Metade das mulheres britânicas já sofreu assédio no trabalho
10 de agosto de 2016
Abusos incluem piadas, comentários sobre o corpo e contato físico e são em grande parte cometidos por superiores. Maioria das vítimas não denuncia incidentes por vergonha ou temores em relação à carreira.
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No Reino Unido, 52% das mulheres afirmam já terem sido vítimas de assédio sexual no ambiente de trabalho, segundo uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (10/08). A maioria admite não ter denunciado os incidentes, que incluem piadas sexistas, comentários sobre o corpo e contato físico inapropriado.
Quase 20% das mulheres que sofreram assédio disseram que ele foi cometido por seu superior direto, aponta o estudo, elaborado pela federação de sindicatos britânicos Trades Union Congress (TUC) e do qual 1.500 mulheres participaram.
Quase 80% das mulheres disse não ter denunciado os incidentes por sentir vergonha ou temer não ser levada a sério ou que a denúncia pudesse atrapalhar a carreira.
As mulheres entre 16 e 24 anos de idade são particularmente afetadas. Entre elas, dois terços afirmam já ter sofrido assédio no ambiente de trabalho.
De piadas a estupro
Segundo o estudo, um terço das mulheres entrevistadas disse já ter sido submetida a piadas inadequadas, e uma em cada quatro já foi objeto de comentários de caráter sexual, relacionados ao corpo e à roupa.
Um quarto também já foi tocada contra a vontade em lugares como o joelho ou na parte inferior das costas, por exemplo. Cerca de uma em cada oito mulheres disse ter sido vítima de contato físico nos seios, nas nádegas ou nas genitais ou de uma tentativa de beijo no local de trabalho. Estupro ou abuso sexual grave foram relatados por 1% das entrevistadas.
"Os números são chocantes e deveriam ser um sinal de alerta. O assédio sexual ainda é um problema muito grande para as mulheres no local de trabalho", disse Alice Hood, diretora de igualdade no TUC.
"O assédio sexual é humilhante e pode ter um enorme efeito sobre a saúde mental. As vítimas frequentemente se sentem envergonhadas e assustadas, e [esta prática] não tem cabimento nos ambientes de trabalho modernos nem na sociedade como um todo", considerou a secretária-geral do TUC, Frances O'Grady.
Ela afirmou que os empregadores devem ser claros na hora de defender uma atitude de tolerância zero perante o assédio sexual e abordar o assunto com seriedade.
LPF/rtr/efe/ots
Mulheres que sobreviveram ao ácido
A fotógrafa alemã Ann-Christine Woehrl retratou mulheres de vários países que foram vítimas de ataques com ácido ou com fogo. E descobriu nelas uma força incomum.
Foto: DW/M. Griebeler
Farida, de Bangladesh
O marido de Farida era viciado em drogas e no jogo. Ele perdeu tanto dinheiro que teve que vender a casa. Farida ameaçou deixá-lo. Nessa noite, enquanto ela dormia, ele derramou ácido sobre ela e trancou a porta com duas fechaduras. Ela gritou tão alto que os vizinhos vieram correndo. Eles tiveram que arrombar a porta.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Cicatrizes que ficam
Quando isso aconteceu, Farida tinha 24 anos. Desde então ela foi operada 17 vezes. Para manter as cicatrizes flexíveis, a mãe dela massageia regularmente as lesões. Farida mora com a irmã em Manigkanj, em Bangladesh. Ela não tem mais uma casa dela.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Flavia, de Uganda
Em 2009, Flavia foi atacada por um estranho em frente à casa dos pais. Ela não sabe até hoje quem ele era. Mas decidiu: a vida continua. Nesta foto, ela se arruma antes de ir para uma aula de salsa.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Apoio da família e amigos
Antes ela não saia de casa, mas agora dança uma vez por semana – e não dá tempo nem de recuperar o fôlego, pois é frequentemente convidada para dançar pelos homens. O que a ajudou muito foi o apoio da família e dos melhores amigos.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Neehari, da Índia
A indiana Neehari tentou, aos 19 anos, por desespero, tirar a própria vida. O marido a agredia física e emocionalmente.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Uma nova beleza
Neehari penteia o cabelo no quarto dos pais, onde ela pôs fogo em si mesma. Foi o último, o 49° palito de fósforo, que finalmente acendeu. Hoje ela tem coragem, uma tatuagem e sua própria organização, "Beleza das Mulheres Queimadas".
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Nusrat, do Paquistão
A paquistanesa Nusrat foi ataca com ácido pelo marido e pelo cunhado – e sobreviveu. Em seu quarto, ela termina de se arrumar para sair de casa. "Eu conheci muitas mulheres que realmente sabem usar o delineador com cuidado", comenta a fotógrafa Ann-Christine Woehrl.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Esperança à vista
Durante o ataque com ácido, Nusrat perdeu muito cabelo. Nesta foto, ela está em uma consulta médica. O médico a informa sobre os próximos passos. O primeiro transplante de cabelos já foi feito.
Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency
Entre amigos
Num encontro da Fundação para Sobreviventes de Ácidos, Nusrat tem a oportunidade de manter contato com outras mulheres. Aqui estão pessoas que entendem umas às outras. E todas percebem que não estão sozinhas.