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Merkel vai deixar política após atual legislatura

29 de outubro de 2018

Depois do desastre eleitoral em Hessen, chanceler federal decide não se recandidatar ao comando da CDU em dezembro. Merkel pretende, porém, continuar liderando o governo alemão até 2021, quando quer se aposentar.

Angela Merkel
Até então, Merkel defendia que chanceler deveria comandar também CDUFoto: Reuters/F. Bensch

Depois do desastre na eleição regional em Hessen, onde a União Democrata Cristã (CDU) perdeu mais de 11 pontos percentuais em relação ao pleito anterior, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, anunciou nesta segunda-feira (29/10) que vai deixar a política ao término da atual legislatura, previsto para 2021.

Merkel, de 64 anos, afirmou que não vai mais se candidatar à presidência do partido, que comanda há 18 anos. A eleição para a presidência da CDU está marcada para dezembro. Ela pretende, porém, continuar no cargo de chanceler federal, que ocupa há 13 anos.

Até então, Merkel sempre defendera que chanceler e presidente do partido deveriam ser a mesma pessoa e já havia declarado que concorreria novamente ao cargo no congresso nacional da legenda marcado para dezembro, em Hamburgo.

A pressão do partido sobre a chanceler, no entanto, aumentou com o resultado ruim na eleição regional em Hessen. A perda de eleitores é atribuída à insatisfação popular com a coalizão de governo da Alemanha, depois de meses de brigas políticas internas.

Os resultados na Baviera e em Hessen mostram que não se trata apenas de um problema de comunicação da coalizão de governo, disse Merkel. "A imagem que o governo passa é inaceitável, e é hora de abrir um novo capítulo." Ela lembrou que sua decisão "não tem paralelo na história da República Federal".

Merkel se esquivou de indicar um possível sucessor. Após o anúncio, o jurista Friedrich Merz, que entre 2000 e 2002 foi o líder da bancada conservadora no Bundestag (Parlamento alemão), se apresentou como candidato.

Também o ministro da Saúde, Jens Spahn, e a secretária-geral da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, querem concorrer à liderança partidária. Kramp-Karrenbauer é apontada como a protegida de Merkel dentro da CDU.

Neste domingo, os eleitores de Hessen garantiram uma votação recorde para o Partido Verde no estado alemão, com 19,8% dos votos, o mesmo percentual do Partido Social-Democrata (SPD), que despencou 10,9 pontos percentuais. A CDU ficou à frente, com 27% dos votos, mas 11,3 pontos percentuais abaixo do resultado da eleição anterior, de 2013.

Apesar das perdas, a CDU deve se manter à frente do governo de Hessen, provavelmente numa repetição da atual coalizão, com o Partido Verde. Juntos, os dois partidos tem 69 assentos. Os demais partidos têm 68. Uma segunda opção seria incluir também o Partido Liberal (FDP) no governo para aumentar a vantagem. Os liberais, que obtiveram 7,5% dos votos, já sinalizaram disposição para entrar no governo, e os verdes também se mostraram receptivos a essa opção.

Reações

Adversários políticos e correligionários elogiaram a líder da União Democrata Cristã (CDU).

A presidente do Partido Social-Democrata (SPD), Andrea Nahles, afirmou que a CDU tem muito a agradecer a Merkel e lembrou que ela assumiu a presidência do partido num momento de crise. "A CDU deve a ela um enorme agradecimento", afirmou.

A líder do SPD, que faz parte da atual coalizão de governo, disse ainda que Merkel estabeleceu um novo estilo de liderança e deseja uma boa cooperação com a CDU, mesmo após a saída da chanceler do seu comando.

O líder da bancada conservadora no Bundestag (Parlamento alemão), Ralph Brinkhaus, reiterou apoio à chanceler federal e destacou que os parlamentares da legenda farão de tudo para que governo de Merkel seja bem-sucedido.

A ala feminina do partido conservador exaltou Merkel com "um exemplo e um ícone" para mulheres do mundo todo. "Apoiamos com muito respeito e reconhecimento" a sua decisão, disse a presidente do grupo, Annette Widmann-Mauz, que destacou ainda que, como primeira mulher a comandar o partido, a chanceler trouxe mudanças para a sociedade.

O Partido Verde expressou respeito pela chanceler. "Ninguém deve esquecer que ela foi a primeira mulher a comandar a CDU, nesse ambiente tão dominado por homens", disse Annalena Baerbock, co-presidente da legenda. Apesar do elogio, a líder dos verdes criticou retrocessos na política climática e de refugiados sob o governo Merkel.

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