merkel age com frieza. Quando os mercados financeiros entraram em colapso em 2008 e ameaçaram prejudicar a economia alemã, a chanceler se empenhou na proteção do euro e na criação de fundos de resgate para as economias mais fracas do bloco europeu. Ela se destacou como eficiente gestora de crises, mas não escapou de receber críticas de países como Grécia e Espanha.
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Caminho para o segundo mandato
Apesar do pior desempenho da aliança conservadora na história, Merkel venceu as eleições de 27 de setembro de 2009. Depois de se aliar ao Partido Social-Democrata (SPD), a chanceler estava pronta para iniciar o segundo mandato ao lado de outro parceiro, o Partido Liberal Democrático (FDP).
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Resposta rápida
Merkel que, como física, é conhecida por pensar de forma objetiva, não previu a catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão. Defensora da política nuclear na Alemanha, Merkel mudou de posição em tempo recorde. A extensão do prazo de funcionamento das usinas foi suspenso e a Alemanha iniciou o processo de colocar fim ao uso da energia nuclear.
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O homem ao seu lado
Quem o reconheceria? Quem conhece sua voz? Há dez anos, o marido de Merkel, Joachim Sauer, professor de Química da Universidade Humboldt, em Berlim, se mantém discreto. Eles estão casados desde 1998.
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Amizade em crise
As escutas de comunicações de políticos alemães por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA), dos Estados Unidos, abalaram as relações da Alemanha com a Casa Branca. Até o celular de Merkel foi alvo de espionagem. Uma frase da chanceler ficou famosa: "Não é aceitável que países amigos espiem uns aos outros".
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O paciente grego
O clube de fãs de Merkel é extenso, mas na Grécia é provavelmente menor. A hostilidade contra a chanceler alemã nunca foi tão grande como em 2014, no auge da crise da dívida grega. A imagem de velha inimiga ressurgiu, mas Merkel se manteve firme em relação à política de austeridade que previu cortes e reformas a serem cumpridos por Atenas.
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Emotiva, às vezes
Tipicamente reservada, Merkel quebrou os protocolos durante a final da Copa do Mundo de 2014 no Rio de Janeiro. A chanceler federal alemã celebrou a vitória da Alemanha sobre a Argentina ao lado do presidente alemão, Joachim Gauck. Ela estava no auge de sua popularidade, assim como a seleção vitoriosa.
Foto: imago/Action Pictures
"Nós podemos fazer isso!"
Para Merkel, o direito de asilo a refugiados não pode ser limitado. "Nós podemos fazer isso" se tornou o credo da chanceler sobre a política alemã de acolhida aos migrantes que fogem de guerras e perseguições. Se o país dará conta da enorme demanda, isso já é uma pergunta ainda em aberto.
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"E agora, Merkel?"
Sexta-feira 13 – um massacre em novembro. A França está em situação de emergência e Merkel ofereceu "toda a assistência" ao país vizinho. O medo do terrorismo se espalha. Não há dúvidas de que esse é o maior desafio de Merkel em dez anos no poder.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Barulho na coalizão
Foi o castigo máximo para a chanceler federal. No congresso da CSU, em novembro de 2015, Horst Seehofer a repreendeu. O líder da legenda-irmã do partido de Merkel na Baviera criticou que a política migratória da chefe alemã de governo fez com que o país perdesse o controle de suas próprias fronteiras. Uma humilhação que Merkel teve que suportar de pé e sem oportunidade de resposta.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Hoppe
Será que ele não poderia ficar?
Seria um alívio para Merkel continuar a lidar com Obama. Mas, no início, ela era bastante cética quanto a ele. O monitoramento do celular da chanceler federal, no contexto do escândalo de espionagem da NSA, parecia abonar a sua postura reservada. Mas, agora, um parceiro previsível sai de cena e dá lugar a Donald Trump. O jornal "New York Times" já a chama de "defensora do Ocidente liberal".
Foto: Reuters/F. Bensch
Merkel mais uma vez
Finalmente, após meses de intensas especulações em torno de sua candidatura à reeleição, Merkel confirma a sua intenção de concorrer a um quarto mandato. Durante entrevista coletiva em 20/11, ela diz à liderança de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), estar preparada para chefiar a legenda na eleição parlamentar alemã, prevista para setembro ou outubro de 2017.