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Metade dos brasileiros não tem ensino médio

11 de setembro de 2018

Relatório da OCDE aponta que metade dos brasileiros entre 25 e 64 anos não tem diploma de ensino médio e que há elevadas desigualdades regionais e de gênero no acesso à educação.

Segundo a organização, 69% dos brasileiros com idades entre 15 e 19 está estudandoFoto: picture-alliance/dpa

Apesar dos elevados gastos públicos em educação, o Brasil é um dos países com maior número de adultos que não concluíram o ensino médio entre os membros e parceiros da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).

Cerca de metade dos brasileiros (52%) entre 25 e 64 anos não tem o ensino médio completo, afirma o relatório Um olhar sobre a educação, divulgado nesta terça-feira (11/09) pela OCDE. A organização afirma que o país também é um dos que têm o maior número de adultos sem formação superior.

Em paralelo, trata-se de uma das nações com a maior desigualdade de renda entre países-membros e associados da OCDE, que coletou dados sobre educação nos 35 países que integram a organização, em dois (Brasil e Rússia) que participam do seu programa de Indicadores de Sistemas Educacionais (sigla em inglês INES) e de outros países do G20 que são ou associados ou pleiteiam integrar a organização futuramente.

O Brasil também registra elevadas desigualdades regionais e de gênero entre o número de jovens adultos que concluem o ensino médio. Enquanto a taxa desses alunos chega a 33% no Distrito Federal, ela é de menos de 8% no Maranhão, por exemplo. Da mesma forma, enquanto 41% dos homens entre 25 e 34 anos não teve acesso ao ensino médio, essa percentagem é de 32% entre as mulheres da mesma idade.

"Na maioria dos países há um percentual maior de homens jovens do que de mulheres jovens sem qualificação do ensino médio. As disparidades de gênero são, geralmente, maiores em países onde o percentual de jovens adultos sem educação secundária é alta", afirma o relatório de mais de 450 páginas.

No ensino superior, a OCDE destacou que, nos países analisados, 50% das mulheres entre 25 e 34 anos tiveram acesso a estudos universitários em 2017, ante 38% há dez anos. Os homens passaram de 30% para 38%.

Porém, a inserção feminina no mercado de trabalho é, em geral, menor do que a dos homens. No caso deles, 89% dos que têm diploma universitário nos países e associados da OCDE trabalham. Entre as mulheres, o percentual é de 80%.

A disparidade de gêneros também continua na renda, diz a OCDE. "Há uma alta variação no nível de remuneração de mulheres que trabalham em tempo integral em comparação com os homens. Mulheres com educação superior ganham 65% do salário dos homens no Brasil, no Chile e em Israel", diz o relatório, que mostra que a Costa Rica é o país onde os salários entre homens e mulheres se aproximam mais, mas as mulheres ainda ganham 7% menos.

Apesar disso, a publicação relata avanços no âmbito da educação na primeira infância no Brasil: quase um quarto das crianças menores de 3 anos estão matriculadas em creches, uma média próxima à dos países da OCDE e superior à da maioria dos países da América Latina.

Segundo o relatório, também aumentaram significativamente as taxas de crianças de 3 anos (62%) e a de 4 anos (90%), enquanto o acesso à educação pré-escolar e primária é quase universal: 97% das crianças de 5 anos estão matriculadas, e 100% das de 6 anos, diz a publicação da OCDE.

Por outro lado, as taxas de matrícula diminuem "drasticamente" depois dos 14 anos, já que apenas 69% dos brasileiros com idades entre 15 e 19 estuda, um percentual que cai para 29% entre os que têm entre 20 e 24 anos.

Esses números são muito inferiores aos dos membros e associados da OCDE, onde a matrícula de adolescentes entre 15 e 19 anos chega a 85%, e a dos jovens adultos entre 20 e 24 é de 42%. "A queda nas matrículas entre as idades de 17 e 18 anos é de pelo menos 25 pontos percentuais no Brasil, no Chile, na Grécia, na Coreia do Sul, na Nova Zelândia e na Turquia", diz o texto.

O relatório da OCDE mostra ainda que 14% dos alunos matriculados no último ano do ensino fundamental têm mais de dois anos da idade indicada para esse nível de estudo – uma proporção muito acima da média de 2% dos países da OCDE.

Quanto à educação superior, a taxa de alunos que se formaram pela primeira vez no ensino superior no Brasil em 2017, de 17%, é muito inferior à média da OCDE (44%). Mesmo assim, o país registrou um aumento de sete pontos percentuais nesse contexto desde 2007, quando tinha 10% de formandos nas universidades.

Entre as áreas de estudo mais populares no Brasil estão economia, administração e direito (36% dos graduados), seguidas de pedagogia (20%), mas há baixa aderência nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (17%), aponta a OCDE, que considera estas estratégicas para o impacto no mercado de trabalho e na sociedade após o término dos estudos.

Os resultados, porém, não parecem refletir o investimento avaliado pela OCDE do Brasil em educação. Segundo o relatório, o país investe uma proporção relativamente alta do Produto Interno Bruto (PIB) no setor. Em 2015, o governo brasileiro aplicou 0,7% do PIB em educação infantil (em 2010 foram 0,4%). A média da OCDE é de 0,8%.

No mesmo período, o Brasil investiu 5,5% do PIB em todos os níveis educacionais, superando a média da OCDE, de 4,5%. Mas o gasto por aluno, de 3.800 dólares por ano, foi um dos mais baixos entre os países listados na organização.

A aplicação de recursos no setor, porém, caiu: segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), citado pela Agência Brasil, o investimento público em educação no Brasil era equivalente a 6% do PIB em 2014.

O Plano Nacional de Educação quer investir anualmente pelo menos 10% do PIB na educação pública a partir de 2024. De acordo com o Inep, será preciso aumentar em cerca de R$ 120 bilhões o investimento em educação pública para atingir a meta do plano para 2019.

RK/efe/abr

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