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Metas climáticas estão aquém do esperado

Hilke Fischer (md)9 de outubro de 2015

Compromissos assumidos por 146 países não devem ser suficientes para manter o aquecimento global abaixo dos dois graus. Especialistas propõem que compromissos sejam revisados antes da próxima conferência sobre o clima.

Foto: Getty Images/AFP/D. Chowdury

Em menos de oito semanas, representantes de 195 países se reunirão em Paris para decidir sobre o futuro do clima global. No dia 1° de outubro, expirou um prazo informal para que todos os Estados que aderiram à "Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima" (UNFCCC) apresentem suas metas para 2025 e 2030. Até agora, 146 nações apresentaram seus planos de contribuição nacional, os chamados INDCs.

"São muitos países, com uma diversificação geográfica alta", diz Nick Nuttall, porta-voz da UNFCCC. "Entre eles, estão todos os países industrializados e os principais países em desenvolvimento. Mesmo que agora sejam apresentados mais INDCs, isso não vai fazer muita diferença."

Os pesquisadores acreditam que os piores efeitos da mudança climática só podem ser evitados se a Terra se aquecer menos de dois graus Celsius. No entanto, os INDCs apresentados até agora não conseguem ficar abaixo deste limite.

Se todos eles forem implementados, a temperatura ainda aumentaria 2,7 graus, em comparação com os tempos pré-industriais, segundo cálculos dos pesquisadores da Clima Action Tracker (CAT). CAT é uma análise independente, criada por quatro institutos de pesquisa, que investiga os compromissos voluntários dos países em relação à proteção do clima.

Especialistas pedem revisão dos INDCs

"Todos os governos precisam rever os seus próprios compromissos novamente", reivindica Louise Jeffery, pesquisadora do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto sobre o Clima e que está ligada ao CAT. "Se os países entregarem antes da Conferência sobre Mudança Climática INDCs revistos, se comprometendo a reduzir ainda mais as emissões de poluentes, então isso ajudaria a fechar um acordo climático mais forte", avalia.

Usina de carvão alemã: modalidade energética pode impedir Alemanha de alcançar metas climáticasFoto: Imago/H.-G. Oed

A maioria das estratégias climáticas avaliadas pela CAT recebeu o título de "regular" ou "insuficiente". A Índia, por exemplo, ficou entre os últimos países a entregarem seus INDCs – e o país é um dos mais importantes em termos de futuras emissões de CO2. A economia emergente pretende reduzir suas emissões em um terço até 2030 – no entanto, em dependência de seu crescimento econômico. Então, se o PIB indiano se duplicar nos próximos anos, a Índia também poderá emitir duas vezes mais poluentes na atmosfera – subtraindo-se a redução pretendida.

A União Europeia também levou nota "regular" por seu INDC. Embora a Alemanha tenha metas climáticas bastante ambiciosas: até 2020, o país pretende reduzir suas emissões de gases de efeito de estufa em 40%.

Mas ainda há uma "brecha" climática que pesa aproximadamente 90 milhões de toneladas de CO2, de acordo com estimativas do governo alemão. "Sem medidas adicionais, vamos acabar em entre 32% e 35% de redução", diz, em entrevista à DW, Christian Hey, secretário-geral do Conselho do Ambiente, um órgão científico que dá consultoria ao governo alemão.

Meta alemã de colocar nas ruas 1 milhão de veículos movidos a eletricidade até 2020 não deve ser alcançadaFoto: dapd

Por isso, em março o ministro alemão da Economia, Sigmar Gabriel, havia sugerido a introdução de uma taxa para o clima, a ser cobrada de usinas de carvão, proposta que foi retirada logo depois, por pressão de lobby.

A meta de ter um milhão de carros elétricos nas ruas alemãs até 2020 também parece difícil de alcançar. Em maio de 2015, eles eram aproximadamente 22 mil. A eles, devem ser adicionados mais de 120 mil dos chamados híbridos plug-in, que têm também um motor de combustão interna, além do elétrico.

"O programa do clima continua se baseando no princípio da esperança e ainda não em medidas que realmente sejam alcançadas de forma eficaz", avalia Hey.

Boa vontade

"Para que as declarações de intenção se transformem em progressos mensuráveis, os INDCs devem ser apoiados por mecanismos de longo prazo após a Conferência de Paris sobre a Mudança Climática", pede a pesquisadora Louise Jeffery. "Por exemplo, analisando-se os progressos das metas climáticas, em de encontros a cada cinco anos", propõe.

Ela acredita que as medidas de proteção climáticas planejadas devam ser ajustadas de acordo com as análises, para ainda tentar fazer com que o aquecimento global fique abaixo do limite dos dois graus.

"Além disso, deve ser assegurado em Paris que países em desenvolvimento e emergentes recebam o apoio financeiro adequado para implementarem suas metas climáticas", diz o porta-voz da UNFCCC, Nick Nuttall. "No que toca nossas ambições, os INDCs não são o fim da história, mas o fundamento sobre o qual todas as novas medidas são baseadas."

Na Conferência para Mudança Climática da ONU deste ano, os países participantes devem, sobretudo, se comprometer com regras vinculativas de emissões de CO2. Os críticos frequentemente têm observado que, de outra forma, a implementação de estratégias nacionais de proteção climática ficam dependentes da boa vontade dos governos.

A meta alemã de 40% também não é juridicamente vinculativa, mas um compromisso político. Mas Angela Merkel tem uma reputação internacional de ser a chanceler do clima – e existe muita coisa em jogo, se esta meta não for alcançada.

"É claro que a credibilidade da Alemanha ficaria bastante arranhada, como um país pioneiro da proteção do clima", acredita Christian Hey, secretário-geral do Conselho do Ambiente. "E isso não significa nada mais do que arranhar a credibilidade de um motor nas negociações internacionais. E isso prejudica, em última análise, o clima internacional."

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