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Situação difícil

1 de agosto de 2011

Analistas acreditam que acordo entre republicanos e democratas possa evitar a moratória norte-americana, mas dizem que dificilmente o país escapará de perder a classificação AAA.

Republicanos e democratas chegaram a acordo no domingoFoto: picture-alliance/dpa

Apesar de presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter anunciado um acordo para aumentar o teto da dívida pública do país e com isso garantir que a maior economia do mundo não entre em default (moratória), analistas acreditam que a medida não será suficiente para evitar um inédito rebaixamento da avaliação de crédito norte-americana – atualmente classificada como AAA.

Mesmo sem declarar default, o que poderia trazer graves consequências para economias de todo o mundo, um rebaixamento da atual posição norte-americana poderia elevar fortemente os custos de empréstimo – fragilizando ainda mais a recuperação econômica do país.

Como reflexo do nervosismo do mercado, somado à divulgação de dados sobre a produção industrial norte-americana, as principais bolsas de todo o mundo registraram quedas expressivas nesta segunda-feira (01/08). "Os mercados não estão satisfeitos, eles acham que o acordo norte-americano é fundamentalmente fraco", avaliou Alberto Roldan, analista da Inverseguros Research.

EUA à beira do rebaixamento na classificação de créditoFoto: picture alliance/dpa

Segundo dados revelados sobre o plano, o teto da dívida pública norte-americana será expandido em pelo menos 2,2 trilhões de dólares, sendo que ao longo dos próximos 10 anos serão economizados 2,4 trilhões de dólares nos gastos públicos.

O teto deve ser ampliado imediatamente em 400 bilhões de dólares, e em mais 500 bilhões de dólares a partir de setembro. Quando for feita a promulgação de cortes mais profundos até o fim do ano, o teto será ampliado entre 1,2 e 1,5 trilhão.

Os cortes imediatos alcançariam 1 trilhão de dólares. A segunda parte das reduções com gastos deve ser definida por uma comissão especial formada pelos dois partidos norte-americanos. A proposta seria então votada até o fim do ano. A negociação prevê ainda que a maioria dos cortes só será aplicada em alguns anos, a fim de não prejudicar a economia dos EUA.

Cortes pequenos

"O acordo deveria evitar um desligamento do governo e um significante rebaixamento da classificação a curto prazo", afirmou Holger Schmiedling, do banco alemão Berenberg Bank, ressaltando que a medida pode ficar aquém da demanda da agência de classificação Standard & Poor. No mês passado, a agência havia alertado que reduziria a classificação de Washington caso não fosse adotado um plano confiável para reduzir as dívidas e os níveis de débito a longo prazo.

Obama teve que aceitar cortes mais profundos do que gostariaFoto: picture alliance/abaca

Alguns analistas econômicos afirmam que, apesar de parecer gigantesco em termos nominais, o valor dos cortes é modesto quando se avalia que serão feitos ao longo de dez anos e também comparados ao potencial da economia norte-americana. Schmieding estima que para o primeiro ano o corte não deva atingir 0,2% do Produto Interno Bruto.

Republicanos e democratas travaram duros debates até chegarem a um acordo. O presidente Obama teve que aceitar cortes mais profundos do que ele esperava e terá que defendê-los diante de sua base liberal em sua campanha para a reeleição no ano que vem.

No entanto, um ponto chave da proposta agrada o presidente: o teto da dívida chega ao máximo em 2013, o que significa que Obama não passará por um confronto semelhante ao de agora durante a campanha presidencial. "Isso garante que não vamos ter que enfrentar o mesmo tipo de crise novamente em seis, oito ou 12 meses", afirmou Obama em seu pronunciamento.

O presidente norte-americano também admitiu que o acordo sobre a dívida pública não é o ideal, mais vai "permitir evitar o default e encerrar a crise que Washington impôs aos Estados Unidos."

MS/afp/rts/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer

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