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Metade dos homicídios no Brasil ocorre em 2% dos municípios

6 de agosto de 2019

Quase 33 mil assassinatos foram registrados em 120 cidades, aponta Atlas da Violência. Dos 20 municípios mais violentos, 18 ficam no Norte e Nordeste. Estudo mostra ainda salto na taxa de homicídios do país em dez anos.

Cartuchos na rua
Estudo mostra que criminalidade está relacionada a baixos índices de educação e empregoFoto: Getty Images/Y. Chiba

A metade dos 65.602 homicídios cometidos no Brasil em 2017 ocorreu em apenas 2,1% dos municípios do país, segundo um relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 120 cidades, que concentram 39,7% da população brasileira, foram registrados 32.801 assassinatos naquele ano.

De acordo com o Atlas da Violência 2019 – Retratos dos Municípios, a média da taxa de homicídios entre os estados brasileiros aumentou nos últimos dez anos, passando de 30 para 41 por 100 mil habitantes entre 2007 e 2017.

O estudo divulgado pelo Ipea nesta segunda-feira (05/08) indica uma interiorização do crime e um aumento de mortes em cidades ao longo da rota do tráfico de drogas nas regiões Norte e Nordeste.

Segundo o documento, a cidade mais violenta do país é Maracanaú, no Ceará, com uma taxa de 145,7 homicídios por 100 mil habitantes. Em 2017, 308 pessoas foram mortas no munícipio, que faz parte da região metropolitana de Fortaleza.

A segunda cidade mais violenta, com uma taxa de 133,7 homicídios por 100 mil habitantes, é Altamira, no Pará, onde ocorreu na semana passada um massacre que deixou quase 60 mortos num presídio.

Em terceiro lugar aparece São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, com 131,2 homicídios por 100 mil habitantes. O estudo revelou que 18 dos 20 munícipios mais violentos estão nas regiões Norte e Nordeste.

O atlas destaca que os municípios mais violentos são também aqueles que têm os piores índices de educação, desenvolvimento infantil e mercado de trabalho. O estudo mostra ainda que as cidades mais violentas têm 15 vezes mais mortes do que as que registraram as menores taxas de assassinatos.

"Em termos proporcionais, a diferença entre os municípios mais e menos violentos corresponde à diferença entre taxas [de homicídios] do Brasil e da Europa", ressaltou Daniel Cerqueira, coordenador do Atlas da Violência.

Segundo o relatório, as cidades menos violentas têm indicadores de desenvolvimento humano semelhantes aos dos países desenvolvidos. Os três municípios menos violentos do país ficam em São Paulo: Jaú, em primeiro lugar, teve uma taxa de 2,7 homicídios por 100 mil habitantes em 2017, seguido de Indaiatuba e Valinhos, com 3,5 e 4,7, respectivamente.

Embora a taxa média de homicídios tenha aumentado no país, o estudo revelou a diminuição da criminalidade em algumas cidades.

Pesquisadores registraram ainda a diminuição de assassinatos em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e indicaram como fatores responsáveis por essa redução a boa organização policial e a investigação com solução dos casos, tendo sido registrados nesses estados os maiores índices do país nesse quesito.

Por fim, o estudo aponta como fundamentais para a diminuição das taxas de homicídio no país os investimentos em educação, na qualificação do trabalho policial, principalmente em inteligência e investigação efetiva, e na melhoria do sistema carcerário, além de mudanças na política criminal.

"Há luz no final do túnel para dias com mais paz no Brasil, e a luz passa por políticas focalizadas em territórios vulneráveis. Quando essas políticas são feitas e concatenadas com a política de qualificação do trabalho policial, com inteligência e boa investigação, se consegue, a curto prazo, diminuir os homicídios no país", afirma Cerqueira.

CN/ots

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